O quadro mais alarmante apresentado pela pesquisa é o acesso a esgoto. Dentre as três cidades cearenses, apenas Fortaleza tem mais de 45% da população ligada à rede de coleta, sendo Juazeiro do Norte a de maior preocupação, com apenas 22% dos moradores dispondo do serviço.
Na região do Cariri, a cidade inclusive está entre as dez piores do ranking tanto de coleta quanto de tratamento de esgoto. Para o pesquisador em saneamento ambiental Michael Barbosa, a falta do serviço pode acarretar em problemas não só para a população, mas também para outros seres vivos da região.
"Quando esse esgoto é lançado no corpo d'água, a gente tem problemas ambientais como mortandade de animais aquáticos e marinhos, geração de odores, impossibilita esse corpo d'água de ser usado para diversos usos. Quando esgotos domésticos são lançados em corpos d'água sem tratamento adequado, tem ali uma série de micro-organismos causadores de doenças", pontua o doutor em Engenharia Sanitária e professor do Instituto de Ciência do Mar da Universidade Federal do Ceará (UFC).
O pesquisador também destaca o papel dos serviços de água e esgoto como pré-requisito para melhor qualidade de vida dos moradores e também economia em saúde pública, já que segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cada real investido em saneamento pode evitar o gasto de até R$ 9 em internações e outros cuidados de medicina curativa.
"Universalizar o acesso a água potável significa permitir que a população consuma água com padrões adequados e assim reduzir doenças de veiculação hídrica, sobrecarga de hospitais, gastos com medicina corretiva e também aumentar o bem-estar da população", afirma Barbosa.