A Praia de Iracema é delimitado pelas ruas João Cordeiro, Monsenhor Tabosa, Almirante Jaceguai, Almirante Tamandaré e avenida Beira-Mar. Com área territorial de apenas 37 hectares, é o terceiro menor bairro de Fortaleza, mas certamente um dos mais simbólicos. Nos anos 1990, a Praia de Iracema ressurgiu como reduto boêmio e criativo, com bares, arte de rua e movimentos culturais.
Camila Melo, body piercer e empreendedora de 43 anos, frequenta o local desde 1995 e relembra como o bairro foi cenário de amizades, violões na ponte e noites intensas em espaços culturais, como o Bar do Canuto e o Cais Bar. "Eu tinha 13 anos, morava no Conjunto Industrial, e era uma caminhada longa até aqui — mas, mesmo assim, vinha pelo menos uma vez por semana", destaca.
Hoje, moradores como a servidora pública, Ana Gabriela, de 39 anos, que vive no entorno da Beira-Mar há oito meses, encontram no bairro um lugar de reencontro. Mãe de um menino de 13 anos, ela compartilha com ele momentos diários nas pedras próximas à ponte. "Estar ali é um ritual de conexão com a maternidade e a espiritualidade", finaliza.
A orla se tornou ponto de encontro para quem busca bem-estar. O piauiense Leonardo Melo, medico angiologista, corre há dois anos na orla. De Teresina, ele diz ter se "encantado pela união entre natureza e urbanidade". O bairro, para ele "é um cenário inspirador".
Aos 100 anos, a Praia de Iracema continua viva não apenas por suas paisagens, mas por quem a habita. É nos moradores, nas histórias contadas com brilho nos olhos, nos frequentadores que a elegem como refúgio, que mora a força desse território. Preservar a Praia de Iracema é reconhecer nela a figura da "mãe Iracema": a que acolhe, ensina e resiste.