Pelo menos três pessoas em Fortaleza e Caucaia, na Região Metropolitana (RMF), foram alvos de uma operação da Polícia Federal (PF) de Campinas (SP) que mirou um grupo criminoso transnacional de tráfico de drogas. Os suspeitos seriam cooptadores de pessoas para serem “mulas” dentro da organização criminosa.
Na operação, foram expedidos dois mandados de prisão: um cumprido em Alvorada, no Rio Grande do Sul, contra a chefe da organização criminosa, e outro em Fortaleza, onde a suspeita não foi localizada e segue foragida. Além disso, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão na Capital e Caucaia.
No organização criminosa, as pessoas com função de transportadores eram responsáveis por enviarem dentro e ao redor do corpo cápsulas de cocaína para países da Europa. Entre elas a Espanha, França, Itália e Suíça.
Conforme as investigações, a quadrilha atuava no tráfico internacional de drogas a partir dos aeroportos brasileiros, incluindo o aeroporto Pinto Martins. Outros seriam os de Viracopos e Guarulhos, em São Paulo, e o de Corumbá, no Mato Grosso do Sul.
A quadrilha atuava em dois núcleos: o de cooptadores e o de transportadores. O núcleo de cooptadores era composto por cinco integrantes, sendo quatro mulheres e um homem. Eles eram responsáveis por aliciar os chamados “mulas” e oferecer suporte logístico para as viagens, incluindo a compra de passagens aéreas e hospedagens.
Além disso, o grupo mantinha comunicação direta com os compradores da droga no exterior e repassava instruções detalhadas aos transportadores, como o tipo de vestimenta ideal para ocultar as drogas e as rotas mais seguras para o tráfico.
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Já o núcleo de transportadores era formado por pelo menos 17 pessoas, entre elas nove mulheres e oito homens. Eles eram os encarregados de levar a droga ao destino final, geralmente em voos internacionais.
Os mandados foram expedidos pela 9ª Vara Federal de Campinas, em São Paulo, que também determinou a constrição de valores e bens dos investigados. A Justiça Federal, além das prisões e das buscas, também autorizou a constrição de valores e bens.
Em setembro do ano passado, dois homens foram presos no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza. Eles levavam juntos 1,25 kg de cocaína. Um deles expeliu 107 cápsulas (621 gramas), e o outro, 108 cápsulas (625 gramas). Eles tinham como destino Paris, na França.
As primeiras prisões aconteceram a partir de 2022. O primeiro caso em 1º de julho, quando uma mulher foi presa na Suíça, transportando 70 cápsulas de cocaína. Meses depois, em 12 de novembro de 2022, no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, uma cooptadora e um transportador também foram detidos pelo mesmo esquema.
No Brasil, no dia 24 de março de 2023, uma transportadora e uma cooptadora foram presas no Aeroporto Internacional de Corumbá, em MS. Foi identificado que a mulher carregava 130 cápsulas de cocaína, equivalente a 760 gramas da droga. A cúmplice foi identificada como responsável pelo aliciamento e apoio logístico. A droga tinha como destino a Itália.
No Aeroporto Internacional de Guarulhos, duas prisões aconteceram no dia 12 de julho de 2023. Em uma delas, uma pessoa tentava embarcar para Madri, na Espanha, com 1,1 kg de droga ingerida em cápsulas. Na outra, uma passageira carregava 140 cápsulas, cerca de 630 gramas de cocaína, escondidas no organismo e na mala de mão.
No mesmo ano, em 11 de setembro, outra mulher foi flagrada tentando embarcar em Viracopos, em Campinas, com 563 gramas de cocaína em cápsulas com destino a Paris. O caso mais recente aconteceu em 10 de fevereiro do ano passado, em Guarulhos, quando uma pessoa foi presa carregando 975 gramas de cocaína distribuídas em 195 cápsulas, com destino a Itália.
A PF acredita que os flagrantes fazem parte de uma mesma rede criminosa responsável pelo aliciamento, logística e envio de drogas para países europeus. Ao longo da apuração, foram realizados oito flagrantes e diversas apreensões de drogas no Brasil e no exterior, resultando na prisão de 11 pessoas.
“O material reunido forneceu elementos para identificar a dinâmica da organização criminosa e subsidiar a fase atual da operação”, disse a PF. Ainda segundo o órgão, a investigação busca identificar todos os envolvidos na organização. (Colaborou Cláudio Ribeiro)