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Avanço maior é sobre comunidades antes dominadas pela GDE
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Avanço maior é sobre comunidades antes dominadas pela GDE

|EXPANSÃO| Relatório de inteligência policial diz que CV assumiu áreas no entorno dos portos do Pecém e Mucuripe
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MAPEAMENTO da Draco mostra hegemonia do CV no bairro Praia do Futuro II, em Fortaleza (Foto: Reprodução/Draco)
Foto: Reprodução/Draco MAPEAMENTO da Draco mostra hegemonia do CV no bairro Praia do Futuro II, em Fortaleza

O Relatório Técnico nº 154/2025/Draco/DRCO/PCCE, que O POVO teve acesso, também destaca que, atualmente, o Comando Vermelho (CV) conseguiu expulsar as facções rivais de todas as comunidades da Praia do Futuro II. No bairro já atuaram as rivais Guardiões do Estado (GDE) e Primeiro Comando da Capital (PCC).

O CV também tem hegemonia em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza, incluindo na região do Porto do Pecém. E, com a disputa com a GDE no Grande Vicente Pinzón, ainda quer controlar o entorno do Porto do Mucuripe.

O controle dessas áreas, de acordo com a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), faz parte do desejo do CV em expandir os seus negócios "também a nível nacional, devido à localização estratégica dos portos cearenses com a Europa e os Estados Unidos".

Levantamento feito pela delegacia especializada mostra a presença do CV já em dois territórios do Vicente Pinzón, até então dominados pela GDE.

O avanço do CV também foi registrado no bairro Papicu, em comunidades como a dos Índios, da Verdes Mares e do Pau Fininho. O POVO mostrou no último dia 22 que vídeos compartilhados em redes sociais mostram diversas pichações alusivas ao CV nessas comunidades, que, até então, tinham a presença da GDE.

Essa suposta mudança de "bandeiras" motivou um duplo assassinato na própria sexta, 22. Na ocasião foram mortos: Francisco Bruno Felipe de Oliveira, o Bruno Gordão, de 36 anos, e a esposa dele, Geane Xavier de Almeida, de 42 anos, que estava grávida.

Conforme investigação da 10ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (10ª DHPP), Francisco Bruno era um dos "frentes" da GDE na comunidade dos Índios, mas decidiu tornar-se membro do CV.

Seus antigos aliados não teriam concordado com a mudança e, então, decidiram matá-lo. Quatro suspeitos do crime foram presos pela Polícia Civil.

O CV também avançou recentemente em outras regiões de Fortaleza. Como o colunista do O POVO Demitri Túlio mostrou em 9 de agosto passado, na comunidade do Alto da Paz, localizada no bairro Bom Jardim, foi registrada uma festa em alusão ao domínio da facção carioca na região.

O chefe da GDE no local, identificado como Garoto, "rasgou a camisa" da facção mesmo recolhido a um presídio e passou a integrar o CV. Com isso, todas as comunidades do Bom Jardim são dominadas pelo CV. A exceção seria a comunidade conhecida como Zé do Caldo, onde CV e GDE ainda travam conflito. (Lucas Barbosa)

Facção estaria em 1.419 territórios

Conforme a iniciativa Mapa Cearense, que se dedica a identificar os locais que registram atuação de facções criminosas no Ceará, o CV é o grupo mais presente em comunidades de todo o Estado.

A facção carioca age em 1.419 territórios, aponta o levantamento, enquanto a GDE atua em 628 localidades. Já o PCC foi identificado em 231 localidades, a Massa Carcerária em 210, o Terceiro Comando Puro (TCP) em 34 e a Nova Okaida (NKD) em uma.

Além de perder faccionados para o CV, a GDE também viu vários integrantes deixarem o grupo e migrar para a Massa e o TCP. Com isso, deixou de atuar em regiões como Conjunto Palmeiras, residenciais do Jangurussu e municípios como São João do Jaguaribe, no Vale do Jaguaribe. (LB)

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