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Seis pessoas são infectadas pelo vírus HIV após transplante de órgãos no Rio
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Seis pessoas são infectadas pelo vírus HIV após transplante de órgãos no Rio

Pacientes haviam testado negativo para o vírus antes do transplante e tiveram doença detectada após procedimento cirúrgico. Laboratório responsável pelos testes foi interditado e número de infecções pode chegar a 600. MPRJ investiga o caso
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Imagem de apoio. Laboratório particular de Nova Iguaçu (RJ) é acusado de apontar falso negativo em resultado de testes de HIV, nos órgãos transplantados para seis pacientes (Foto: ILONA SHOROKHOVA/ FREEPIK)
Foto: ILONA SHOROKHOVA/ FREEPIK Imagem de apoio. Laboratório particular de Nova Iguaçu (RJ) é acusado de apontar falso negativo em resultado de testes de HIV, nos órgãos transplantados para seis pacientes

Ao  menos seis pessoas que estiveram na fila de transplantes do Rio de Janeiro foram infectadas com HIV, após receberem órgãos de doadores com o vírus. Os casos foram identificados entre os dias 13 de setembro e 2 de outubro, após denúncias acerca do laboratório responsável pelos testes. Um dos pacientes morreu dois dias após o procedimento cirúrgico. As informações foram confirmadas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). 

Conforme noticiado pela rádio BandNews FM, na manhã dessa sexta-feira, 11, os pacientes receberam órgãos de dois doadores mortos, que cederam rins, fígados, córneas entre outras partes do corpo. Todas as estruturas foram testadas em um laboratório particular localizado no município de Nova Iguaçu, o PCS Lab, e deram falso negativo para o vírus. O laboratório foi suspenso e os exames passaram a ser feito pelo Hemocentro do Rio (Hemorio) O caso é inédito em seis décadas de transplantes de órgãos no Brasil.

As primeiras suspeitas surgiram no dia 10 de setembro, quando um paciente que recebeu um coração transplantado de um dos doadores teve um mal-estar e se dirigiu a um hospital. Na unidade de saúde, o homem recebeu um laudo que o apontava como soropositivo, mesmo tendo testado negativo para o HIV antes do transplante.

Um segundo teste foi realizado no Hemocentro do Rio, desta vez não no paciente, mas sim em uma amostra do coração que ficou resguardada no hospital, procedimento padrão nos transplantes de órgãos. O resultado apontou que o sistema cardiovascular do doador estava contaminado pelo vírus da aids.

Um terceiro teste ainda foi realizado na Fiocruz e confirmou o diagnóstico de soropositivo recebido pelo transplantado.

Quatro pessoas receberam órgãos deste doador, entre elas a vítima que morreu. Ainda não há confirmação se a morte foi causada pela infecção. Três transplantados que receberam partes do corpo contaminado e já atestaram a infecção.

Um segundo caso foi registrado no dia 2 de outubro, quando mais uma paciente apresentou mal-estar depois de receber órgãos testados pelo PCS Lab. A suspeita era de que ela havia recebido órgãos do mesmo corpo infectado, entretanto, foi confirmado que este se tratava de um novo doador com falso negativo para HIV.

Laboratório foi suspenso após investigação

A partir das denúncias, uma investigação foi iniciada pela Secretaria da Saúde do Estado do Rio de Janeiro (SES), que entrou em contato com mais pacientes transplantados. Outros 286 doadores do laboratório também estão sendo novamente testados, com possibilidade de até 600 infecções através de procedimentos cirúrgicos.

O PCS Lab foi alvo de investigação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na qual foram encontradas diversas irregularidades, como a ausência de kits para transplantes. Uma sindicância foi instaurada na Secretaria da Saúde do Rio para apurar as falhas do laboratório e dimensionar os prejuízos gerados aos pacientes. O prazo de conclusão da investigação é 7 de novembro.

Atuante no Rio de Janeiro desde 2021, o PCS possuía contratos com a Prefeitura de Nova Iguaçu desde dezembro do ano passado e teve as atividades temporariamente suspensas. A licitação para a prestação de serviços em transplantes foi realizada pela Fundação Saúde do Estado no valor de R$ 11 milhões e também será analisada.

Em entrevista à BandNews FM, a secretária estadual da Saúde do Rio, Cláudia Maria Braga de Mello, afirmou que os transplantes seguem sendo realizados em todo o Rio de Janeiro, com exames conduzidos pelo Hemocentro carioca.

“A gente não interrompeu [os transplantes] em momento algum. No mesmo dia da notificação, dia 13 de setembro, houve uma mudança para a realização [dos exames] no Hemorio. Nunca parou porque a gente tem certeza de que o nosso sistema de transplantes no Brasil é um sistema íntegro e de confiança”, pontuou a titular à emissora.

MPRJ abre inquérito civil para investigar irregularidades

Procurado pelo O POVO, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) disse, em nota, que "instaurou um inquérito civil para investigar as irregularidades noticiadas no programa de transplantes do Estado do Rio de Janeiro, após tomar conhecimento de eventos adversos". O procedimento é conduzido pela 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Capital.

O órgão informa que o procedimento está sob sigilo, em razão do envolvimento de dados sensíveis dos pacientes. "Assim que houver medidas a serem adotadas pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), as informações pertinentes serão repassadas à Secretaria de Saúde e à sociedade".

O MPRJ ressalta que está à disposição para ouvir as famílias afetadas, receber denúncias de quem se sentir lesado e prestar atendimento individualizado às partes envolvidas.

A Secretaria da Saúde do Rio e o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) informaram que abriram sindicâncias para identificar e punir os responsáveis. “A situação é gravíssima e o Cremerj reafirma seu compromisso de apurar os fatos com todo o rigor. A segurança dos pacientes é fundamental para garantir o bom exercício da medicina no estado do Rio de Janeiro e supostas falhas desse tipo são inaceitáveis”, disse na nota o presidente do Cremerj, Walter Palis. (Com Agência Brasil)

 

 

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