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Dia Mundial de Combate ao Câncer: CE teve mais de 10 mil mortes por neoplasias em 2023
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Dia Mundial de Combate ao Câncer: CE teve mais de 10 mil mortes por neoplasias em 2023

Óbitos do tipo têm crescente e representam a segunda maior causa de falecimentos no Estado entre 2019 e 2023
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TEMPO de espera para diagnóstico do câncer é um dos principais desafios (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS TEMPO de espera para diagnóstico do câncer é um dos principais desafios

Um total de 10.453 pessoas morreram por neoplasias em 2023 no Ceará, número que representa 17% dos óbitos que ocorreram na unidade federativa naquele ano. Índice, crescente no Estado, reforça a necessidade de prevenção e ganha enfoque principalmente nesta terça-feira, 4, Dia Mundial do Câncer.

Dados constam na Mensagem enviada pelo Governo do Estado à Assembleia Legislativa (Alece), contendo o panorama e ações para 2025, e que foi apresentada ao órgão nesta segunda-feira, 3. 

Conforme documento, o Ceará teve 9748 mortes por neoplasias (tumores) em 2019. Nos anos seguintes, índice foi de: 9509 (2020), 9460 (2021), 9943 (2022) e 10.453 em 2023. Se comparado 2019 com 2023, é possível perceber que o índice teve aumento de cerca de 7% ao longo do período.

Óbitos por câncer representaram a segunda maior causa de falecimentos no Estado dentro do intervalo de tempo analisado, ficando atrás apenas de mortes causadas por doenças do aparelho circulatório. 

Documento também cita um "aumento expressivo de mortalidade em decorrência do grupo de doenças infecciosas e parasitárias", índice que cresceu 667% somente entre 2019 e 2021, em razão da covid-19. 

Leia também: IA pode identificar mulheres com alto risco de câncer de mama vários anos antes do diagnóstico

Sobre as neoplasias, dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), extraídos do Datasus, mostram que das mortes que ocorreram em razão da doença em 2023, um total de 3.119 foram por neoplasias malignas dos órgãos digestivos (grupo de cânceres que se desenvolvem no trato digestivo). 

De acordo com Angélica Nogueira, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), mortes por esse tipo de enfermidade têm relação com questões etárias e condições como a obesidade. 

"Há um aumento do câncer de colorretal no mundo inteiro. Isso tem a ver com o envelhecimento populacional e também com o aumento da obesidade da população. No Brasil não há rastreio suficiente. Precisa incorporar tecnologias e aumentar o rastreio", aponta a especialista. 

Tempo de espera para diagnóstico é desafio

Angélica também destaca que há "um atraso muito significativo no diagnóstico" do câncer no Sistema Único de Saúde (SUS), que dificulta o processo de tratamento e cura. "A fila de espera continua muito grande e a maioria dos pacientes são diagnosticados com a doença avançada", diz. 

A médica lembra que existem leis no Brasil que estabelecem que pacientes iniciem o tratamento em até 60 dias a partir do diagnóstico e que garante que pacientes tenham acesso a exames diagnósticos em até 30 dias. Contudo, ela menciona que entre a existência desses dispositivos e a execução há "uma diferença".

Gisele Iguma, patologista e coordenadora da comunicação social da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), também afirma que um dos maiores desafios para os pacientes com câncer que são atendidos no SUS é o tempo entre a suspeita clínica e a confirmação diagnóstica.

"Muitas vezes, esse processo pode levar meses, o que impacta diretamente o início do tratamento e as chances de cura", aponta, citando que muitos enfermos só são diagnosticados "quando o câncer já está em estágio avançado, o que reduz as opções terapêuticas e piora o prognóstico".

 

No Ceará, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) realiza ações para priorizar atendimento a doenças do tipo, como aponta Rianna Nobre, coordenadora de Atenção Especializada e Redes de Atenção à Saúde. 

"A gente pode destacar não apenas a oferta de novos hospitais para o tratamento, mas um olhar desde a promoção e prevenção, o acesso ao diagnóstico e também ao tratamento de alta complexidade", diz.

A profissional pontua entre ações da pasta o Projeto de Braços Abertos, que busca integrar os níveis de atenção, reorganizando a rede de atenção à saúde, e o Projeto de Outubro a Outubro, que atua para "sensibilizar e buscar ativamente as mulheres para o rastreamento precoce do câncer de mama".

Rianna também destaca a abertura de novos serviços para o tratamento desses tipos de doenças, em unidades como o Hospital Vale do Jaguaribe, e aponta a efetivação do Hospital Universitário do Ceará, prestes a ser inaugurado e que vai trazer serviço de alta complexidade em oncologia.

"Então aqui a gente destaca o forte compromisso do Governo do Estado do Ceará, em especial da Secretaria de Saúde do Estado, para que nós consigamos disponibilizar o acesso ao tratamento, à prevenção, à promoção à saúde e ao diagnóstico", frisa.

 Com a repórter Alexia Vieira 

Ações

A Sesa destaca a abertura de novos serviços para o tratamento desses tipos de doenças, em unidades como o Hospital Vale do Jaguaribe, e aponta a efetivação do Hospital Universitário do Ceará, prestes a ser inaugurado e que vai trazer serviço de alta complexidade em oncologia

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