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UFC homenageia servidores que marcaram história dos 70 anos da instituição
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UFC homenageia servidores que marcaram história dos 70 anos da instituição

Ao todo, 126 homenageados receberão a medalha, sendo indicados pelas unidades acadêmicas e administrativas e aprovados pelo Conselho Universitário (Consuni). Outras 14 pessoas com vínculo externo à universidade receberão o reconhecimento nesta terça-feira, 17
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Ao todo, 126 homenageados receberão a medalha, sendo indicados pelas unidades acadêmicas e administrativas e aprovados pelo Conselho Universitário (Consuni) (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Ao todo, 126 homenageados receberão a medalha, sendo indicados pelas unidades acadêmicas e administrativas e aprovados pelo Conselho Universitário (Consuni)

A Universidade Federal do Ceará (UFC) realizou a primeira solenidade de entrega da medalha UFC 70 anos para 140 homenageados nessa segunda-feira, 16, data que celebra as sete décadas de existência da instituição. Inicialmente, 126 pessoas ligadas internamente à UFC receberam o reconhecimento na Concha Acústica da Reitoria, em Fortaleza, nesta primeira etapa. Outras 14 pessoas de vínculo externo à Universidade receberão a medalha nesta terça-feira, 17.

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A homenagem busca reconhecer os servidores e personalidades que marcaram a trajetória da instituição, entre ex-reitores, servidores, técnicos, docentes que, em um certo período de tempo, contribuíram para o crescimento da universidade. A seleção dos homenageados para a celebração dos 70 anos da UFC envolveu toda a comunidade universitária.

Por meio das 19 unidades acadêmicas, nomes que marcaram a história da instituição foram indicados. Nomes foram submetidos ao Conselho Universitário (Consuni), que aprovou os nomes internos a serem homenageados. Em relação às homenagens externas, a maioria das indicações partiu da Reitoria, com algumas vindas das unidades acadêmicas.

A escolha se baseou na contribuição dessas pessoas para à UFC, como parceiros e instituições que auxiliam na missão da instituição. Essa é a primeira vez que a UFC realizou uma homenagem a um número tão expressivo de pessoas.

Conforme o reitor da UFC, Custódio Almeida, os homenageados representam as diversas fases da história da instituição. “São pessoas que iluminam o nosso percurso, são pessoas inspiradoras, que nos orgulham muito de serem os protagonistas. Vocês fazem essa universidade ser grande e cumprir a sua missão de instituição pública, de ensino, de pesquisa e de inovação”, afirma.

Medalha UFC 70 anos: conheça alguns dos homenageados 

Para a servidora técnica aposentada pela UFC, Tieta Eusébio, 67, que atuou como operadora de caixa no Restaurante Universitário (RU) por 32 anos, a instituição marcou tanto a sua trajetória profissional como contribuiu para se inserir no movimento sindical. A aposentada disse que o primeiro trabalho como servidora foi participar de uma greve.

“A universidade estava vazia e eu perguntei o porquê. Falaram que ela estava de greve. Aí eu: “e onde é que o povo tá? No campus do Pici”, aí eu fui pra lá. Eu fiquei assim fascinada pelo movimento. Aliás, depois de tanto tempo, eu sou fascinada até hoje. Eu acho assim, sabe que a gente nunca, nunca em momento algum tem que abrir mão daquilo que a gente acredita e dos direitos dos trabalhadores”, destaca a aposentada.

Entre os homenageados, estava o jornalista e professor aposentado Ronaldo Salgado, considerado uma das referências da comunicação cearense. Durante a celebração, o jornalista expressou profunda gratidão e emoção pela homenagem, destacando seus 34 anos de ligação com a UFC, como aluno e professor. “Uma relação absolutamente cordial, produtiva, de respeito, afeto, amor e compromisso com a atividade docente”, disse.

O professor, que atuou nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da instituição, destaca que uma das suas principais contribuições à UFC foi a publicação e coordenação da revista Entrevista por 25 anos. “Um trabalho que envolvia produção, pauta, captação, redação, edição e publicação da revista. Ela oferece essa perspectiva de ter uma atuação profissional no campo do jornalismo antes mesmo de entrar no mercado profissional”, comenta.

O colaborador terceirizado Francisco Teixeira da Mota, conhecido como “Motinha”, celebrou seus 28 anos de instituição atuando como auxiliar de serviços gerais e diz que a homenagem representa o amor que tem pela UFC. “Foi uma surpresa que eu nunca pensei em receber. Eu amo esse prédio, eu amo a UFC. Eu tenho maior prazer em trabalhar aqui”, destaca o funcionário.

Nesta terça-feira, 17, o reconhecimento será voltado para os personalidades externas, ou seja, pessoas que contribuíram de diferentes maneiras para o crescimento da UFC. Entre os homenageados externos, destacam-se nomes como a da ex-governadora Izolda Cela, a ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, e a presidente do Grupo de Comunicação O POVO, Luciana Dummar.

Universidade celebra 70 anos de existência

Nesta segunda-feira, 16, a instituição celebrou os 70 anos de existência. Para comemorar as sete décadas, a Universidade vem realizando atividades em alusão às comemorações desde o início de dezembro, além de outros projetos ao longo do ano. Nesta semana, do dia 16 a 19 de dezembro, a UFC realiza homenagens, lançamento de livros e festivais de cultura e música.

Amanhã, além do novo ciclo de entrega de medalhas aos homenageados, haverá o lançamento do livro da Caravana UFC 70 Anos, seguido da abertura da exposição da Caravana UFC 70 Anos, com registro da passagem da caravana por 52 municípios. A cerimônia acontederá no Salão Nobre da Reitoria da UFC.

Confira a programação completa:

Terça-feira, 17 de dezembro

Festival UFC de Cultura - Seminário do Plano de Cultura – "Produção artística na UFC".
Horário:
Onde: Auditório Antônio Martins Filho, na Reitoria da UFC;

Entrega das Medalha UFC 70 Anos para homenageados que não pertencem ao quadro de servidores ativos e aposentados da UFC
Horário: 17h às 18h
Onde: Auditório Antônio Martins Filho, na Reitoria da UFC;

Quarta-feira, 18

Festival UFC de Cultura - Seminário do Plano de Cultura – "Cultura, Comunicação e Difusão"
Horário: 18 de dezembro: 8h às 17h -
Onde: Auditório Antônio Martins Filho, na Reitoria da UFC;

Confraternização natalina do SINTUFCE, Feira Gastronômica e Feira de Artesanato
Horário: 18h
Onde: Concha Acústica da UFC

Quinta-feira, 19, e sexta-feira, 20

Festival UFC de Cultura
Horário: 17h às 22h
Onde: Concha Acústica da UFC.

Sábado, 21

Concerto de Natal da UFC
Horário: 16h
Onde: Jardins da Reitoria da UFC.

Domingo, 22

Natal dos Sonhos
Horário: 18h
Onde: Jardins da Reitoria da UFC

Veja fotos da homenagem:

 

Fortaleza- CE, Brasil, 16-12-24: A jornalista Deidiane Souza lança livro e se torna a primeira travesti a lançar livro pela UFC. (Foto: Lorena Louise/Especial para O POVO)
Fortaleza- CE, Brasil, 16-12-24: A jornalista Deidiane Souza lança livro e se torna a primeira travesti a lançar livro pela UFC. (Foto: Lorena Louise/Especial para O POVO)

Editora UFC lança livro sobre Caso Dandara

A Editora da Universidade Federal do Ceará (UFC) lançou nessa segunda-feira, 16, o livro “Dando o Nome”, de Dediane Souza, primeira travesti a publicar uma obra pelo selo editorial da instituição. O livro, que integra a coleção Flecha, traz uma análise sobre a morte de Dandara Katheryn, assassinada em 2017, e reflete sobre a vulnerabilidade das pessoas trans e travestis no Brasil. O lançamento faz parte das comemorações dos 70 anos da universidade. 

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A pesquisa, que deu origem à publicação, foi desenvolvida durante o mestrado da autora no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFC e da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab). Atualmente, ela é doutoranda em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Segundo Dediane, o livro é uma ferramenta para a disputa de narrativas e um chamado para a construção de uma antropologia mais inclusiva e humanizadora. "Até quando vamos ter que morrer para que outras de nós possam viver em condições menos precárias? Este livro é uma disputa de narrativa sobre a nossa humanidade, mas também sobre pertencimento, vida e resistência. É o reflexo de uma luta que extrapola o campo acadêmico e invade o campo do afeto, da política e da identidade", declarou a autora.

A obra também homenageia figuras históricas da militância travesti, como Janaína Dutra e Thina Rodrigues, além de abordar a trajetória pessoal da autora, que dedica a publicação às "irmãs travestis".

"Esse livro também fala sobre acolhimento, como o que encontrei em um terreiro de candomblé aos 17 anos, onde fui acolhida como travesti. Escrever é uma forma de luta e, ao mesmo tempo, um gesto de reconstrução da nossa humanidade", afirmou Dediane.

Publicação reflete busca por diversidade, diz membro da equipe editorial 

Juliana Diniz, professora da UFC e membro da equipe editorial, ressaltou a importância da publicação no cenário acadêmico. "Esta obra não é apenas um livro, é um marco que reflete a busca da Editora UFC por diversidade e representatividade. Dediane Souza nos entrega um trabalho de qualidade que transcende as barreiras tradicionais do espaço acadêmico. Nosso objetivo é democratizar o acesso ao conhecimento e dar voz a perspectivas antes silenciadas", disse Juliana.

A coleção Flecha é composta por cinco obras que abordam temas diversos, como o impacto da extrema direita no WhatsApp, autonomia digital e resistência à ditadura militar. Todas foram selecionadas por um conselho editorial que utilizou critérios de avaliação cegos, garantindo imparcialidade.

Para Gorete Oliveira, que trabalha na Secretaria da Cultura e é colega de Dediane, o livro pode ser um divisor de águas. "Este livro é um manual de humanidade. Ele nos chama a refletir sobre a nossa própria existência e a das outras pessoas. Espero que seja capaz de abrir mentes e transformar a realidade brutal de violência. Ele tem força para mudar histórias e construir um futuro de mais respeito e paz", afirmou.

Miguel Rodrigues, mestrando em Antropologia, também destacou a importância de ver a UFC abrindo espaço para vozes como a de Dediane.  “As expectativas para ler esse livro são muitas, espero aprender muito, além do que já aprendi com ela, e agora vou ter a oportunidade de aprender por meio da escrita. Além disso, essa retomada da Editora da UFC, é um marco muito grande, pois estava comigo desde a época do vestibular. Que bom que eles abriram espaço para um livro de uma travesti ser lançado, pois assim mostra que a universidade tá seguindo pelo caminho certo”, disse.

Colaborou Barbara Mirele/Especial para O POVO

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