A adoção monoparental também foi o caso do professor Juliano Lopes, 32, que experiencia o período de adaptação e convivência com o filho, Enzo — "Tem sido uma avalanche de emoções", comenta. "Avaliei outras possibilidades de me tornar pai, como pela via biológica, coparentalidade e barriga solidária", diz. "Mas no final, a adoção me escolheu e me cativou com muita força, conforme eu pesquisava a respeito e via os vários exemplos de paternidade solo no Brasil".
Em janeiro de 2020, decidiu que "não valia adiar mais" o sonho de adoção, e entrou oficialmente na fila após cadastro na comarca de Fortaleza. Lopes também relata que participou dos cursos exigidos e fez "todas as etapas formais necessárias para a habilitação no sistema".
"Consegui ser habilitado em março de 2020, apenas dias antes de estourar a pandemia, o que viria a atrasar ainda mais os processos. No total, levei quatro anos e alguns meses, com direito à renovação da habilitação e uma espera angustiante, até ser apresentado ao meu filho", recorda. Em relação à adoção solo, o professor destaca não ter queixas, e que entrou na fila "em condição de igualdade com qualquer casal".
Ele reclama da "alta morosidade e lentidão dos processos e o não cumprimento de muitos dos prazos relacionados à destituição do poder familiar". Outro ponto levantado foi a "falta de visibilidade e de apoio institucional" que os pretendentes à adoção no geral possuem em relação à sociedade civil.