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Todos os 7 réus do 4º julgamento da Chacina do Curió são absolvidos
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Todos os 7 réus do 4º julgamento da Chacina do Curió são absolvidos

JUSTIÇA Sentença foi proferida nesse domingo após mais de 77 horas de julgamento. MPCE irá recorrer da decisão
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MÃES da vítimas participam de coletiva após absolvição dos réus. Atrás delas, autoridades do MPCE, Defensoria e advogados (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS MÃES da vítimas participam de coletiva após absolvição dos réus. Atrás delas, autoridades do MPCE, Defensoria e advogados

Foram absolvidos todos os sete policiais militares que eram réus no quarto julgamento da Chacina da Grande Messejana, a série de crimes que deixou 11 mortos e sete feridos nos dias 11 e 12 de novembro de 2015. Após quase 78 horas de duração, a sentença foi proferida na noite desse domingo, 31. O Ministério Público Estadual (MPCE) irá recorrer.

Daniel Fernandes da Silva, Farlley Diogo de Oliveira, Francisco Fabrício Albuquerque de Sousa, Francisco Flávio de Sousa, Gildácio Alves da Silva, Luís Fernando de Freitas Barroso, Renne Diego Marques estavam de serviço, em viaturas, durante os eventos da chacina e foram acusados de terem se omitido. Com a sentença, os PMs, que estavam em serviços administrativos devido a ordem judicial, poderão retornar ao patrulhamento nas ruas.

O momento em que a sentença foi proferida pelo juiz Marcos Aurélio Marques Nogueira foi de bastante emoção para os réus e seus familiares. Após encerrada a sessão, eles se abraçaram e choraram. As defesas dos policiais também celebraram a decisão, reforçando que os PMs estavam de serviço na noite e na madrugada do crime e só se deslocaram sob orientação da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops).

Por outro lado, para a acusação, os jurados ignoraram provas que mostrariam que os PMs, de fato, se omitiram no dia do crime. Para o promotor Vicente Anastácio Martins, os vídeos de câmeras de vigilância que registraram a atuação policial na região durante a chacina, assim como os áudios das chamadas do Ciops e demais documentos apresentados demonstram que os PMs absolvidos se omitiram do dever.

As Mães do Curió, movimento fundado pelas mães das vítimas da chacina, também manifestaram pesar pela decisão do Tribunal do Júri. Suderli de Lima, mãe de Jardel Lima dos Santos, afirmou que os PMs falharam no dever de prover segurança. "Naquela noite, aquelas pessoas destruíram 18 famílias", ela disse.

Já Edna Alves, mãe de Alef Alef Souza Cavalcante, que o resultado não foi o esperado pelas famílias, mas que elas não iriam desistir de lutar. "Porque quando nós sonhamos parir um filho, é porque nós queríamos ser mãe dos nossos filhos. E ninguém nesse mundo tinha o direito de arrancá-los dos nossos braços, ainda mais uma pessoa que nós pagamos (o salário)", declarou Edna. "O que nós vimos hoje, o que nós vimos esses dias, mostra bem como o sistema trata as periferias", disse, por sua vez, Silvia Helena, mãe de uma vítima sobrevivente e tia de Jardel.

Ao todo, 44 dos 45 policiais militares denunciados pelo MPCE se tornaram réus. Dez foram impronunciados, três tiveram as acusações desclassificadas e irão ser julgados na Justiça Militar e um morreu durante a fase de instrução.

Dos 30 PMs restantes, 20 foram absolvidos, seis foram condenados e ainda houve um caso em que o réu foi absolvido, mas uma das acusações foi desclassificada para ser julgada pela Justiça Militar. Os três últimos PMs irão ser julgados em um júri previsto para o dia 22 de setembro.

 

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