A Prefeitura de Fortaleza realizou, na manhã desta quinta-feira, 10, uma série de atendimentos médicos e sociais aos moradores que vivem em situação de rua sob o viaduto da avenida Borges de Melo, no bairro Alto da Balança.
LEIA MAIS | As incertezas de (sobre)viver nas áreas de risco em Fortaleza
Estiveram presentes no local equipes do programa Consultório na Rua, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Durante a manhã, agentes ofereceram serviços de saúde multidisciplinar, incluindo a verificação de sinais vitais, atendimento psicossocial, atendimento de enfermagem, aplicação de medicamentos, coleta de exames, além da distribuição de absorventes.
As orientações e encaminhamentos para as políticas de assistência social foram realizadas por profissionais do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP).
Entre os atendimentos oferecidos pelos agentes do equipamento, pelo menos 20 moradores puderam tirar dúvidas sobre como acessar serviços como o Bolsa Família, orientações para encaminhamentos escolares, retirada de documentos, orientações jurídicas, encaminhamentos para o recebimento do Benefícios de Prestação Continuada (BPC).
No mês passado, uma ação parecida antecipou a desocupação do viaduto da Via Expressa. Em vídeo publicado no perfil do prefeito Evando Leitão (PT) no Instagram, Guilherme Magalhães, superintendente da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), chegou a defender uma Fortaleza “melhor ordenada” e pontuou que serão iniciadas “intervenções urbanas devidas” na região da Via Expressa.
“Toda vez que perguntam o número de pessoas morando aqui, é para tirar a gente”, afirma uma das moradoras que vive sob o viaduto, que pediu para não ser identificada. Morando em um dos barracos com seus dois filhos, ela conta que sua chegada ali não foi planejada, mas resultado da falta de dinheiro para o pagamento do aluguel de seu antigo apartamento, na comunidade Cidade de Deus.
Assim como ela, a maioria do grupo que hoje ocupa o local chegou ali por volta de cinco anos atrás, por diferentes motivos. Aos poucos, conseguiram equipar os barracos com energia elétrica e água, conquistada após a construção de algumas torneiras improvisadas.
No começo, segundo os moradores, “era melhor, tinha mais doações”. Hoje, eles compartilham as dificuldades para conseguir obter alimentos, roupas e outras demandas básicas para a sobrevivência.
Durante o atendimento, eles questionaram os agentes sobre a possibilidade de serem deslocados dali para outro local e contam que foram informados de que havia uma possibilidade de demolição dos barracos ali.
Questionada pelo O POVO, a Secretaria de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) informou, em nota, que o Serviço de Abordagem Social é permanente e contínuo, previsto pelo Sistema Único de Assistência Social (Suas), para apoio a pessoas em vulnerabilidade e risco social. “Os profissionais realizam busca ativa para identificar as principais necessidades e encaminhar o acesso a serviços públicos”, diz um trecho.
Sobre a desocupação, os moradores garantem que a única saída seria conseguir uma moradia definitiva. Fora isso, eles revelam que temem ser obrigados a deixar o local.
Ação
De acordo com a Prefeitura, profissionais realizam busca ativa para identificar as principais necessidades e encaminhar o acesso a serviços públicos