Esforços para superar o desafio do analfabetismo foram tema de debate no Seminário Nacional pela Alfabetização, realizado em Fortaleza nessa quarta-feira, 6, e quinta-feira, 7.
O evento reuniu gestores públicos, especialistas e membros de organizações da sociedade civil para discutir a importância de um pacto entre diferentes setores em prol da alfabetização na idade certa no Brasil.
“Existe um desconhecimento, uma invisibilidade sobre o problema do analfabetismo de crianças no País e suas consequências”, afirma Veveu Arruda, diretor presidente da Associação Bem Comum, uma das realizadoras do evento.
Para ele, o objetivo do seminário é criar uma rede de pessoas que atuam em diversos municípios e estados com o intuito de compartilhar experiências sobre alfabetização.
“A sociedade civil como um todo precisa compreender que ela tem um papel a desenvolver. Movimento sociais, sindicatos, organizações produtivas, culturais, segmentos religiosos, famílias. Isso precisa ser um pacto nacional”, diz.
As avaliações diagnósticas, as políticas públicas desenvolvidas com base em evidências, o financiamento, a formação continuada de professores e a mobilização social em torno da educação foram temas de mesas nos dois dias de evento.
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palácios, participou do encontro para discutir o Indicador Criança Alfabetizada, publicado pela primeira vez em 2024. O índice é calculado a partir das avaliações conduzidas pelos estados como parte do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA).
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Em 2024, 59,2% das crianças das redes públicas de ensino de todo o Brasil foram alfabetizadas na idade certa. O número aumentou em 3,2 pontos percentuais em relação a 2023, quando o indicador nacional era de 56%. Ainda não foi possível atingir a meta de 60% estabelecida pelo MEC.
“Muitos estados alcançaram as metas que assumiram conosco no Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. Alguns estados precisam fazer um esforço adicional para alcançar. Eu estou otimista. Nós temos até 2030 para assegurar a proposta que foi pactuada com todos os governos estaduais e municípios: que toda criança esteja alfabetizada ao final do segundo ano do ensino fundamental”, disse Manuel.
No índice, o Ceará foi destaque nos dois anos de divulgação. O Estado foi o único a alcançar 85% das crianças da rede pública alfabetizadas na idade certa em 2024.
Além dos dados educacionais e sociais do passado, o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Márcio Pochmann, defende que as políticas públicas sejam planejadas olhando para predições do futuro, levando em conta as mudanças econômicas, climáticas e as transformações digitais.
“Nós estamos vivendo uma mudança de época. O presente e o passado não necessariamente se reproduzirão nos próximos anos. Se você está tendo uma trajetória de queda na taxa de fecundidade, um deslocamento geoeconômico para outras cidades, o que as políticas públicas podem fazer em relação a isso, não apenas olhando a realidade do passado?”, indaga.