O Theatro José de Alencar, em Fortaleza, sediou na tarde desta quarta-feira, 20, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, parte do calendário da segunda edição do Festival Afrocearensidades, programação voltada à comunidade negra neste mês de novembro. O evento reuniu dezenas de pessoas no jardim de Burle Marx e pátio nobre do equipamento cultural, que desfrutaram de música e empreendedorismo negro.
A programação teve início por volta das 15 horas, em mais uma edição da Feira Negra de Fortaleza, coletivo de afroempreendedores da Capital que produz itens de artesanato, alimentação, vestuário e acessórios.
Entre os comerciantes presentes estava a Ivia Lopes, 61, que vende peças de decoração em argila e crochê. A paixão pela arte manual foi uma herança de família recebida pela ceramista, só que neste caso, de filha para mãe.
“A cerâmica veio por uma necessidade da minha filha que queria trabalhar com cerâmica e não teve essa oportunidade. Ela passou no vestibular exatamente no dia que ia ter o curso de cerâmica. Aí eu fui lá tentar aprender para poder ensinar para ela. Acabou que ela fez a faculdade, concluiu e agora nós duas trabalhamos juntas”, conta a mãe de Rafaela Lopes, sócia no negócio de artesanato.
Simultaneamente à feira, uma movimentação de dança e tambores chamou a atenção dos presentes. Através de apresentações individuais e em dupla, o Coletivo Capoeira Convida trouxe a mistura de ritmo e interação com o público e logo se tornou a principal atração do anoitecer no Theatro.
Entre os destaques esteve o plantel majoritariamente feminino na apresentação, composto por mulheres, desde crianças pequenas, jovens e membros já adultas. Em atividade há cerca de 15 anos, o grupo tem como objetivo incentivar a presença de mulheres na capoeira, principalmente nas altas graduações.
“A gente sabe que a caminhada da mulher é um pouco mais difícil, porque existe a responsabilidade maior de cuidar da casa com os filhos e durante esse percurso muitas acabam desistindo da capoeira. A gente faz esse trabalho para que as mulheres tenham essa liderança dentro de um trabalho de capoeira, dentro de uma aula e possam realmente comandar rodas e eventos”, comenta a professora de capoeira Anabel Bernardo, 39.