A cor ou raça, o nível de escolaridade e a religião são fatores que influenciam a fecundidade das mulheres brasileiras. No Ceará, a idade média das mulheres brancas que têm filhos é de 29,2 anos — maior que a média de idade das mulheres pardas e pretas e da média geral do Estado. Chega a 31,5 anos a média etária das mulheres com ensino superior completo que têm filhos no Estado. São quatro anos a mais do que a média daquelas que não têm instrução ou fundamental incompleto.
Considerando a religião, as evangélicas têm a maior taxa de fecundidade: 1,74. As católicas têm a segunda maior taxa, de 1,49, seguidas das mulheres sem religião, com 1,47. O demógrafo Júlio Racchumi Romero explica que múltiplos fatores influenciaram a redução da taxa de fecundidade, como a urbanização e o acesso a métodos contraceptivos. Mas a elevação do nível de escolaridade das mulheres é considerada uma das principai razões.
"A mulher mais escolarizada não vai ter apenas a possibilidade de uma melhor inserção no mercado de trabalho, ela também vai ter mudanças sociais, de valores, de perspectivas, a ampliação de uma visão dela como cidadã", explica o também professor da Universidade Federal do Ceará.
Além disso, o especialista afirma que mulheres que desejam ter filhos enfrentam dilemas sobre jornadas exaustivas e equilíbrio entre trabalho fora e dentro de casa. "Se a gente quer que as mulheres desejem ter filhos e também desejem trabalhar, a gente precisa dar as condições para que elas possam manter isso de uma forma harmônica", diz. Creches adequadas, horas especiais no trabalho para mães e uma divisão de tarefas domésticas e de cuidado mais igualitária podem influenciar na decisão de mulheres sobre ter ou não filhos.