Com o intuito de aumentar e escolaridade de pessoas da comunidade LGBTQIA+, a Secretaria da Diversidade (Sediv) e a Secretaria da Educação (Seduc) assinam um termo de cooperação técnica para a criação de turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) voltadas para esse público.
A assinatura ocorreu ontem, 4, durante o primeiro dia da 4ª Conferência Estadual dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ceará.
De acordo com a secretária da Diversidade, Mitchelle Meira, as aulas do EJA serão ofertadas para pessoas atendidas no Centro Estadual de Referência LGBT Thina Rodrigues. A prioridade será para os participantes do projeto-piloto Empodera+, iniciativa do Governo Federal que busca a inclusão dessa população no mercado de trabalho.
“Essa população, principalmente as pessoas trans, muitas vezes não conseguem terminar os estudos por questões do bullying homofóbico e transfóbico na escola. Passam a não estudar, a ter problemas inclusive sociais e vão parar em outro lugar, da vulnerabilidade e da cooptação pelas forças do mal, que eu digo. A gente vai encontrar essas pessoas no sistema prisional”, diz Mitchelle.
Além de ter aulas de EJA, os participantes do projeto Empodera+ têm bolsas remuneradas para pessoas em situação de vulnerabilidade, cursos de formação, articulação de vagas no mercado formal, impulsionamento de iniciativas de cooperativismo e empreendedorismo. Os participantes já foram escolhidos e já estão recebendo as bolsas.
No entanto, quem não conseguiu ser selecionado para as bolsas pode participar do EJA mesmo assim. “Se ela é LGBT e não concluiu o ensino fundamental e médio, ela pode fazer. Depois ela já pode ir para o Transpassando, um projeto de cursinho para LGBTs, principalmente trans, da Uece (Universidade Estadual do Ceará)”, explica a secretária.
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A Sediv também assinará um termo de cooperação com o Instituto Mais Diversidade e com o Banco Mundial para a realização de uma pesquisa sobre os impactos econômicos da exclusão de LGBTs do mercado de trabalho.
Mitchelle explica que a pesquisa ocorre em todo o País e terá a parceria da Sediv para ser divulgada entre a população atendida pela secretaria no Ceará.
“A pesquisa vai mostrar pra gente a quantidade de pessoas que não estão trabalhando e um dado muito importante, que é o impacto econômico. Muitas vezes o gestor que não é LGBT quer também saber disso. Tem pesquisas do Banco Mundial em outros países que isso chega a 1% do PIB”, relata.
A secretária afirma que a LGBTfobia pode atingir pessoas de qualquer classe, mas pode prejudicar ainda mais pessoas em vulnerabilidade social. “Quando a pessoa tem autonomia financeira, pode sair de uma situação de violência com mais tranquilidade. Se ela tem emancipação econômica, pode criar meios para enfrentar de forma mais fortalecida”.
A 4ª Conferência Estadual dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ceará faz parte da agenda da conferência nacional, que será realizada entre os dias 21 e 25 de outubro, em Brasília.
Desta segunda-feira, 4, até quarta-feira, 6, 250 representantes do Ceará discutem políticas públicas para a população LGBT em Caucaia, no Sesc Iparana Ecoresort. Os membros foram escolhidos em reuniões municipais e regionais realizadas em diferentes localidades do Estado.
Mitchelle Meira frisa que a diversidade de vozes oriundas de múltiplas partes do Estado são necessárias para a formulação de uma política plural. Os encaminhamentos serão aprovados por votação e encaminhados à conferência nacional por meio de um grupo de 49 delegados eleitos durante o evento.