Para agradecer pelas boas marés e pedir proteção ao mar, pescadores de Fortaleza celebraram o Dia de São Pedro na manhã deste domingo, 29. Além de uma missa em homenagem ao santo na Capela de São Pedro dos Pescadores, no bairro Mucuripe, foi realizada a tradicional procissão marítima. O evento reuniu centenas de pescadores, familiares, turistas e moradores da região.
São Pedro é reconhecido como o padroeiro dos pescadores por sua origem como trabalhador do mar, antes de se tornar apóstolo de Jesus e o primeiro papa da Igreja Católica Apostólica Romana.
Desde 2012, os festejos de São Pedro e a igreja dos pescadores são considerados patrimônios histórico-culturais de Fortaleza.
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A programação em homenagem ao santo dos pescadores na capital cearense tem início no dia 20 de junho, com a tradicional novena realizada todas as noites na Capela de São Pedro.
As celebrações encerram no dia 29 de junho com uma missa solene logo nas primeiras horas da manhã. Após a cerimônia, a imagem do santo é conduzida em cortejo terrestre por pescadores vestidos com roupas tradicionais até uma jangada no mar. Em seguida, tem início a tradicional procissão marítima em direção ao espigão do Náutico.
Uma leve chuva caia sobre o Mucuripe no momento em que a imagem de São Pedro iniciava sua procissão marítima, repetindo-se também na chegada de volta à praia. Para muitos fiéis, a chuva foi interpretada como um sinal de bênçãos
Maria Cristina de Paula, presidente da Colônia de Pescadores Z8, conta que a celebração teve início por volta da década de 1930 e, desde então, é organizada espontaneamente pela comunidade pesqueira local como forma de expressar sua devoção ao santo e reforçar os laços de fé e identidade coletiva.
“Os pescadores aguardam o ano inteiro por esse momento. É um momento de renovação de fé e gratidão a São Pedro, pelas boas marés e pela abundância da pesca. É uma festa cultural que não podemos permitir que se perca”, conta a presidente, que vive do mar e também é de uma família de pescadores e marisqueiros.
Ao final do percurso, a imagem retornou à capela. Este ano, 44 embarcações participaram do cortejo, incluindo dois veleiros e três lanchas de apoio. A estimativa é de que aproximadamente 400 pessoas estiveram no mar acompanhando a imagem de São Pedro.
José de Sousa, 63, foi um dos responsáveis por conduzir a imagem na jangada. Pescador desde os 12 anos, Zé Bigode, como gosta de ser chamado, diz que o momento é de gratidão.
“Como pescadores, temos sempre que agradecer a ele pelo nosso dia a dia, pelo retorno seguro do mar. Só isso já é uma grande dádiva que ele nos concede”, diz. “A gente agradece pelo que já foi concedido e também pede proteção, direção e saúde para o ano que virá. O maior desejo é estar vivo no próximo ano para comemorar novamente. É uma gratidão imensa”.
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A secretária de Cultura de Fortaleza, Helena Barbosa, destacou o valor simbólico do evento para a história e cultura da Capital cearense. “Trata-se de preservar uma prática cultural e religiosa, mantendo viva a memória da nossa cidade. Vivemos em uma cidade que nasceu pelo mar, cresceu a partir da pesca. Salvaguardar essa celebração é proteger aquilo que constitui nossa identidade.”
Ainda à noite, a programação se encerra com uma missa solene de encerramento, celebrada às 18h30 na Capela de São Pedro.