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Número de focos de calor cresce 5% no Ceará em 2024, aponta Anuário da Funceme
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Número de focos de calor cresce 5% no Ceará em 2024, aponta Anuário da Funceme

Publicação revelou focos de calor em todos os 184 municípios cearenses em 2024, analise reforça a importância do planejamento e da prevenção ambiental para o segundo semestre
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Funceme divulga Anuário 2024 e reforça alerta para o aumento do risco de queimadas (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Funceme divulga Anuário 2024 e reforça alerta para o aumento do risco de queimadas

Todos os 184 municípios do Ceará apresentaram focos de calor em 2024. Os dados foram divulgados na terça-feira passada, 22, pelo Anuário de Focos de Calor 2024, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Conforme o documento,  7.166 focos foram detectados por satélite, com um aumento de 5% em relação a 2023 quando foram registrados 6.808 focos, o que faz de 2024 o sétimo pior ano desde o início do monitoramento, em 1998.

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A gerente de Meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, explica o que são exatamente esses focos. “Foco de calor é como o satélite enxerga áreas muito quentes na superfície, com pelo menos 47°C. Essas áreas costumam estar relacionadas a queimadas ou incêndios florestais”, esclarece a especialista.

Ferramenta estratégica para auxiliar na prevenção de tragédias ambientais

Mais do que uma análise do ano de 2024, o anuário é um instrumento para o planejamento presente e futuro. Ele está disponível gratuitamente na plataforma da funceme, com mapas, gráficos, rankings e relatórios.

“Quando um gestor vê seu município entre os que mais registraram focos, isso serve de alerta. É o momento de pensar em prevenção, educação ambiental e capacitação de brigadistas”, aponta a meteorologista.

A publicação também tem impacto direto sobre decisões estratégicas. Segundo Meiry, a Secretaria da Infraestrutura (Seinfra) já utilizou dados anteriores para definir onde instalar placas educativas nas rodovias cearenses.

“Eles queriam saber por onde começar. A gente indicou os trechos com mais ocorrências, e as ações começaram por lá. É um exemplo claro de como informação técnica pode guiar políticas públicas eficazes”, relembrou Meiry.

Onde o fogo mais atingiu no Ceará em 2024?

O anuário apresenta um mapeamento detalhado com hierarquização dos municípios mais afetados. As maiores ocorrências foram em Boa Viagem, Crateús, Acopiara, Tauá, Quixeramobim, Sobral, Cariús e Mombaça. Em contraste, Fortaleza aparece em 159º lugar, com 88 focos registrados.

O documento também mostra focos em áreas de conservação e ao longo de rodovias estaduais e federais, onde o fogo pode ser iniciado por ações humanas, como descarte de bitucas de cigarro ou queima de lixo.

Condições que favorecem o fogo

A tendência de aumento nos focos de calor está ligada a uma combinação de fatores típicos do segundo semestre: alta temperatura, baixa umidade do ar, vegetação seca e ventos fortes.

“A caatinga, nosso bioma predominante, começa a secar após a estação chuvosa e vira combustível para incêndios. Os meses mais críticos são entre agosto e novembro, quando os focos se espalham com mais facilidade”, destaca a especialista.

Além disso, o monitoramento em tempo real no site da Funceme permite que bombeiros, brigadistas e a população acompanhem diariamente os focos ativos, o que ajuda na resposta rápida e na contenção de incêndios ainda no início.

O que esperar para os próximos anos?

Apesar do aumento recente, ainda não é possível afirmar que há uma tendência contínua de crescimento nos focos de calor no Ceará. Para Meiry, o cenário depende de muitos fatores, entre eles o comportamento da estação chuvosa e as mudanças climáticas em curso.

“Choveu mais em 2024 que em 2023. Isso fez a vegetação crescer mais, e agora ela está secando e servindo de combustível. A gente precisa observar os próximos meses para entender como vai se comportar 2025. Mas o aquecimento, a baixa umidade e o vento continuam sendo fatores preocupantes”, destacou a especialista.

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