O Hospital Geral de Fortaleza (HGF) inaugurou, nessa terça-feira, 26, a Sala Lilás Clarissa Costa Gomes, ambiente para o acolhimento multiprofissional (social, psicológico e médico) às mulheres vítimas de violência.
A secretária da Saúde do Ceará, Tânia Mara Coelho, afirma que a nova sala visa proporcionar acolhimento qualificado e humanizado. “E também trabalhamos com as profilaxias para questões de doenças e infecções sexualmente transmissíveis, para orientar a mulher”, destaca.
No mesmo sentido, o diretor geral do HGF, Manoel Pedro Guimarães, comenta que a iniciativa foi motivada pela percepção de haver um “vazio assistencial, no tocante a violência contra a mulher”.
Já o diretor técnico Khalil Feitosa, do HGF, explica que o protocolo de atendimento tem foco principal na prevenção e identificação precoce das situações de violência.
O fluxo é acionado nas três principais portas de entrada da instituição – ambulatórios, emergência obstétrica e emergência geral – quando profissionais como enfermeiros, médicos, recepcionistas e seguranças identificam potenciais situações de violência por meio de uma série de critérios.
As pacientes clinicamente estáveis são encaminhadas a um ambiente protegido para escuta, inicialmente destinado a mulheres adultas, crianças e adolescentes, visando evitar a repetição do ciclo de violência. Ele também comunica que há planos de expansão futura para incluir idosos.
Tais iniciativas visam encorajar as mulheres a fazer denúncias e reduzir os alarmantes índices de violência de gênero registrados na Capital, segundo Julliana Albuquerque, delegada de polícia e secretária executiva da Secretaria de Mulheres, da Prefeitura de Fortaleza, no setor de enfrentamento à violência contra a mulher.
“As mulheres que estejam em situação de violência podem entrar num desses equipamentos que serão acolhidas de um atendimento humanizado com psicólogos e assistentes sociais. E isso faz com que ela tenha mais coragem para fazer as denúncias”, afirma Julliana.
A Capital registrou seis feminicídios e mais de cinco mil casos de violência contra a mulher apenas nos primeiros sete meses deste ano, de acordo com os dados da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), de 2025.
Durante a inauguração também foi entregue um local destinado à medicação de pacientes da Emergência e a conclusão da reforma do serviço de Hemodinâmica.
O espaço de Hemodinâmica foi modernizado e recebeu novos equipamentos voltados à detecção de disfunções neurológicas, cardiológicas e endovasculares.
A Sala Lilás disponibilizará acesso discreto e atendimento privativo para procedimentos e exames, sendo denominado Clarissa Costa Gomes, em memória da enfermeira e colaboradora do hospital, vítima de feminicídio em julho deste ano.
“Espero que esse equipamento que foi direcionado em nome dela sirva realmente para diminuir a violência das mulheres, que acontece com muitas mulheres, e que o nome dela se reflita para isso acabar”, disse o empresário Luciano Gomes, pai de Clarissa, durante a inauguração da sala.
A enfermeira Clarissa Costa Gomes foi morta com 34 facadas pelo ex-companheiro, Matheus Anthony Queiroz, no dia 9 de julho, em Fortaleza.
Ela tinha 31 anos e trabalhava como enfermeira especializada na área de neonatal - voltada para recém-nascidos - no HGF.