A Central de Atendimento à Mulher — o Ligue 180 — registrou 17.067 atendimentos no Ceará em 2024. Os números apontam um aumento de 3,88% em relação ao ano passado, quando 16.430 registros foram contabilizados. Os dados são do Ministério das Mulheres (MMulheres).
Dos 3.386 casos registrados, cerca de 3.039 foram recebidos por ligação de telefone e 293 por WhatsApp.
Mais de duas mil denúncias foram feitas pela própria vítima, enquanto 1.291 casos foram apresentados por terceiros.
A residência da vítima é o cenário onde as violências acontecem em maior parte, com 1.417 denúncias. A residência compartilhada por vítima e suspeito também é local de grande parte das denúncias no Ceará, com 1.067 casos.
A faixa etária com o maior número de denúncias é entre 35 e 39 anos, com 778 vítimas. Mulheres pretas e pardas são as vítimas mais frequentes (1.849). Os companheiros — ou ex-companheiros — são os principais autores dos atos violentos (808).
Além disso, em todo o Brasil, mulheres negras representam a maioria das denúncias de 2024, somando 53.431 casos contra mulheres pardas e 16.373 contra mulheres pretas.
Mulheres brancas somam 48.747 das denúncias, seguidas por mulheres amarelas com 779 casos e mulheres indígenas, com 620 denúncias.
Para Cida Gonçalves, ministra das mulheres, o aumento significativo no número de atendimentos realizados pela central reflete uma maior confiança da população brasileira.
“Temos investido na capacitação das profissionais que realizam o atendimento e o acolhimento das mulheres, tanto para a informação sobre direitos e serviços da rede, como para o correto tratamento e encaminhamento das denúncias aos órgãos competentes, aumentando a confiança no canal”, afirma em nota enviada à imprensa.
Ela continua: “Além disso, temos intensificado as campanhas para ampliar a divulgação do Ligue 180, inclusive o atendimento no WhatsApp", finaliza.
Confira abaixo o ranking com o total de denúncias por estado:
Fonte: Ministério das Mulheres
O Ceará aparece em 11° lugar, com 3.383 denúncias e Roraima em último lugar, com apenas 220.
Dados da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) do Ceará apontam que, em 2024, cerca de 25.779 vítimas do gênero feminino registraram denúncias.
A faixa etária entre 30 e 35 anos é a vencedora, com uma porcentagem de 18,72%. Mulheres entre 24 e 29 anos estão em segundo lugar no ranking com 17,41% das denúncias.
A coordenadora-geral da Casa da Mulher Brasileira no Ceará, Daciane Barroso, entende que o aumento das denúncias se deve à nova estruturação do Ministério das Mulheres, que é atender as mulheres em situação de violência.
Ao O POVO, ela conta que antes de 2023 a ferramenta passou por um desmonte e a confiança das mulheres decresceu. "O que nós entendemos desse aumento agora, a partir do segundo semestre de 2023, é que a central passa a funcionar de acordo com suas origens iniciais”, explica.
Segundo ela, o número de telefone não está mais vinculado à ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos. [Agora] as profissionais são capacitadas dentro de todo o eixo de atendimento dos encaminhamentos aos equipamentos de enfrentamento à violência”.
Ao O POVO, a advogada e coordenadora de projetos do Instituto Maria da Penha, Rose Marques, explica que o fator da idade se dá devido ao que a sociedade “nos coloca como mulheres”. “Sempre foi o perfil predominante das mulheres que são assistidas pelos serviços especializados”.
“Particularmente me preocupa muito que sempre haja um número muito baixo de mulheres jovens buscando serviços especializados ou buscando denúncia. E a gente tem na contramão disso a ver pelas redes sociais, né? Um crescimento bem significativo de muitas formas de violência nesse âmbito”, adiciona.
Para a professora adjunta do Departamento de Serviço Social e do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade de Brasília (UnB), Hayeska Barroso, quanto mais forte e consolidada a rede de relações interpessoais da vítima for, mais fácil será para reconhecer a violência.
“Muitas vezes mulheres com alta escolaridade tem aquele sentimento de acreditar que o homem vai mudar. Você reconhece quando a outra [pessoa] está passando pela violência, mas quando é você que tá envolvida afetivamente, você tem dificuldade de reconhecer”, explica ao O POVO.
“Muitas mulheres elas vão reconhecer que sofreram violências em série durante anos e anos de sua vida, só quando passam a ser vítimas de violência física”.
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Confira abaixo uma lista com o número de casos por mês durante o ano de 2024:
O Ligue 180 é um serviço gratuito do Governo Federal. Ele orienta sobre os direitos das mulheres e os serviços da Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência em todo o Brasil.
A população, em especial as mulheres, podem acessar o Painel Ligue 180 e tirar maiores dúvidas a respeito.
Dados da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) do Ceará apontam que, em 2024, cerca de 25.779 vítimas do gênero feminino registraram denúncias.
A faixa etária entre 30 e 35 anos é a vencedora, com uma porcentagem de 18,72%. Mulheres entre 24 e 29 anos estão em segundo lugar no ranking com 17,41% das denúncias.
A coordenadora-geral da Casa da Mulher Brasileira no Ceará, Daciane Barroso, entende que o aumento das denúncias se deve à nova estruturação do Ministério das Mulheres, que é atender as mulheres em situação de violência.
Ao O POVO, ela conta que antes de 2023 a ferramenta passou por um desmonte e a confiança das mulheres decresceu. "O que nós entendemos desse aumento agora, a partir do segundo semestre de 2023, é que a central passa a funcionar de acordo com suas origens iniciais”, explica.
Segundo ela, o número de telefone não está mais vinculado à ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos. [Agora] as profissionais são capacitadas dentro de todo o eixo de atendimento dos encaminhamentos aos equipamentos de enfrentamento à violência”.
Ao O POVO, a advogada e coordenadora de projetos do Instituto Maria da Penha, Rose Marques, explica que o fator da idade se dá devido ao que a sociedade “nos coloca como mulheres”. “Sempre foi o perfil predominante das mulheres que são assistidas pelos serviços especializados”.
“Particularmente me preocupa muito que sempre haja um número muito baixo de mulheres jovens buscando serviços especializados ou buscando denúncia. E a gente tem na contramão disso a ver pelas redes sociais, né? Um crescimento bem significativo de muitas formas de violência nesse âmbito”, adiciona.
Para a professora adjunta do Departamento de Serviço Social e do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade de Brasília (UnB), Hayeska Barroso, quanto mais forte e consolidada a rede de relações interpessoais da vítima for, mais fácil será para reconhecer a violência.
“Muitas vezes mulheres com alta escolaridade tem aquele sentimento de acreditar que o homem vai mudar. Você reconhece quando a outra [pessoa] está passando pela violência, mas quando é você que tá envolvida afetivamente, você tem dificuldade de reconhecer”, explica ao O POVO.
“Muitas mulheres elas vão reconhecer que sofreram violências em série durante anos e anos de sua vida, só quando passam a ser vítimas de violência física”.
Denúncias
O 180 funciona 24 horas por dia (ligação gratuita)
WhatsApp: (61) 99610 0180
E-mail: central180@mulheres.gov.br
Em casos emergenciais: 190 (Polícia Militar)