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Ceará terá EJA para LGBTs e pesquisa sobre impacto econômico da exclusão
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Ceará terá EJA para LGBTs e pesquisa sobre impacto econômico da exclusão

Assinaturas de termos de cooperação ocorrem durante Conferência Estadual dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ceará. Evento vai até quarta-feira, 6, para discutir políticas públicas
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4ª Conferência Estadual dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ceará começou nesta segunda-feira, 4 (Foto: Divulgação/Sediv)
Foto: Divulgação/Sediv 4ª Conferência Estadual dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ceará começou nesta segunda-feira, 4

Com o intuito de aumentar e escolaridade de pessoas da comunidade LGBTQIA+, a Secretaria da Diversidade (Sediv) e a Secretaria da Educação (Seduc) assinam um termo de cooperação técnica para a criação de turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) voltadas para esse público.

A assinatura ocorreu ontem, 4, durante o primeiro dia da 4ª Conferência Estadual dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ceará.

De acordo com a secretária da Diversidade, Mitchelle Meira, as aulas do EJA serão ofertadas para pessoas atendidas no Centro Estadual de Referência LGBT Thina Rodrigues. A prioridade será para os participantes do projeto-piloto Empodera+, iniciativa do Governo Federal que busca a inclusão dessa população no mercado de trabalho.

“Essa população, principalmente as pessoas trans, muitas vezes não conseguem terminar os estudos por questões do bullying homofóbico e transfóbico na escola. Passam a não estudar, a ter problemas inclusive sociais e vão parar em outro lugar, da vulnerabilidade e da cooptação pelas forças do mal, que eu digo. A gente vai encontrar essas pessoas no sistema prisional”, diz Mitchelle.

Além de ter aulas de EJA, os participantes do projeto Empodera+ têm bolsas remuneradas para pessoas em situação de vulnerabilidade, cursos de formação, articulação de vagas no mercado formal, impulsionamento de iniciativas de cooperativismo e empreendedorismo. Os participantes já foram escolhidos e já estão recebendo as bolsas.

No entanto, quem não conseguiu ser selecionado para as bolsas pode participar do EJA mesmo assim. “Se ela é LGBT e não concluiu o ensino fundamental e médio, ela pode fazer. Depois ela já pode ir para o Transpassando, um projeto de cursinho para LGBTs, principalmente trans, da Uece (Universidade Estadual do Ceará)”, explica a secretária.

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Pesquisa sobre impacto econômico da exclusão dos LGBTs

A Sediv também assinará um termo de cooperação com o Instituto Mais Diversidade e com o Banco Mundial para a realização de uma pesquisa sobre os impactos econômicos da exclusão de LGBTs do mercado de trabalho.

Mitchelle explica que a pesquisa ocorre em todo o País e terá a parceria da Sediv para ser divulgada entre a população atendida pela secretaria no Ceará.

“A pesquisa vai mostrar pra gente a quantidade de pessoas que não estão trabalhando e um dado muito importante, que é o impacto econômico. Muitas vezes o gestor que não é LGBT quer também saber disso. Tem pesquisas do Banco Mundial em outros países que isso chega a 1% do PIB”, relata.

A secretária afirma que a LGBTfobia pode atingir pessoas de qualquer classe, mas pode prejudicar ainda mais pessoas em vulnerabilidade social. “Quando a pessoa tem autonomia financeira, pode sair de uma situação de violência com mais tranquilidade. Se ela tem emancipação econômica, pode criar meios para enfrentar de forma mais fortalecida”.

Conferência reúne representantes do movimento LGBT para pensar políticas públicas

A 4ª Conferência Estadual dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ceará faz parte da agenda da conferência nacional, que será realizada entre os dias 21 e 25 de outubro, em Brasília.

Desta segunda-feira, 4, até quarta-feira, 6, 250 representantes do Ceará discutem políticas públicas para a população LGBT em Caucaia, no Sesc Iparana Ecoresort. Os membros foram escolhidos em reuniões municipais e regionais realizadas em diferentes localidades do Estado.

Mitchelle Meira frisa que a diversidade de vozes oriundas de múltiplas partes do Estado são necessárias para a formulação de uma política plural. Os encaminhamentos serão aprovados por votação e encaminhados à conferência nacional por meio de um grupo de 49 delegados eleitos durante o evento.

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