O Ceará teve 1.866 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) registrados em maio. O mês teve o pico de internações por vírus respiratórios de 2025. A faixa etária mais atingida foi a de bebês de até seis meses, representando 31,6% dos casos (590).
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Durante o período, os vírus que mais causaram casos graves foram o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e o Influenza A. Em 2025, 1.088 registros de infecção por VSR foram identificados no Ceará com a maioria das infecções graves em crianças.
Já o Influenza foi responsável por 461 internações por Srag neste ano, sendo o grupo etário mais acometido o das pessoas de 70 anos ou mais.
A tendência é que junho tenha uma desaceleração de casos. O secretário executivo de Vigilância em Saúde, Antônio Lima Neto (Tanta), explica que a circulação do Influenza e do VSR começou a diminuir nas primeiras semanas do mês. A frequência de casos mais graves causados por eles, portanto, também deve sofrer redução.
O secretário destaca que nos últimos dois anos o Vírus Sincicial foi um dos principais patógenos a causar pressão nas redes de assistência no Brasil, com algumas unidades da federação e municípios precisando decretar estado de emergência.
“Não foi o caso do Ceará. Você precisa ter dados epidemiológicos que justifiquem de maneira muito evidente aquela emergência, ou seja, de que existe uma exaustão assistencial, e que você não é capaz, enquanto ente, seja o município ou estado, de prover naquele momento”, explica.
No Estado, o que mais chamou atenção da vigilância epidemiológica neste ano é que o pico da circulação viral foi postergado, passando de abril para maio. Além disso, a alta incidência durou mais tempo, com a dominância do VSR.
“A gente espera que esse ano, no mais tardar no ano que vem, a gente tenha vacinação disponível para as gestantes”, afirma Tanta. A vacina contra o VSR foi incorporada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) apenas em fevereiro de 2025 e ainda será distribuída.
Apesar da tendência de queda em junho, após o período chuvoso no Ceará, Tanta recomenda que os cuidados com os bebês continuem.
“Tem um número importante de crianças muito pequenas que podem desenvolver um quadro de bronquiolite. Ainda é um momento de manter as medidas de etiqueta respiratória, proteger os mais frágeis: as crianças nesse período de vida que não estão vacinadas nem sequer contra a Influenza”, explica.
A vacinação contra a Influenza continua disponível para todos os públicos no Ceará e é fortemente recomendada para crianças com mais de seis meses e idosos.
O município com maior número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) em maio foi Sobral, com 367 internamentos. Tanta explica que a quantidade é influenciada principalmente pelos atendimentos realizados no Hospital Regional Norte (HRN), localizado em Sobral, mas que atende cerca de 70 municípios da região.
Conforme o secretário executivo da Saúde de Sobral, Meykel Gomes, foi necessário abrir leitos pediátricos de retaguarda no Hospital Municipal Estevão Pontes para suprir a demanda de atendimentos do HRN.
Em maio, 10 novos leitos foram instalados e, em junho, mais nove foram disponibilizados. “Rapidamente foram ocupados. Nós já tivemos 79 crianças rodando nesses 19 leitos”, afirma.
Para lidar com o pico de casos e desafogar o Hospital Regional, a rede de atenção primária teve aumento de horário de atendimento em locais estratégicos, com cinco centros passando a funcionar até as 22 horas de segunda a sexta-feira.
Ao todo, 4.162 crianças de até 14 anos foram atendidas nas unidades básicas de saúde da cidade com casos gripais leves, apenas em maio. Cerca de 8.580 pessoas de todas as faixas etárias procuraram os postos de saúde com algum sintoma gripal no período.
“A partir de abril, quando a gente percebeu que a curva começou a acelerar, começou a criar plano de contingência. Traçamos algumas estratégias para desafogar o HRN, porque muitas pessoas levam direto pro hospital e isso superlota a emergência. Os casos com sinais de alerta continuam sendo enviados para o Hospital Regional Norte”, disse Meykel.