Para Tati Sousa, 44, fundadora e presidente da Associação de Familiares e Amigos dos Autistas de Quixeramobim (AFAAQ) e mãe de uma criança autista, os números do Censo devem ajudar na busca por direitos. "Com esses dados específicos, a gente consegue pelo menos planejar e buscar esses recursos. Antes da inclusão do TEA no Censo, a gente não tinha noção de quantas pessoas tinham no Brasil [com o diagnóstico]. Geralmente, as estimativas eram internacionais", diz.
Depois do avanço na aceitação do transtorno e a disseminação de informações sobre diagnóstico e terapias, Tati afirma que o maior desafio é dar conta da demanda, principalmente no Interior.
"Depois que se abriu essa cortina, todo mundo busca. A demanda é tão grande que não tem profissionais suficientes para diagnosticar, principalmente pelo SUS, e para tratar também. Isso não é só no Ceará, é a nível nacional", diz.
Mestre em Políticas Públicas e pessoa com deficiência, Clemilda Santos Sousa ressalta que comunidades afastadas dos centros urbanos enfrentam problemas de infraestrutura, como transporte, educação inclusiva, atendimento em saúde e escassez de profissionais especializados, como intérprete de libras, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais.
Os dados do Censo Demográfico também devem influenciar na aplicação de leis, como a Lei Brasileira de Inclusão, de 2015, e a revisão da Lei de Cotas, conforme o advogado presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB Ceará, Emerson Damasceno. "Os dados mostram exatamente onde nós estamos deixando de garantir a aplicação de direitos constitucionais e onde tem que melhorar muito", afirma.