Em dez anos, o Ceará registrou pelo menos 49 chacinas com 255 vítimas em 26 municípios cearenses, sendo 13 apenas em Fortaleza. Os dados são de um levantamento inédito do Comitê de Prevenção e Combate à Violência da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), divulgado nesta sexta-feira, 8.
As informações foram contabilizadas entre os anos de 2015 até o dia 31 de julho de 2025. O caso mais recente foi registrado no município de Itapajé, a 130,31 quilômetros de Fortaleza. Quatro homens foram mortos a tiros na madrugada do dia 31 de julho. Eles tinham 17, 19, 21, 22 anos de idade.
No estudo também estão inseridos episódios que ganharam projeção nacional, como a Chacina do Curió, em novembro de 2015, e a Chacina das Cajazeiras, em janeiro de 2018, também conhecida como chacina do “Forró do Gago”.
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As chacinas deixaram 11 e 14 pessoas mortos, respectivamente. Os crimes aconteceram na Capital cearense. No próximo dia 25 de agosto e 22 de setembro de 2025, dez policiais militares irão a julgamento pelo júri popular, acusados de participação na Chacina do Curió.
Outros 14 PMs já foram julgados e absolvidos, enquanto seis foram condenados em três julgamentos sobre o crime ao longo do ano de 2023. No balanço dos três primeiros julgamentos, cinco réus foram condenados por todos os crimes e um por tortura.
A Justiça do Ceará marcou o julgamento do segundo acusado pela Chacina das Cajazeiras, crime conhecido popularmente como “Forró do Gago”. O réu será levado a júri popular no dia 18 de setembro deste ano. Em maio passado, o primeiro réu a ser julgado foi condenado a 790 anos e quatro meses de prisão.
A análise do levantamento realizado pelo Comitê revela como a dinâmica da violência armada no Ceará tem se configurado ao longo da última década. Os maiores picos de violência foram registrados nos anos de 2017 e 2018, com oito chacinas em cada período. Em contraste, anos como 2016 e 2019 contabilizaram apenas um caso.
Conforme o estudo, os municípios de Sobral, Quiterianópolis, Cascavel, Viçosa do Ceará, Maranguape, Milagres e Quixeramobim tiveram episódios de violência armada. Os casos estavam relacionados, muitas vezes, a disputas entre facções criminosas, ações de vingança ou represálias, além de operações policiais.
O coordenador técnico do Comitê de Prevenção e Combate à Violência, Thiago Holanda, destaca um fenômenos nos episódios de violência. Antes, eram mais concentrados nas Capitais e, atualmente, está se espalhando para o Interior do Ceará. “É o fenômeno da interiorização da violência, característica que tem figurado no cenário da violência letal no Estado”, disse.
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Ainda segundo Holanda, “a interiorização desafia as narrativas que associam os altos índices de letalidade às capitais e grandes centros urbanos. Ela aponta para uma reconfiguração do mapa da criminalidade, em que a atuação de grupos armados, inclusive facções criminosas, tem ampliado seu alcance territorial”.
2015: 6 chacinas
2016: 1 chacina
2017: 8 chacinas
2018: 8 chacinas
2019: 1 chacina
2020: 3 chacinas
2021: 7 chacinas
2022: 3 chacinas
2023: 4 chacinas
2024: 6 chacinas
2025 (até 31 de julho): 2 chacinas
Fortaleza
Limoeiro do Norte
Sobral
Pacatuba
Horizonte
Aquiraz
Paraipaba
Ipueiras
Jaguaruana
Maranguape
Itapajé
Quixeramobim
Palmácia
Milagres
Quiterianópolis
Ibaretama
Caucaia
Chorozinho
Guaraciaba do Norte
Viçosa do Ceará
Juazeiro do Norte
Itarema
Ibiquitinga
Aracoiaba
Monsenhor Tabosa
Cascavel