O padre cearense José Antônio Maria Ibiapina foi oficialmente reconhecido como venerável da Igreja Católica nessa segunda-feira, 31. O título foi concedido em decreto assinado pelo papa Francisco, que confirmou três novos santos e um beato.
A nomeação como venerável é o segundo passo para a canonização através do Vaticano e corresponde a uma pessoa que viveu virtudes heroicas e considerada merecedora de veneração.
Os passos seguintes são a beatificação e a canonização, que correspondem ao número de milagres praticados pela figura pública.
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A reverência a Ibiapina se deve à atuação do padre no combate à escravidão e população pobre em estados do Nordeste.
Entre os principais feitos estão o auxílio a comunidades paraibanas durante a epidemia de cólera dos anos 1850 e a fundação de casas de saúde, cultura, formação religiosa e profissional no Rio Grande do Norte.
O cearense também é conhecido pela participação efetiva na construção de igrejas, capelas e orfanatos, bem como na organização de missões populares.
Nascido em Sobral, município a 233 quilômetros (km) de Fortaleza, em 1806, o padre deu seus primeiros passos de devoção longe da terra natal. Aos 17 anos, mudou-se para Olinda, em Pernambuco, onde ingressou no seminário.
A estadia na formação religiosa foi interrompida pela morte da mãe três meses depois. Anos depois, teve o pai morto e o irmão exilado pela repressão à revolta antilusitana em 1824, fatos que o obrigaram a assumir um emprego na área jurídica para sustentar as irmãs mais novas.
Formou-se em Direito, foi professor e delegado do município de Quixeramobim, no Ceará. Chegou a ser eleito para o Parlamento Nacional na década de 1830, onde lutou contra o tráfico de escravos vindos do continente africano.
Frustrado por não conseguir impedir a prática escravagista no Nordeste brasileiro, voltou para a carreira jurídica em Recife, onde ficou até 1850 advogando pelos mais pobres. Foi nesta altura da vida que decidiu retomar a vocação e reingressou no seminário, se ordenando padre em 1853.
Seu primeiro estado de atuação sacerdotal foi a Paraíba, onde ficou conhecido como “peregrino da caridade”. Estendeu as bênçãos de sua fé até o Rio Grande do Norte, onde faleceu em 1883 vítima de uma paralisia progressiva dos membros inferiores.