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‘Jogo do Tigrinho’: 11 influenciadores são indiciados por estelionato e outros crimes
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‘Jogo do Tigrinho’: 11 influenciadores são indiciados por estelionato e outros crimes

Investigados utilizavam contas falsas que simulavam ganhos irreais para convencer seguidores de que era possível lucrar com o jogo, o que não acontecia
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INVESTIGAÇÃO contra influenciadores começou em 2023 (Foto: Reprodução/Leitor Via WhatsApp O POVO)
Foto: Reprodução/Leitor Via WhatsApp O POVO INVESTIGAÇÃO contra influenciadores começou em 2023

A Polícia Civil do Ceará (PC-CE) indiciou 11 influenciadores digitais pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e crimes contra economia popular e contra o consumidor. Os indiciados são investigados por divulgar a plataforma ‘Jogo do Tigrinho’.

Foram indiciados Victoria Haparecida de Oliveira Roza; Milena Peixoto Sampaio; Janisson Moura Santos; Maria Gabriela Casimiro da Silva Fernandes; Inessa Karla Nogueira; Paloma Silva Costa; Tassia Avelina Franklin Leandro; Darley Felipe Santos Dias; Wellington Lima de Alencar e Walysson Lima de Alencar.

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Conforme o relatório final do inquérito policial, finalizado no final de março, no qual O POVO teve acesso, os influenciadores obtinham dinheiro de maneira ilícita a partir da divulgação da plataforma, enganado seguidores. Os valores obtidos de forma ilegal promoviam vida de luxo, com viagens para fora do País e demais bens materiais.

Um dos métodos utilizados no esquema envolvia contas “demo” ou de “teste”, que simulavam ganhos irreais. O objetivo era convencer as pessoas de que era possível lucrar com o jogo, quando, na verdade, esses resultados não aconteciam.

De acordo com o documento, foi constatado que quanto mais contas cadastradas nas plataformas clandestinas, mais valores eram transferidos para os influenciadores. Uma das investigadas chegou a movimentar R$ 3 milhões em dois anos.

Segundo a Polícia Civil, a análise dos arquivos revelou indícios de que os investigados cometeram crimes contra a economia popular, ao obterem ganhos ilícitos por meio de fraude. Além disso, crimes de lavagem de dinheiro, com ocultação e dissimulação de bens e valores.

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Outros indícios apontam a promoção de jogos de azar por meio da propaganda enganosa sobre pagamentos feitos pelas plataformas (crime contra as relações de consumo); estelionato, por enganar seguidores com meios fraudulentos; e sonegação fiscal, por possível omissão de renda nas declarações ao fisco.

Ainda conforme o relatório, uma das influenciadoras orientava outra investigada a prometer pix falso aos seguidores. Na publicação das plataformas, era divulgado um pagamento fictício com a finalidade de atrair novos cadastros.

Alguns dos indiciados chegaram a fazer uma viagem em conjunto para Dubai com as despesas pagas por donos de plataformas ilegais em razão dos altos valores arrecadados com os cassinos online. Os investigados possuem milhares de seguidores que acreditam na veracidade das plataformas.

Os seis primeiros influenciadores foram presos no dia 20 de março em Juazeiro do Norte, no Cariri cearense, por meio de uma operação da PC-CE. As ações também aconteceram nos estados de Minas Gerais, Bahia e Maranhão.

Influenciadora debochou de seguidora que se endividou

A influenciadora Victoria Haparecida de Oliveira Roza, uma das investigadas, chegou a debochar e reclamar de uma seguidora que a procurou. A seguidora ficou uma dívida de R$ 3 mil causada pelos jogos que a influencer promovia.

“Queria um conselho pra parar de jogar porque o marido dela não sabia, pois se o marido soubesse ia separar dela. Que ninguém sabia. E que queria um conselho meu, ou se eu pudesse ajudar ela com uma quantia. Ela não sabe o que fazer, diz que faz dois dias que não joga. Ah, meu Deus. Agora, como diabo essa menina conseguiu meu número”, consta trecho do relatório final.

A influenciadora chegou a compartilhar o áudio em que debocha da vítima com os outros indiciados. O documento revela que a influencer sabia que a vítima perdia dinheiro por ser enganada com a plataforma que ela divulgava.

Conforme a Polícia Civil, Victória Oliveira afirmou que tem medo de parar de divulgar as plataformas, sua principal fonte de renda no momento e que tem sustentado sua vida de luxo, diante do lucro obtido com a atividade criminosa e sem a necessidade de trabalhar.

A investigação aponta que “não há dúvidas que eles se associaram com o fim de praticar crimes de estelionato, crimes contra a economia popular e crimes contra o consumidor relacionados à exploração e divulgação de plataformas de cassino online não autorizadas no país, cujas penas superam 4 anos”.

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