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Operação prende 15 proprietários de provedores de internet ligados a ataques ao CV
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Operação prende 15 proprietários de provedores de internet ligados a ataques ao CV

Outras quatro pessoas foram capturadas, somando 19 pessoas presas na ação. Suspeitos praticavam crimes de extorsão de clientes, danificavam empresas concorrentes e tabelavam preços para dominar o mercado de internet na região, contribuindo para criação de um monopólio do mercado de internet pela facção. Prisões aconteceram pela Polícia Civil em Fortaleza e Caucaia
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Foram apreendiso drogas, armamentos e equipamentos de provedores de internet  (Foto: Divulgação SSPDS)
Foto: Divulgação SSPDS Foram apreendiso drogas, armamentos e equipamentos de provedores de internet

Ao todo, 15 donos de empresas de provedores de internet que seriam ligadas à facção criminosa Comando Vermelho (CV) e atuam no Grande Pirambu, em Fortaleza, foram presos durante a quarta fase da Operação ‘Strike’, deflagrada nessa terça-feira, 17. As prisões aconteceram em Fortaleza e em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Foram 13 proprietários capturados por meio de mandados de prisão e dois em flagrante, sendo um deles um Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) suspeito também de fornecer armas à facção. Outras quatro pessoas foram capturadas, somando 19 pessoas presas na operação. As prisões em flagrantes aconteceram por posse ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas.

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Os alvos têm idades entre 26 e 56 anos. Além disso, foram bloqueados mais de R$ 5 milhões e R$ 250 mil em 21 contas bancárias dos suspeitos, valores ligados ao esquema criminoso da facção, segundo a Polícia Civil do Ceará (PCCE).

Conforme as investigações, os proprietários estariam ligados à organização desde o ano de 2023, como forma de criar um monopólio do mercado de internet pela facção. Os ataques ligados a esse esquema criminoso foram intensificados desde janeiro deste ano. Entre eles, ataques a carros de empresas e sedes de provedoras no Estado.

De acordo com o delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Alisson Gomes, os proprietários praticavam crimes de extorsão de clientes, danificavam empresas concorrentes e tabelavam preços para dominar o mercado de internet na região do Grande Pirambu, principalmente contra estabelecimento que não eram aliados com facção.

“Passaram a tentar monopolizar o mercado de internet. Na prática, eles mantinham o contato via WhatsApp. Com esse contato diretamente com os criminosos, eles indicavam quais eram as empresas que não estavam obedecendo às ordens para que pudesse ser danificado o patrimônio e tabelando preços”, disse o delegado.

Ainda segundo o titular da Draco, alguns criminosos alvos das fases anteriores da operação eram responsáveis por executar as ações criminosas e os empresários donos das provedoras cediam e aliaram informações, direcionando ações e configurando um esquema criminoso.

As investigações indicam que a aproximação dos empresários com a facção criminosa ocorreu em diferentes contextos. Em alguns casos, essa associação se deu de forma espontânea; em outros, teve início por meio de extorsões praticadas pelo grupo, onde alguns empresários enxergaram nessa relação uma oportunidade de obter vantagens, optando por se aliar à organização criminosa.

De acordo com as investigações, os proprietários das provedoras se comunicavam com lideranças da organização em vários grupos de WhatsApp e também de forma direta com as lideranças. Uma delas integra a lista dos mais procurados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), identificado como Carlos Mateus da Silva Alencar, o “Skidum”, líder do CV no Pirambu.

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O suspeito é responsável por ordenar ações que seriam executadas pelos empresários das provedoras, assim como os executores das ações criminosas.

“Os provedores que não poderiam funcionar, obviamente eram afastados e se beneficiavam recebendo, obtendo lucros, aumentando a clientela. Ficou demonstrado o vínculo direto desses donos com indivíduos integrantes de organizações criminosas”, afirma o delegado da Draco, Thiago Salgado.

Como forma de evitar as prisões e despistar as investigações, alguns dos alvos chegaram a alterar o registro e os nomes das empresas de internet. Outros procuraram órgãos administrativos, como Anatel, para regularizar as empresas, ou seja, deixar de exercer uma função de forma clandestina.

Operação contou com 200 policiais civis nas ações

Na operação, 200 policiais civis atuaram para capturar os suspeitos e apreender os materiais, entre armas de fogo, drogas, munições, veículos de luxo e equipamentos de provedoras de internet. Ao todo, 21 mandados de prisão foram expedidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas, sendo cumprido 17.

Os outros foram expedidos para um alvo em Fortaleza e outros três no estado do Rio de Janeiro, entre eles o Skidum. Investigação aponta que a liderança se esconde naquele estado e comanda a facção de longe. Outros 37 mandados de busca e apreensão foram cumpridos na operação. 

A operação ‘Strike’ teve início em março deste ano. Mais de 60 pessoas foram presas ao longo da operação realizada pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE). Elas são suspeitas de envolvimento diretamente com grupos criminosos que realizaram ataques aos provedores de internet no Ceará.

Entre os alvos presos, estão donos de provedores de empresas clandestinas, pessoas que executaram os ataques criminosos, bem como crimes de ameaças, crimes de homicídios e tráficos de drogas.


 

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