Após dois meses do fim da quadra chuvosa, que ocorre entre fevereiro e maio, o volume total dos açudes do Ceará tiveram uma queda de apenas 2%, de acordo com dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Os números passaram de 56,9%, no fim da quadra, para 54,6% da capacidade hídrica, no fim de julho.
"Graças às boas chuvas ocorridas no ano de 2024, nós terminamos a nossa quadra chuvosa com aproximadamente 57% de acumulação da capacidade hídrica do Estado do Ceará. Isso é algo em torno de 10,54 bilhões de metros cúbicos (m³) acumulados", destaca Tércio Tavares, diretor de operações da Cogerh.
A diminuição de 2%, de acordo com ele, aconteceu tanto pela evaporação quanto pela utilização das águas. O diretor ainda ressalta que a acumulação deste ano foi aproximadamente 25% acima da média histórica registrada pela Companhia. “Nós distribuímos essas chuvas pelas nossas bacias hidrográficas e percebemos que as bacias mais ao norte, mais próximas do oceano, tiveram uma acumulação melhor. Elas têm 84,51%."
"Já aquelas bacias mais ao centro do Estado do Ceará, aquelas que historicamente são mais difíceis de fazer uma acumulação de água, nós temos 33,97%. As bacias mais ao sul estão em uma situação intermediária, 65,9% de acumulação", continua.
Os maiores açudes do estado, Castanhão, Orós e Banabuiú, estão com 36,33%, 74% e 42,86%, respectivamente. Além disso, nos últimos cinco anos a região metropolitana, que tem 98,7% de acumulação, não precisou fazer adução de água do Castanhão, em razão das boas chuvas.
"O Estado do Ceará é marcado historicamente por regiões com baixa precipitação. Isso requer um esforço maior e uma atenção para aqueles municípios que não tiveram boa acumulação hídrica e que, normalmente, os reservatórios deverão secar agora no segundo semestre, precisando de uma adução de água. [As cidades] Quiterianópolis e Ibicuitinga demandam [mais atenção]", pontua Tércio.
A quadra chuvosa marca os quatro meses que mais chove no Ceará: fevereiro, março, abril e maio. Justamente por isso, recebe esse nome: quadra.
De acordo com Vinicius Oliveira, meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), os meses têm os maiores registros de precipitação por causa da atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
"[A ZCIT] Está mais ao sul da sua posição climatológica neste período. Ela é o principal sistema condutor e causador de chuvas não só no Ceará, mas também [em outros] estados do Norte e Nordeste. Tem anos que ela atua mais, tem anos que atua menos. Por isso às vezes é abaixo ou acima da média", explica.
Neste ano, o Ceará registrou 754.4 milímetros (mm) de chuva, segundo dados da Funceme. O número marca o maior acumulado dos últimos 15 anos. Fica atrás apenas do ano de 2009, quando a região registrou 966.7 mm no período.