O Instituto Dr. José Frota (IJF) tem pelo menos R$ 100 milhões em dívidas, segundo o prefeito eleito Evandro Leitão (PT). Em coletiva realizada nessa sexta-feira, 27, ele expôs que a equipe de transição só recebeu metade das informações demandadas sobre a área da Saúde.
“São valores que ainda não conseguimos dimensionar com muita clareza, por falta de dados, mas num primeiro momento a dívida do IJF está algo em torno de R$ 100 milhões. Mas poderá ser mais”, afirmou.
O prefeito eleito ainda mencionou uma dívida de R$ 400 milhões com fornecedores, que pode duplicar de valor se somados pagamentos ainda não empenhados. “É muito provável que a grande maioria dessa inadimplência seja na área da Saúde”, explicou.
Dentre os fornecedores que aguardam pagamentos estão organizações sociais, prestadores de serviços e cooperativas. “Como a cooperativa dos médicos emergencistas, que refere a pagamentos não empenhados há mais de 6 meses”, relata.
“A saúde de Fortaleza está um caos. Em toda sua história, nos 298 anos de Fortaleza, nunca teve um problema tão sério como esse que nós estamos tendo agora, mas nós vamos enfrentar e nós vamos superar”, disse Evandro.
Evandro mencionou ainda a falta de insumos básicos em postos de saúde, como curativos e medicamentos. Além disso, criticou a estrutura precária dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
“Todos os Caps de Fortaleza estão sucateados, para além da ausência de profissionais. A estrutura física não permite um atendimento digno para a população fortalezense”, afirmou.
Evandro garante que sua gestão vai cumprir a promessa de campanha de ampliar o número de Caps. Ele também promete contratar mais profissionais para o serviço.
“Mas a primeira coisa que nós temos que fazer é recuperar os existentes para dar uma atenção para aqueles e aquelas que demandam esse serviço de saúde mental na nossa Capital”, informou.
Em reuniões com o presidente Lula e os ministros Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, Nísia Trindade, da Saúde, e Camilo Santana, da Educação, Evandro diz estar discutindo também o aumento das equipes da Saúde da Família.
Ele explicou que Fortaleza tem a possibilidade de cadastrar junto ao Ministério da Saúde 1.350 equipes de Saúde da Família, mas só tem 450. Bem como 220 equipes de Saúde Bucal ainda podem ser credenciadas.
“Para nós ampliarmos os horários de atendimento dos postos, que foi um compromisso de campanha nosso, para as 21 horas, nós vamos ter que ampliar essas equipes”, afirmou.
Após as declarações de Evandro, o prefeito José Sarto (PDT) publicou em seu perfil no Instagram uma resposta às críticas ao IJF.
“O hospital custa todo mês cerca de R$ 50 milhões para Fortaleza. Mas metade dos pacientes atendidos lá são do interior do Estado. Sabem quanto o Governo do Ceará vinha repassando mensalmente para cobrir isso? Cerca de R$ 6 milhões. É claro que essa conta não fecha”, declarou.
Em coletiva de imprensa na quinta-feira, 26, no Paço Municipal, Sarto afirmou que houve atraso em repasses do Governo do Estado para o hospital e que o valor pactuado com a União e o Estado é insuficiente para a demanda.
“Houve atraso, mas o repasse é insuficiente e continuará sendo. Se não houver uma repactuação, o IJF vai pedir socorro como já fez tantas outras vezes”, disse Sarto.
Nesta sexta-feira, 27, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) divulgou que fornecerá 206 mil itens de medicamentos e material médico-hospitalar para o IJF, com o intuito de suprir as demandas de fim de ano da unidade.
Do total,78.015 são medicamentos e 138.462 são materiais médico-hospitalares. Conforme a secretária, lista de itens encaminhados inclui antibióticos, anestésicos, kit de intubação, gaze, seringa, além de drogas com adrenalina e noradrenalina.
Fornecimento será feito, a partir de uma lista enviada pela gestão da unidade à secretaria. "Nós selecionamos aquilo que se considera prioritário, que não pode deixar de ter no hospital dentro da quantidade que a gente podia com segurança de não haver desabastecimento para a rede estadual ", detalha.
Segundo a secretária, a unidade está começando a receber insumos a partir dos recursos enviados pelo Governo Federal, de R$9,6 milhões. “Já estão empenhando e conseguindo que alguns fornecedores entreguem. Com o que a gente vai mandar e eles já estão conseguindo receber, nos foi colocado que vai ser suficiente para que a gente possa passar o Réveillon com tranquilidade”, afirmou. (Colaborou Ana Rute Ramires)
Prefeito eleito estuda revogar aumento de subsídio às empresas de ônibus
O prefeito eleito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), afirmou que o preço da passagem de ônibus da Capital não terá aumento no próximo ano. Em coletiva realizada nessa sexta-feira, 27, em escritório no Dionísio Torres, Evandro garantiu que vai disponibilizar o passe livre estudantil aos fins de semana, como prometido durante a campanha. Atualmente o passe livre estudantil vale de segunda a sexta-feira. O benefício é válido durante o período letivo.
Evandro questionou o aumento de R$ 90 milhões no subsídio pago pela Prefeitura às empresas de ônibus e afirmou que pretende enviar uma mensagem para a Câmara com o intuito de revogar a lei do aumento, caso não haja impedimentos legais no contrato.
O incremento no valor foi aprovado em 19 novembro pela Câmara Municipal de Fortaleza. De R$ 158 milhões, o subsídio passará a R$ 248 milhões em 2025. De acordo com a Câmara Municipal, o processo de revisão no mês de novembro é previsto na Lei Municipal nº 11.447, levando em consideração a elevação de preço de vários insumos, mão de obra e também a concessão do passe livre estudantil durante os dias úteis.
“Para eu não estar sendo injusto, quero pelo menos uma explicação. E é isso que a população fortalezense também quer. Porque se a gente dá um subsídio para um segmento empresarial de transporte coletivo, esse valor poderia estar sendo investido em outras políticas públicas. Para mim, um reajuste desse não é normal”, afirma. Evandro ressaltou que pretende manter um diálogo com o setor de transporte coletivo.
Nas redes sociais, o prefeito de Fortaleza, José Sarto, deu uma resposta a Evandro sobre a questão. “Leitão também achou ruim porque autorizei o pagamento de subsídio do transporte público em Fortaleza. Fiz isso para não aumentar as passagens de ônibus. Fiz isso porque o governador cortou os repasses para Fortaleza. Será que o Leitão também vai cortar os repasses e reajustar as tarifas?”, questionou Sarto.