Um homem apontado como um dos chefes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) em Crateús, distante 353,9 km de Fortaleza, foi preso ontem, 15, no Rio de Janeiro. Anderson Bruno Soares Silva, o "Pacote", de 36 anos, foi preso no momento em que chegava a um hospital especializado no tratamento de cálculo renal e próstata no bairro Recreio dos Bandeirantes.
Não houve resistência, conforme afirmado pela própria Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ). A Delegacia Regional de Crateús investigava o paradeiro do suspeito há mais de um ano. Ele era monitorado tanto por policiais do Rio, quanto do Ceará. Conforme a PCERJ, Anderson Bruno ostentava "uma vida de luxo" na comunidade da Rocinha, onde aportou em 2023 após conseguir liberdade condicional.
De lá, ele seguiria emanando ordens para os criminosos da região do Sertão de Crateús. "Ele planejava e liderava uma guerra entre facções na cidade de Novo Oriente, que resultou em pelo menos 15 homicídios", afirmou a PCERJ. "O traficante também era responsável pelo envio de entorpecentes para Crateús e cidades próximas, onde também ordenava assassinatos."
Além de homicídios, Anderson Bruno tem antecedentes criminais por roubos, associação criminosa, porte ilegal de arma de fogo e participação em organização criminosa. Ele foi um dos alvos da operação Annulare, deflagrada em 2021 pela Polícia do Ceará, considerada a maior da história do Estado contra um único grupo criminoso. Na ocasião, mais de 800 mandados judiciais foram cumpridos.
Anderson Bruno apareceu em um "cadastro" feito por Valeska Pereira Monteiro, a "Majestade", como "dono de uma biqueira" (ou seja, ponto de tráfico de drogas) na cidade de Nova Russas, município vizinho a Crateús. Além disso, ele é réu por crimes de homicídios ocorridos em 2017 e 2018. Anderson Bruno foi acusado de envolvimento no assassinato de Francisco Leandro Soares de Sousa, crime ocorrido em 5 de outubro de 2017 em Crateús.
Já em 13 de janeiro de 2018, ele foi o mandante, conforme denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE), do crime que vitimou Carlos Antônio Vasconcelos de Oliveira, também em Crateús. Conforme o MPCE, Anderson Bruno, à época, integrava a extinta facção criminosa Família do Norte (FDN), enquanto a vítima seria integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC). Em nenhum dos dois casos, ele foi julgado até o momento.
O POVO apurou que Anderson Bruno está entre os criminosos que pagam aluguel a faccionado do Rio para poder esconder-se em comunidades do estado. A reportagem também apurou que, até essa semana, haviam 46 cearenses foragidos no Rio de Janeiro. Em março, eram 40 criminosos. (Com informações de Cláudio Ribeiro e Mirla Nobre)