O Ceará registrou redução de 12,4% do número de roubos e furtos de celulares entre 2023 e 2024, com casos indo de 39.084 para 34.392. Queda foi apontada no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na quinta-feira passada, 24, e acompanha cenário observado em quase todo o Brasil.
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Índice apresentado no Estado está dentro da média que foi observada no País, cujos crimes do porte caíram 12,6% dentro do intervalo de tempo analisado, passando de 1.055.512 para 917.748. De acordo com a pesquisa, das 27 unidades federativas, 24 (88%) registraram declínio de infrações do tipo.
Em relação aos roubos identificados em 2024, 79,6% ocorreram em vias públicas, sendo a quinta e a sexta-feira os dias de maior incidência dos casos. Homens foram a maioria das vítimas (59,1%).
Já sobre os furtos, 43,7% deles foram realizados em logradouros de domínio público, acontecendo com uma frequência maior aos finais de semana e tendo mulheres como grande parte dos alvos (50,2%).
Em números absolutos, o Ceará surge em nono no ranking de estados que contabilizam os maiores índices de roubos e furtos que foram registrados ao longo do ano de 2024. Se considerar apenas a região Nordeste, ele fica em terceira colocação, seguindo somente a Bahia (72.133) e Pernambuco (48.086).
Veja os dez estados com o maior índices de furtos e roubos em 2024:
No comparativo das cidades, Fortaleza registrou 907,2 crimes do tipo a cada 100 mil habitantes, ficando em 20º colocação. Entre as capitais, ela aparece em 12º lugar, com a lista sendo liderada por locais como: São Luís (MA): 1.599,7; Belém (PA): 1.452,2; São Paulo (SP): 1.425,4 e Salvador (BA): 1.396,7.
Capitais com mais de 100 mil Habitantes que mais tiveram furtos e roubos de celulares em 2024:
Entre os motivos apontados na pesquisa que podem ter levado a redução de roubos e furtos de celulares está a implementação de programas específicos para a recuperação dos aparelhos. O Ceará atualmente é um dos 13 estados que têm uma ferramenta operando para a realização de resgates do tipo.
De acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), desde o lançamento da plataforma "Meu Celular", em abril de 2024, até esta sexta-feira, 25 de julho, já foram recuperados 8.942 aparelhos em todo o estado cearense.
Além da recuperação, a iniciativa levou a realização de ofensivas que tem como objetivo desarticular grupos especializados em roubo e em furto de celulares. Em março deste ano, por exemplo, quatro suspeitos que agiam em Fortaleza chegaram a ser presos e cerca de 100 aparelhos foram recuperados.
"Por fim, a SSPDS-CE reforça, mais uma vez, a importância do cadastro do aparelho na plataforma Meu Celular, que se soma a outras iniciativas, como o serviço Celular Seguro, desenvolvido pelo Governo Federal, com a finalidade de prevenir e comunicar ocorrências, contribuindo para a redução desses crimes em todo o estado", recomenda pasta. Cadastro pode ser feito no site: https://meucelular.sspds.ce.gov.br.
Considerando apenas o levantamento da SSPDS, o número de roubos de celulares no Ceará passou de 22.850 em 2023 para 19.362 em 2024, uma queda de 15,3%. Já os furtos foram de 16.234 para 15.030 no mesmo período de tempo analisado, representando um declínio de 7,4% do dado.
"A pasta reitera que as Forças de Segurança reforçam o policiamento em grandes eventos e em datas comemorativas, com foco na redução desses índices criminais", destaca secretaria em nota.
Para o doutor em Sociologia e pesquisador em segurança pública, César Barreira, o reforço da segurança é uma das causas que contribuem para a queda nos índices de roubos e furtos de celulares, aliada a políticas como programas de recuperação dos aparelhos e ao próprio cuidado adotado pela população.
"Eu vejo muita gente não circulando mais com celular quando vai pra determinados lugares. É muito interessante como a violência tem pautado a sociabilidade. Hoje a questão da sociabilidade passa muito pela violência", considera o especialista, frisando o reforço também de meios de segurança.
"Hoje você vê os prédios, os condomínios e as casas mesmo usando muitas câmeras, cercas elétricas (...) Isso de certa forma são elementos que dificultam uma ação do criminoso", complementa.
Por fim, Barreira pontua que a junção desses fatores, tanto políticas públicas como ações da população, tem levado infratores a recalcularem os riscos: "O crime ele é muito racional. As pessoas calculam antes de cometer o crime, calculam a possibilidade ou não de haver prisão ou morte".