Alimentação acelerada, pouca mastigação, ingestão de pedaços grandes de comida ou simples infortúnios podem resultar nas obstruções de vias respiratórias, os famosos "engasgos". Situações como a vista no último fim de semana, onde uma criança se entalou durante a alimentação, em Fortaleza, podem levar a óbito após alguns minutos e exigem resposta rápida.
Como visto na cena, uma das soluções é a manobra de Heimlich, que impulsiona o ar dos pulmões a fim de desobstruir as vias respiratórias. Entretanto, a técnica nem sempre é a melhor solução e pode levar prejuízos a quem se tenta salvar, conforme explica o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE).
Para saber quando usar a manobra é necessário primeiro identificar se o engasgo é total ou parcial. No caso das obstruções por completo, a pessoa não consegue emitir sons, não respira e pode ter mudança de tonalidade da pele, enquanto nas parciais os sintomas são mais leves.
“A manobra de Heimlich é necessária quando você tem a obstrução total da via respiratória. Quando isso acontece, você nem consegue colocar o ar para dentro, nem para fora. É nesse tipo de situação que a manobra se torna necessária. Porque você tem que forçar a desobstrução”, afirma o capitão do CBMCE, Romário Fernandes, que também aponta para a ineficácia da manobra em engasgos parciais.
“Ela só é efetiva se tiver uma obstrução total. A pessoa não consegue falar, não consegue respirar. Se a pessoa consegue respirar e falar, mesmo estando engasgada, a manobra não vai funcionar. Você vai fazer essa compressão, mas o ar vai sair sem empurrar o material que está lá”, complementa.
Apesar de ser o meio mais eficaz para a desobstrução das vias respiratórias, existem algumas contraindicações para o uso da manobra. Uma delas é nos engasgos de crianças pequenas, especialmente bebês, já que devido ao tamanho reduzido, é difícil que um adulto consiga encaixá-la nos braços de maneira correta para impulsionar o ar.
Outro problema é a fragilidade dos bebês, já que a manobra exige a aplicação de força, o que pode acabar lesionando os ossos da criança. Para esses casos, o recomendado é colocar a criança de bruços e desferir tapas com força moderada nas costas.
Também é necessário ter cuidado ao aplicar a manobra em idosos, já que estes por vezes possuem ossos frágeis, e exageros de força na manobra podem lesioná-los.
As gestantes também são um grupo que exige atenção especial. Ao invés de aplicar a manobra no topo do estômago, a pressão deve ser executada um pouco mais acima, de forma que não atinja a barriga e não prejudique o bebê.
A manobra de Heimlich tem por objetivo forçar o ar dos pulmões a sair de forma abrupta, e consequentemente, empurrar o objeto que está obstruindo as vias respiratórias para fora do corpo. Para isso, é necessário o posicionamento correto e aplicação de força sobre o abdômen.
Primeiramente, se posiciona às costas da pessoa engasgada e firma os pés atrás dela. Posicionado, o executor da manobra deve também envolver a vítima com os dois braços e segurar um dos pulsos. O passo final é pressionar de forma rápida e forte a parte de cima do abdômen da pessoa engasgada.
“Você vai fazer uma compressão rápida e forte. Na hora que você faz isso de uma vez, o ar que está no pulmão é forçado a sair e o único lugar por onde ele pode sair é por onde ele entrou. Isso vai acabar impulsionando o ar a empurrar o que está obstruindo para fora”, explica Romário.
O conhecimento geral sobre como e quando aplicar a manobra de Heimlich pode salvar vidas, e por isso, é disseminado pelo Corpo de Bombeiros também nas escolas públicas do Estado. Para solicitar uma oficina, a instituição de ensino deve procurar o Centro de Treinamento e Desenvolvimento Humano (CTDH) e agendar a visita.
No caso das escolas particulares, há a possibilidade de contratar profissionais da área de salvamento para ensinarem a manobra aos alunos.
Onde: Avenida Borges de Melo, 690, Parreão – Fortaleza/CE
Telefone: (85) 3101-6585
Coordenador: TC Paulo George Girão da Silva