Nove cidades do Ceará tinham todas as crianças alfabetizadas em 2024, de acordo com dados do novo Indicador Criança Alfabetizada (ICA), do Ministério da Educação (Mec). Estado atingiu 85,3% de crianças alfabetizadas ao final do 2º ano do ensino fundamental, sendo o único do Brasil a superar a meta nacional.
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Municípios cearenses que atingiram o resultado máximo do índice (de 100%) foram: Catundá, Coreaú, Forquilha, Graça, Novo Oriente, Pacujá, Piquet Carneiro, Pires Ferreira e Poranga.
Pesquisa, lançada no ano passado, é produzida por meio de uma avaliação censitária (com todos os alunos) conforme o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Entidade considera como alfabetizada a criança capaz de: ler palavras, frases e textos curtos, localizar informações explícitas em pequenos textos e inferir informações em textos com linguagem verbal e não verbal.
A média de alfabetização estipulada pelo Governo Federal para 2024 era de 60%. No levantamento, o Ceará assume a liderança nacional do índice, superando a porcentagem brasileira, que ficou em 59,2%.
Pelo recorte dos municípios, além das nove cidades do Estado que chegaram a ter 100% de suas crianças alfabetizadas no período, aparecem próximo de atingir o índice total cidades cearenses como: Pedra Branca (99,70%), Nova Russas (99,64%), Ipueiras (99,54%), Nova Olinda (99,53%), Quiterianópolis (99,49%), Monsenhor Tabosa (99,36%), Ararendá (99,34%), Martinópole (99,545) e Ipaporanga (99,16%).
De acordo com Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), para que todos os municípios sigam avançando no índice é realizado "um trabalho contínuo de acompanhamento e monitoramento", contando com a parceria de gestores municipais e escolas, com base no Regime de Colaboração.
"Processo é estruturado pelo Programa de Aprendizagem na Idade Certa (Paic), que oferece formação continuada aos professores, apoio à gestão escolar, materiais pedagógicos estruturados e avaliação, além de incentivar a jornada prolongada com suporte técnico, financeiro e pedagógico nas redes municipais", destaca.
Programa atua nos eixos "formação e incentivo à leitura, avaliação e monitoramento, reconhecimento e incentivos", e conta com 100% de adesão dos municípios, realizando módulos formativos específicos para o 1º e 2º anos do Ensino Fundamental, fortalecimento da gestão educacional, entre outras ações.
Seduc também destaca o lançamento, em 2025, do Projeto de Redução das Desigualdades de Aprendizagem no Ensino Fundamental, com "foco no apoio técnico às redes municipais e no desenvolvimento de iniciativas estratégicas para assegurar a aprendizagem plena".
"Esse conjunto de ações tem sido fundamental para a evolução dos resultados de alfabetização no Ceará, consolidando o estado como referência nacional em educação pública de qualidade", completa pasta.
Considerando somente as cidades brasileiras que tem mais de 100 mil habitantes, o município de Sobral, a 233 km de Fortaleza, aparece com 98,58% dos alunos alfabetizados em 2024. Índice é o maior do Brasil, dentro do nicho específico analisado, e supera a média imposta para a região, de 80%.
Mapeamento foi realizado pela prefeitura de Itapipoca e divulgado pela de Maracanaú, em meio a uma colaboração realizada entre ambas. As duas cidades constam no ranking das dez do Brasil que tem os melhores índices de alfabetização, considerando apenas a faixa populacional analisada.
Depois de Sobral, surgem na sequência: Crato (CE), com 95,37%, Rio Verde (GO), com 89,88%, Itapipoca (CE), com 88,96%, Itauna (MG), com 88,76%, Passos (MG), com 86,17%, Maracanaú (CE), com 84,92%, Três Lagoas (MS), com 82,99%, Conselheiro Lafaiete (MG), com 82,19%, e Barbacena (MG), com 81,97%.
Maria José Barbosa, professora Adjunta da Faculdade de Educação (Faced), da Universidade Federal do Ceará (UFC), reconhece resultado como positivo e destaca que as políticas desenvolvidas no Ceará estão surtindo efeito", mas pontua que avanços muitas vencem acontecem em razão das gestões escolares e de professores que "investem pessoalmente para terem bons resultados".
"A alfabetização ainda é um desafio, e também é muito positivo que aconteçam estas diferenças de indicadores. Pois a execução e sucesso de uma política exige compromisso, constância", destaca, completando: "O reconhecimento e apoio as professoras deve ser intenso, pois são profissionais que estão adoecendo nas salas, temos que levar em conta que os problemas sociais dos entornos chegam a escola".
Analisando os dados fornecidos pelo Indicador Criança Alfabetizada (ICA) também é possível perceber os municípios que não conseguiram bater a meta estipulada para eles. Juazeiro do Norte ficou com o pior índice do Estado, atingindo 59,48%, quando devia bater o percentual de 63,78%.
Procurada pelo O POVO, a Secretaria Municipal da cidade informou que está ciente dos índices de alfabetização do município e reforçou "que já está elaborando e implementando estratégias para melhorar os resultados e garantir avanços significativos na aprendizagem dos estudantes da rede pública".
Município cita como ações o lançamento, em julho último, da nova fase do programa Educa Juazeiro, com foco na aprendizagem e no desenvolvimento integral dos alunos, possibilitando reforço escolar.
"A Secretaria tem intensificado o acompanhamento pedagógico nas escolas, monitorando o nível de leitura e interpretação de texto de cada aluno, entre outros aspectos da aprendizagem. A pasta também tem fortalecido a formação continuada dos professores e promovido parcerias com instituições de ensino e pesquisa. Essas ações integradas fazem parte de um plano estratégico de médio e longo prazo, que visa não apenas elevar os índices, mas também assegurar um ensino-aprendizagem de qualidade", diz.
Cinco menores resultados no Ceará:
Já Fortaleza tinha como meta a ser atingida o percentual de 74,95% e alcançou 74,81%. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME), a Capital busca crescer no índice "realizando ações de formação continuada para professores e coordenadores pedagógicos que atuam no Ciclo de Alfabetização, assim como a aplicação de avaliações de leitura e escrita que subsidiam as ações formativas e as práticas pedagógicas no contexto da escola, considerando também os contextos da comunidade escolar".
Pasta também cita procedimentos como aquisição e elaboração de materiais estruturados e interativos, atividades para enriquecer a aprendizagem, e a "adesão ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA), que busca conjugar os esforços da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, para garantir o direito à alfabetização das crianças brasileiras", entre outros.