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Colégio do Seminário Seráfico de Fortaleza será fechado
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Colégio do Seminário Seráfico de Fortaleza será fechado

Decisão tem base em questões fijnanceiras. Local deverá ser uma escola de tempo integral da rede de ensino estadual
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 O Colégio do Seminário Seráfico, em Messejana, anuncia o encerramento das atividades escolares (Foto: Samuel Setubal/ O Povo) (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal O Colégio do Seminário Seráfico, em Messejana, anuncia o encerramento das atividades escolares (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)

Inaugurado em 1934, o Seminário Seráfico de Fortaleza celebra 90 anos de história. Parte dessa memória, o Colégio Seráfico Nossa Senhora do Brasil, que passou a ser administrado pelos frades capuchinos a partir de 1988, anunciou o encerramento das atividades educativas na sede de Messejana, em Fortaleza, a partir do dia 20 de dezembro. O local deverá ser uma escola de tempo integral da rede de ensino estadual. 

O Colégio, que acolhe 286 estudantes do ensino infantil ao ensino médio, fechará as portas após o fim do calendário escolar de 2024. No dia 29 de novembro, a partir das 19horas, será celebrada uma missa em homenagem aos 90 anos do local. O evento será aberto ao público.

Atualmente em funcionamento como uma instituição particular de ensino, o espaço será entregue à administração do Estado. De acordo com a Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc-CE), o aluguel do imóvel está em fase de contratação. A Secretaria informa que o objetivo é implantar uma unidade de ensino que funcionará em tempo integral.

Essa não é a primeira vez que o Colégio precisou parar de funcionar. De acordo com o diretor geral da instituição, frei Thiago Fontenele, o espaço já foi administrado pela Prefeiutura e pelo Estado em outra ocasião. "Há 25 anos, nós retornamos novamente à educação com a administração dos Frades Capuchinos”, explica.

De acordo com a instituição, em 1974, foi firmado o primeiro convênio com a Seduc. Dois anos depois, em 1976, foi feito o convênio com a Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza. “Passando o poder público ao assumir parte dos encargos com a gestão da instituição, sem que os frades capuchinhos dela se ausentassem totalmente”, contou.

Problemas financeiros

A permanência do espaço como um local de ensino foi vista como uma conquista para a atual administração do Colégio Seráfico. “Ao mesmo tempo que esse é um momento de dor, pelo fato do fechamento, há a gratificação de que aqui também ficará como um espaço de educação”, comemora o diretor. Em nota, a instituição informou que o fechamento é resultado de "sua realidade financeira-administrativa da última década e, sobretudo, nos últimos anos".

Segundo a direção geral do Colégio Seráfico, o fechamento do local foi uma decisão maturada, pensada e refletida entre os frades. O pagamento das dívidas e dos funcionários foi uma prioridade. De acordo com frei Thiago, o colégio está com todas as dívidas pagas, mas havia incerteza sobre 2025.

Para a rescisão dos funcionários, o coordenador informa que a mantenedora, que é a Província São Francisco das Chagas do Ceará e do Piauí, precisou arcar com os custos. Segundo o frei, uma outra unidade escolar, em Sobral, também foi fechada no ano passado. “O Seráfico fechou, primeiramente, porque são muitas obras e poucos operários. Mas como eu sempre falei para os professores e para os pais, o colégio foi aberto bem e o importante é fechar bem”, conta.

A instituição também reafirmou, em nota, o compromisso com a missão franciscana no âmbito pastoral através de outros projetos e iniciativas, sempre buscando o desenvolvimento integral do ser humano, inspirado nos valores evangélicos e franciscanos”.

Educação religiosa e humanista

Inicialmente criado como um centro de formação para seminaristas Capuchinos em Fortaleza, o Seminário Seráfico começou a receber, em 1969, alunos de outras regiões para a preparação intelectual na vida religiosa. Nessa mesma época, o local passou a aceitar mulheres, dando início à uma formação mista.

Situado na avenida que homenageia o nome do primeiro superior da Casa, frei Cirilo de Bergamo, o colégio guarda nove décadas de histórias e aprendizados. Pelos corredores, o clima é de nostalgia.

Quando descobriu que seria transferida para Colégio Seráfico, há um ano, a estudante Maria de Fátima de Almeida Silva, do segundo ano do ensino médio, revela que não recebeu a notícia com grande entusiasmo e que tinha medo de como seria sua adaptação às novas práticas educativas.

Agora, um ano depois de começar a estudar no local, ela conta que mudou suas crenças sobre o espaço e que vai sentir falta da rotina de acolhimento. “Eu me apaixonei, não só pelo local, mas pela escola. Em tudo, em todos os sentidos. Em relação aos frades, que são nossos maiores tutores; em relação a todas as pessoas que trabalham no colégio, vou sentir falta de tudo um pouco”, conta.

Há mais de três décadas trabalhando no Colégio Seráfico, a tesoureira Sônia Araújo Martins do Santos revela, emocionada, que recebeu a notícia com muita tristeza, mas que entende a decisão dos responsáveis. “Trouxe muita tristeza, mas, por outro lado, como eu sou do setor financeiro, a gente tem que pesar as duas coisas. É pensar como funcionário e pensar também como empresa. Neste momento, está sendo melhor para ambos os lados”, conta entre lágrimas.

Entre as mães e pais, o clima também é de saudosismo. A professora Socorro Rodrigues, mãe da estudante Rebeca Rodrigues, do 4º ano do ensino fundamental, conta que a notícia do fechamento foi um choque. A expectativa das duas era que Rebeca se formasse no colégio e seguisse dali para a faculdade.

“Foi um impacto, mas, ao mesmo tempo, pelo que a escola colocou sobre a situação, foi muito coerente essa postura, esse posicionamento e a decisão dos frades. Então, para mim e para ela foi sofrido. Foi mais triste para ela, por conta de não entender ainda. Como mãe, eu vou sentir falta, porque ela ama essa escola”, falou.

Em clima de despedida, Rstanyslléa Campos, diretora pedagógica da escola, conta que fazer parte da história do Seráfico foi uma grande alegria. Para ela, a atmosfera do colégio é diferente. Mais que uma escola, a diretora enxerga o espaço como uma “casa que acolhe”.

A diretora explica que receber a notícia do fechamento foi um momento difícil. “Foi um processo bem sofrido para a gente enquanto gestão, porque nós somos os primeiros a começar a receber as informações”. No apagar das luzes, Rstanyslléa Campos anuncia: “o mundo fica mais triste quando uma escola fecha”.


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