As crises da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza não são atuais. A entidade lida com problemas que se arrastam ao longo dos anos, como o encerramento do Pronto Atendimento em janeiro de 2018 para destinar recursos para outras áreas, redução de e até mesmo a paralisação das ofertas de cirurgias. O mais recente caso foi a paralisação da regulação de novos pacientes.
No último dia 6 de junho, a entidade iniciou uma campanha de arrecadação em suas redes sociais para suprir as dívidas acumuladas pelos serviços ofertados pela unidade hospitalar. O vídeo publicado nas redes sociais da entidade aponta que 78% dos valores são provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS), só que os valores não suprem os custos que se tem com as demandas.
"O SUS paga apenas dez reais por uma consulta médica e R$ 996,34 por uma cirurgia de vesícula, que custa à Santa Casa R$ 2.413,20, uma diferença de 242%. Esse tipo de déficit se repete em todos os atendimentos de média complexidade. Assim, quanto mais pacientes atendemos, maior fica o desequilíbrio financeiro", informa vídeo de campanha.
Em 2024, entre os meses de janeiro e agosto, a unidade realizou apenas 71 cirurgias, 98% menor do que a quantidade de procedimentos realizados em 2023, com 3.893 procedimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde.
À época, o provedor informou ao O POVO que a redução dos procedimentos se deu por uma crise financeira, que causou um déficit mensal de aproximadamente R$ 3 milhões. A dívida total da entidade já alcançava a marca de R$ 100 milhões.
Ainda em 2024, em dezembro, o Ministério da Saúde repassou R$ 9,5 milhões para a Santa Casa de Misericórdia. O valor conseguiu pagar os vencimentos atrasados do hospital, além da primeira parcela do 13º salário.
O dinheiro foi usado ainda para quitar dívidas com os fornecedores e para a compra de insumos usados pelo hospital no dia a dia.