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Vicente Pinzón e arredores registram 2 mortos e 3 baleados ontem
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Vicente Pinzón e arredores registram 2 mortos e 3 baleados ontem

| VIOLÊNCIA | Região registra confronto entre as facções criminosas CV e GDE
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CASA foi incendiada no início da manhã dessa quarta-feira, 27, no bairro Vicente Pinzón (Foto: Reprodução/ Via WhatsApp O POVO)
Foto: Reprodução/ Via WhatsApp O POVO CASA foi incendiada no início da manhã dessa quarta-feira, 27, no bairro Vicente Pinzón

A região de Fortaleza que engloba os bairros Vicente Pinzón e Papicu voltou a registrar mais um dia de violência nessa quarta-feira, 27. No Vicente Pinzón, dois homens foram baleados e uma casa foi incendiada. Já na comunidade dos Índios, no Papicu, um novo duplo homicídio foi registrado durante a madrugada. Por fim, durante à tarde, um motorista foi baleado no braço ao trafegar pela rua Fausto Cabral, também no Papicu.

Tanto o Vicente Pinzón, quanto o Papicu têm sofrido com a disputa entre as facções criminosas Comando Vermelho e Guardiões do Estado (GDE). O conflito teve início no Vicente Pinzón, no final de junho, quando uma liderança da GDE no bairro teve a morte "decretada" pela facção e, com isso, decidiu aderir ao CV. Ao mudar de facção, Ronald Pinto dos Santos, o "Bicho Feio", trouxe consigo diversos aliados. O CV, então, passou a tentar controlar o Vicente Pinzón, cuja hegemonia, há anos, é da GDE. Mais de 10 assassinatos já foram registrados nessa guerra, além de inúmeros tiroteios e expulsão de moradores.

Na madrugada dessa quarta, um novo tiroteio foi registrado. Moradores relataram terem ouvido explosões que associaram à detonação de granadas. Pela manhã, dois homens foram baleados e socorridos a uma unidade de saúde. Nas diligências, a Polícia Militar apreendeu uma pistola .40, mas nenhum suspeito foi preso. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirmou não ter sido possível relacionar essa dupla lesão à bala ao incêndio que consumiu uma casa localizada na Rua dos Girassóis, também no Vicente Pinzón.

Imagens feitas no local do incêndio mostram um galão de gasolina em frente ao imóvel, que, em suas paredes, continha pichações em alusão ao CV. O Corpo de Bombeiros debelou as chamas, que não feriram ninguém. Após o incêndio, os moradores da residência mudaram-se do local. Também não houve prisões neste caso.

Em relação ao duplo homicídio na comunidade dos Índios, as vítimas foram dois homens. Eles não tiveram as identidades divulgadas, somente as idades: 32 e 38 anos. Também nesse crime não foram registradas prisões em flagrante. O duplo assassinato foi registrado após, na sexta-feira, 22, um casal ter sido morto dentro de uma casa da comunidade.

As investigações indicaram que Francisco Bruno Felipe de Oliveira, o Bruno Gordão, 36, e Geane Xavier de Almeida, 42, foram mortos após o homem decidir deixar a GDE para integrar o CV. Integrantes da facção cearense não teriam aceitado a mudança e assassinaram o casal. Quatro suspeitos do crime foram presos. Após o duplo homicídio na madrugada, a escola Professora Maria Gondim dos Santos, localizada no Papicu, nas proximidades da comunidade dos Índios, decidiu suspender as aulas de quarta.

Ao todo, sete homicídios já foram registrados neste mês de agosto no Papicu. Além disso, seguem as buscas pelos jovens que desapareceram no último domingo na comunidade da Verdes Mares, também localizada no bairro. José Washington Gadelha de Sena, 15, e André Ian Pereira Andrade, 17, teriam sido arrebatados por homens armados e ainda não foram encontrados. Ainda na manhã dessa quarta, outro homicídio foi registrado em um bairro vizinho ao Papicu. Na Cidade 2000, um jovem de 22 anos foi morto a tiros em um terreno baldio.

Durante o evento Vozes que Inspiram, realizado ontem no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), o secretário Roberto Sá comentou sobre a onda de violência na região. Segundo ele, a topografia da região, recheada de becos, é um desafio para as Forças de Segurança.

"Como a área tem uma topografia um pouco mais complexa, mesmo com muito policial, há lugares que às vezes a Polícia está patrulhando um beco e tem alguns em outros becos. E como eles são da região, conhecem muito bem ali, muitos são moradores, acabam se utilizando desse conhecimento da região, de onde moram os seus inimigos, das pessoas que eles querem atacar…", afirmou. Conforme a SSPDS, de 1º de julho até 26 de agosto, 109 pessoas foram presas na região (Com informações de Gabriele Félix e Alice Barbosa/Especiais para O POVO).

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