Os impactos do desmatamento são de longo alcance e comprometem a qualidade de vida das populações e o acesso a direitos básicos, como a segurança alimentar e hídrica, acentuando desigualdades e vulnerabilidades sociais, além de prejudicar a natureza e a economia, conforme detalha Marília Nascimento.
"O desmatamento interfere diretamente na saúde dos solos, pois a retirada da vegetação deixa o solo exposto, desprotegido e sem os nutrientes necessários para que seja produtivo. Com solos menos produtivos, a prestação de serviços ecossistêmicos gerados pela natureza como a produção de alimentos é reduzida, o que afeta o valor de mercado dos itens, deixando-os mais caros, e compromete o acesso das pessoas mais vulneráveis", explica.
Washington Rocha pontua que os impactos ambientais, sociais e econômicos ligados ao desmatamento estão interligados, ressaltando suas consequências especialmente para comunidades tradicionais.
"Ainda existem no nosso bioma muitas comunidades extrativistas ou que vivem de produção local. Na medida em que essa variável ambiental está sendo comprometida, ela vai refletir na existência dessas comunidades (...) se você tem um ambiente degradado e socialmente comprometido, evidentemente isso vai refletir no econômico."
Para Marília Nascimento, "esse desafio exige soluções que conciliem o uso racional dos recursos naturais e o desenvolvimento e implementação de tecnologias e estratégias adaptadas à realidade do semiárido brasileiro". Para ela, o aumento no número de alertas de desmatamentos indica que o problema permanece e exige respostas integradas envolvendo políticas públicas, monitoramento e fiscalização ambiental, apoio à produção sustentável e valorização da Caatinga.
"Nesse sentido, é preciso um esforço combinado e concomitante que envolva ações de regularização e monitoramento ambiental, capacitação e assistência técnica para o manejo sustentável da caatinga, difusão de tecnologias sociais de convivência com o semiárido, fortalecimento da bioeconomia e sociobiodiversidade, recuperação de áreas degradadas", destaca.
O POVO entrou em contato com a Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Estado do Ceará (Semace) para saber quais são as atividades de fiscalização realizadas pela pasta e quais as medidas para mitigar a desertificação no Estado, mas não teve retorno até a publicação da matéria.