O primeiro acusado julgado por envolvimento na chacina do Forró do Gago foi condenado a 790 anos e quatro meses de prisão pela Justiça do Ceará. Ednardo dos Santos Lima foi submetido ao Júri Popular, no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, nessa quinta-feira, 8, em uma sessão que durou mais de 15 horas, sendo encerrada na madrugada de ontem, 9.
O Conselho de Sentença da 2ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza, formado por sete jurados, considerou Ednardo dos Santos culpado pela morte de 14 pessoas e pela tentativa de homicídio de outras 15. A ação criminosa aconteceu dentro da casa de show, no bairro Cajazeiras, em janeiro de 2018.
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Além de Ednardo, o processo ainda tem outros oito nomes de pessoas pronunciadas pelo crime, mas a denúncia aponta 15 envolvidos. O caso é considerado como a maior chacina já registrada no Ceará. As 14 vítimas tinham entre 17 e 55 anos. Os criminosos foram acusados de invadir a casa de show e atirar contra os presentes no local.
Os trabalhos foram conduzidos pelo juiz Antônio Josimar Almeida Alves, titular da 2ª Vara do Júri de Fortaleza e presidente da sessão. A denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) apontou Ednardo como um dos mandantes do crime. Ainda segundo o órgão, a ação criminosa foi praticada por oito adultos e dois adolescentes.
O caso teria sido motivado por disputa territorial de facções rivais. A região era apontada como território da facção Guardiões do Estado (GDE) e teria sido atacada por membros do Comando Vermelho (CV).
Conforme o Tribunal de Justiça, das 15 pessoas denunciadas por participação na chacina, oito foram pronunciadas. Entre os sete restantes, um morreu e seis foram impronunciados, decisão que considera que não há indícios suficientes para levar o suspeito ao Tribunal do Júri, o que não significa, contudo, que a pessoa foi absolvida. Caso surjam novas provas, ela poderá voltar a responder pelo delito.
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A Justiça aponta que o processo da chacina do Forró do Gago possui mais de seis mil páginas e é considerado de alta complexidade. O processo está inserido no Programa Tempo de Justiça e no Movimento de Apoio ao Sistema Prisional (Masp).
O programa busca priorizar e acelerar o julgamento de processos de réus multidenunciados, que respondam a seis ou mais processos criminais. As duas iniciativas são ferramentas utilizadas pelo Tribunal e demais instituições que compõem o sistema de Justiça e visam acelerar o julgamento das ações.