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Ceará registra caso de dengue tipo 3 após dez anos, mas cenário é de baixa transmissão
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Ceará registra caso de dengue tipo 3 após dez anos, mas cenário é de baixa transmissão

Paciente é uma menina de 9 anos, moradora de Barbalha, no Cariri cearense; de acordo com Sesa, neste momento não há risco de casos aumentarem
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Foto de apoio ilustrativo: informação foi divulgada por Antônio Silva Lima Neto, o Tanta (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Foto de apoio ilustrativo: informação foi divulgada por Antônio Silva Lima Neto, o Tanta

Uma menina de 9 anos, moradora de Barbalha, no Cariri cearense, foi diagnosticada na semana passada com dengue tipo 3. Último caso de infecção do tipo no Estado havia sido registrado em 2015. No entanto, o cenário epidemiológico da doença na unidade federativa segue sendo de baixa transmissão. 

Informações foram divulgadas pelo secretário executivo de Vigilância em Saúde do Ceará, Antônio Silva Lima Neto (Tanta), durante entrevista ao jornal O POVO na tarde de ontem, 2. 

Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue é uma doença viral que possui quatro sorotipos, sendo esses conhecidos como: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), cada um deles pode causar desde infecções assintomáticas até quadros graves, podendo apresentar os mesmos sintomas iniciais, como febre alta, dor de cabeça intensa e dor no corpo e nas articulações.

O sorotipo 3 não era registrado no Brasil desde 2008, mas voltou a circular de forma preocupante pelo País em 2024, com casos do porte identificados em estados como São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná. Até a semana passada o Ceará não fazia parte desse grupo, com último registro identificado há dez anos.

Conforme Tanta, o diagnóstico recente acende um alerta devido ao Estado nunca ter tido uma epidemia desse tipo da patologia, somente do 1 e do 2. Médico infectologista, ele explica que depois de contrair a doença o paciente fica imune apenas ao tipo da infecção que contraiu, não aos demais. 

Ou seja, no caso da dengue do tipo 3, como ela não circulava há muito tempo há mais pessoas que podem estar vulneráveis a ela. "Ele é um sorotipo que tem que ter cuidado, porque como ele não circulou tanto, existe uma fração da população que continua suscetível (a ele)", pontua o especialista. 

No entanto, Tanta diz que "nesse momento" não há risco da infecção se espalhar pelo Ceará, frisando que o Estado apresenta em 2025 um número de casos "bem abaixo" da média de anos anteriores e que a doença é sazonal, apresentando maior ocorrência no primeiro semestre do ano, em razão das chuvas.

"Foi um ano de muita baixa transmissão (...) Por isso, chama atenção essa transmissão no sul do Estado", destaca o representante da Secretária de Saúde estadual.

De acordo com informes da pasta, o Ceará registrou durante a Semana Epidemiológica 26 (22 a 28 de junho) um total de 2.333 casos da doença, quando no período semanal equivalente no ano passado o número foi de 9.674, mostrando uma queda de 75% do índice.

Para evitar o aumento de casos, a Sesa tem realizado a imunização contra a infecção no Estado desde 2024, atendendo atualmente 27 municípios. Entre eles estão: Fortaleza, Aquiraz, Eusébio, Itaitinga, Iguatu, Cariús, Piquet Carneiro, Mombaça, Deputado Irapuan Pinheiro, Acopiara, Catarina, Jucás, Quixelô, Saboeiro, Crato, Farias Brito, Nova Olinda, Assaré, Potengi, Altaneira, Antonina do Norte e Campos Sales.

Vacina protege contra os quatro sorotipos e, de acordo com a pasta de saúde, tem "eficácia comprovada de proteção de 80% contra o adoecimento e de 90% contra formas graves". Imunização segue abrangendo o público-alvo: crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos de idade. 

Criança não chegou a ser hospitalizada 

De acordo com Tanta, a criança que contraiu a infecção foi levada para um hospital de Barbalha apresentando sintomas comuns da dengue e recebeu o diagnóstico após exames. No entanto, o caso dela foi "leve, sem complicações" e não houve a necessidade de internação hospitalar. Outras amostras foram coletadas na região, para investigação, mas todas deram negativo.

Secretário destaca que o Sul do Estado é uma localidade de fronteira, o que pode ter contribuído para infecção, e frisa que a população da região pode estar mais suscetível a esse tipo da doença em razão de não ter sido afetada anteriormente, como aconteceu em outras áreas da unidade federativa.

"(Caso) Chama atenção pra uma novo sorotipo e para a necessidade de que surtos que podem tá ocorrendo em pequenas regiões do Cariri possam ser rapidamente manejados", frisa Tanta.

Para frear infecções, a Secretária de Saúde do Estado (Sesa) deve encaminhar um carro fumacê (que dispersa inseticida no ar) para Barbalha e áreas próximas. Os agentes de saúde também seguem atuando no trabalho preventivo, orientando população quanto ações que podem ser tomadas para reduzir os riscos de contrair a doença e impedir picada do mosquito, como evitar água parada e usar repelente.

 

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