Em entrevista coletiva realizada ontem, os promotores do Gaeco afirmaram que, além de receberem propina, os policiais extorquiam criminosos. Um dos modus operandi utilizados por eles consistia na exigência de dinheiro para não efetuar a prisão de pessoas que tinham mandados de prisão em aberto contra si. A identificação dessas pessoas ocorrida a partir de consultas aos próprios sistemas policiais.
"Eles faziam uma pesquisa nos sistemas e viam o potencial daquele traficante", afirmou Adriano Saraiva, coordenador do Gaeco. "Um traficante que comercializava muita droga, o valor da cobrança seria outro. Isso ia de acordo com o processo seletivo de poder econômico desses traficantes." Conforme Saraiva, algumas das cobranças ultrapassavam o valor de R$ 3 mil.
Dos 16 mandados de prisão expedidos, 14 foram cumpridos; dois dos alvos não foram localizados. Também foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão. As diligências foram efetuadas em Fortaleza, Pacoti, Itaitinga, Russas, Maracanaú e também em Maceió-AL. Todos os PMs alvos da operação, à época dos fatos apurados, trabalhavam no 16º Batalhão, que atende a região da Grande Messejana. Eles foram afastados cautelarmente pela Justiça. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados. O MPCE denunciou os PMs pelos crimes de integrar organização criminosa valendo-se da condição de servidor público; corrupção passiva; extorsão qualificada; e colaboração com grupo para o drogas.
A operação Kleptonomos foi batizada com esse nome em referência à junção dos termos do grego clássico "klepto" (que significa "roubar" ou "apropriar-se ilicitamente") e "nomos" (que representa "lei", "ordem" ou "norma estabelecida"). "Essa composição literal — 'aquele que rouba a lei' — traduz de forma direta a figura de quem usurpa a autoridade legal, cria regras próprias ou impõe um sistema paralelo de poder, em afronta ao ordenamento legítimo", afirmou o MPCE. (Colaborou Kleber Carvalho)