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Ex-funcionários da Rede Cuca cobram direitos trabalhistas atrasados pela Prefeitura
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Ex-funcionários da Rede Cuca cobram direitos trabalhistas atrasados pela Prefeitura

Cerca de 300 colaboradores dos cinco Cucas dispostos pela cidade foram demitidos no dia 30 de junho, após troca na administração do equipamento
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Unidade do CUCA no bairro José Walter (Foto: Divulgação/ Rodrigo Carvalho)
Foto: Divulgação/ Rodrigo Carvalho Unidade do CUCA no bairro José Walter

Ex-funcionários da Rede de Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cuca) estão cobrando a Prefeitura de Fortaleza por direitos trabalhistas atrasados há mais de um mês. A demanda surge após a demissão de colaboradores dos cinco equipamentos na cidade, nos bairros Mondubim, Jangurussu, José Walter, Barra do Ceará e Pici, no último dia 30 de junho.

Cerca de 300 profissionais foram demitidos no final do primeiro semestre, entre o encerramento do contrato de gestão do Instituto Cuca (IC), até então responsável pela gestão dos equipamentos, e a entrada do Instituto Juventude pela Vida (Ivida), atualmente à frente dos espaços.

Segundo os ex-funcionários, pouco antes do encerramento do contrato, a direção do IC alegou dificuldades financeiras, e que por falta de verba, não teria como arcar com os direitos trabalhistas dos colaboradores. Havia também a promessa de recontratações dos profissionais demitidos após à entrada do Ivida, o que, segundo relatos, não aconteceu com a maioria.

“Foi feita uma reunião informando que as contas não estavam fechando, que não tinha dinheiro para seguir em frente e que o nosso contrato iria terminar no dia 28/06 e quando chegasse essa data todo mundo ia ser desligado e não ia ter verba para ser pago ninguém”, conta Alice Machado, ex-funcionária da Rede Cuca.

Em relato ao O POVO, a ex-gestora de Recursos Humanos da Rede conta que foram quitados apenas os salários dos funcionários, restando pendentes os pagamentos de multas rescisórias e outros direitos trabalhistas.

Com a ausência do dinheiro, diversos profissionais têm enfrentado dificuldades para equilibrar as contas cotidianas, como água, luz, alimentação, entre outras. O receio dos trabalhadores é de que, com os juros que incidem sobre o atraso, o pagamento dos direitos trabalhistas se torne insuficiente para quitar as dívidas.

A ingrata surpresa de não receber o que lhe é de direito também compromete por vezes o planejamento de toda uma vida. Um ex-funcionário, que trabalhava no Cuca há mais de 10 anos e optou por não se identificar, conta que estava juntando dinheiro para comprar o próprio carro, mas precisou adiar a conquista devido à demissão.

“Eu tenho um sonho que é comprar o meu transporte. Necessito disso. Meu sonho tá indo embora. E por uma resposta que não sai. Meu filho há pouco tempo casou e não consegui dar o presente dele de casamento. Sabe o que é isso para um pai?”, lamenta.

Caso está sendo acompanhado pela PGM

O caso foi levado até a Procuradoria Geral do Município de Fortaleza, que tem mediado as negociações entre os trabalhadores e a Secretaria da Juventude (Sejuv), responsável pelo acompanhamento da administração do Cuca.

Entretanto, os profissionais alegam dificuldades na comunicação também com a PGM, que estipulou um prazo inicial de 10 dias para sentar à mesa com Sejuv e a comissão representante dos profissionais, o que, mais de duas semanas após o contato inicial, ainda não aconteceu.

O temor dos profissionais agora é de que a negociação se arraste por ainda mais tempo, a fim de enfraquecer o grupo, e que a gestão tente parcelar ou até mesmo remover parte dos direitos devidos.

“A gente tem escutado conversas de que há possibilidade de que eles queiram parcelar por até um ano o que nos devem, de que queiram que a gente abra mão dos 40% de multa de ressarcimento…”, pontua um dos líderes do movimento, que optou por não se identificar.

Em nota, a Secretaria Municipal da Juventude informou que o não pagamento das rescisões dos ex-funcionários do Instituto Cuca é de responsabilidade do próprio instituto, que teria gastado "os valores referentes às garantias trabalhistas em outras áreas, e não repassou para a conta com este fim específico".

De acordo com o informe, a gestão do prefeito Evandro Leitão recebeu da gestão de José Sarto, em janeiro deste ano, dívida de cerca de R$ 5 milhões, referente aos direitos trabalhistas.

"A gestão de Evandro Leitão pagou mensalmente os direitos dos funcionários referentes a 2025 - até o fim do contrato com o Instituto. A despeito da irregularidade do próprio Instituto, dia 22 de julho, foi realizada reunião com representantes do Instituto Cuca e da Procuradoria-Geral do Município (PGM). Na ocasião, foram iniciadas as tratativas para resolver as pendências financeiras", completa. 

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