Um mutirão para distribuição e aplicação de antenas corta-pipas em motocicletas foi realizado nesta quarta-feira, 9, em frente ao Theatro José de Alencar, no Centro de Fortaleza. A iniciativa da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) tem como objetivo prevenir acidentes envolvendo pipas e motociclistas durante o período de férias escolares.
Gerente de Operação e Fiscalização da AMC, André Luís Barcelos ressalta que essa é a primeira de uma série de ações educativas previstas para o mês, incluindo a abertura de novas turmas do curso de pilotagem segura. A formação gratuita já está com inscrições abertas, no site da AMC.
As ações são realizadas em alusão ao período em que se comemora ainda o Dia do Motociclista, celebrado em 27 de julho. “Esse é um mês de férias, um mês que tem aí atividades recreativas da pipa com a linha com cerol, com a linha chilena. Normalmente, nesse período, a gente tem um crescimento de quedas, que são provocadas justamente pela linha com cerol”, destaca.
Um levantamento realizado pela AMC revelou que, em 2024, os motociclistas são as principais vítimas de sinistros de trânsito em Fortaleza, correspondendo a 55% das mortes registradas em ruas e avenidas.
O perfil das vítimas dos acidentes fatais aponta que 80% desses usuários são do sexo masculino. A faixa etária mais atingida é a de 30 a 59 anos, que responde por 56% dos casos.
André Luís explica que o crescimento na taxa de mortalidade no trânsito, que aumentou 17% em Fortaleza, em 2024, com relação aos 157 óbitos registrados em 2023, refletem uma conjuntura nacional.
“O motociclista acaba sendo o mais afetado, porque hoje a motocicleta está sendo muito utilizada como um meio de trabalho, de subsistência. Tem a moto para transporte de pequenas mercadorias, a moto para o transporte de pessoas, de uma forma muito generalizada, transporte de documentos. Isso aumentou a exposição desse usuário. Boa parte da logística urbana hoje é feita com motos”, avalia.
Motorista de aplicativo há seis anos, Felipe Nuan, 34, relata que a temporada de férias acende um alerta para os acidentes envolvendo pipas. Ele conta que um de seus colegas já chegou a ser vítima desse tipo de sinistro, o que fez ele próprio redobrar os cuidados.
“A gente também tem que ter mais cuidado. É questão de ter mais cautela, não andar muito rápido e sempre estar com o capacete preso no pescoço, não no braço. É aquela coisa: até não acontecer com você, tranquilo, mas, a partir do momento que, Deus o livre, aconteça, você vai pensar ‘Poxa, aquilo ali é uma coisinha simples, mas salva vidas’”, reflete.
No Ceará, o uso de cerol, linha chilena ou de qualquer outro tipo de material cortante nas linhas de pipas, papagaios, pandorgas e de semelhantes artefatos lúdicos, para recreação ou com finalidade publicitária, em áreas públicas e comuns, é proibido, conforme determina a Lei n.º 17.226, de 12 de junho de 2020.
Gerente de Educação para o Trânsito da AMC, Leonardo Leite fala sobre a importância de ficar atento aos incidentes envolvendo pipas, especialmente durante a estação dos ventos e férias escolares. Os ricos, de acordo com ele, vão além das quedas e dos cortes.
“As linhas cortantes podem causar um curto circuito na rede elétrica, causando pane, quedas de energia e acidentes mais graves, até incêndio, com a faísca do sistema de energia elétrica. Pode também a linha da própria pipa enroscar nos pedais, no guidão da moto, atrapalhando a condução. Enfim, são muitos transtornos que uma simples linha, uma simples brincadeira pode causar”, avalia.
Ainda segundo o agente, além da utilização correta do capacete, com a viseira abaixada, o corta-pipas também ajuda a prevenir acidentes graves. O equipamento, obrigatório apenas para mototaxistas, nada mais é que uma haste metálica com um gancho na extremidade, que rompe essas linhas cortantes antes que atinjam o condutor ou o passageiro, especialmente no pescoço, tórax e braços, regiões mais vulneráveis devido à ausência de proteção frontal nas motocicletas.
A trabalhadora autônoma Rita de Cácia, de 40 anos, foi uma das poucas mulheres que participaram da abordagem educativa da AMC. Há quatro anos pilotando moto, ela conta que durante os primeiros 15 dias sofreu um acidente e precisou ficar dois meses sem trabalhar.
Desde então, Rita de Cácia passou intensificar seus cuidados no trânsito, especialmente ao dirigir em vias com buracos e pipas. “Eu vejo muito adolescente usando essa tal linha chilena. E é perigoso, porque pode correr tanto o risco de acidentes, como pode levar à morte. Minha mãe trabalhou muito tempo no IJF, e lá ela viu um rapaz que quase foi decepado por causa dessa tal linha chilena”, conta.