Moradores e comerciantes de Fortaleza e da Região Metropolitana (RMF) afirmam sofrer transtornos e prejuízos causados pela falta de água, que perdurava até a tarde de ontem, 11. Conforme informação da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), o sistema foi retomado na madrugada de ontem, mas está "em fase de equilíbrio" e em algumas áreas pode voltar totalmente apenas no sábado, 13.
Órgão anunciou a interrupção no fornecimento na quarta-feira passada, 10, informando que paralisação faz parte de um conjunto de intervenções de modernização, como a substituição de equipamentos, instalação de válvulas e melhorias na rede de distribuição da Estação de Tratamento de Água Gavião (ETA Gavião).
Em informe emitido, Cagece disse que ação afetaria Fortaleza e os municípios metropolitanos: Maracanaú, Aquiraz, Eusébio, Itaitinga e Pacatuba. Só na Capital, aviso valeu para mais de 100 bairros.
Previsão inicial era de que suspensão durasse entre 5h e 20 horas de quarta. No entanto, na manhã dessa quinta ainda foi possível ouvir relatos de falta de água na Capital e adjacências. Demora na suspensão preocupou comerciantes, que tiveram prejuízos e precisaram buscar alternativas para seguir funcionando.
Em nota emitida para a imprensa, Taiene Righetto, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel), relatou que "diversos estabelecimentos" não conseguiram funcionar ontem, por não ter água para limpeza ou preparo de alimentos. Alguns chegaram a usar água mineral.
A lanchonete de Graciele Santos, no Conjunto Ceará, foi uma das afetadas. Na manhã de ontem a comerciante ainda estava sem água e permanecia na dúvida se conseguiria trabalhar.
“Fechar um dia já é complicado. (Trabalhamos) ontem e ainda tivemos que pegar água para lavar as coisas, só que acabou. Não tenho mais na caixa, não tenho mais de onde tirar (água)", relatou, questionando em seguida: “Por que não faz esse serviço no período da noite? (...) Todo mundo precisa de água. (Tá) um caos total. Hoje não sei se eu vou abrir meu comércio. Não tem condições de trabalhar sem água".
Interrupção do fornecimento também afetou a rotina diária de moradores. No bairro Joaquim Távora, a água em algumas casas começou a retornar somente na tarde de ontem, após mais de 24 horas suspensa. Enquanto aguardava, Odete Ferreira, 72, precisou economizar a água que ainda tinha na caixa. "(Estou tirando) de pouquinho, para não gastar muito", conta, dizendo que ficou sem aguar sua plantas.
Próximo dali, no Pio XII, Lucenizia Damaceno, 56, tentou se preparar quando soube da suspensão. A costureira mora apenas com o marido e, sem caixa de água, ela encheu baldes e bacias para suprir necessidades básicas, mas precisou de ajuda. "Eu tomei banho hoje de manhã na minha tia, escovei dente lá e tudo, pois a água que eu tinha mesmo eu usei para fazer o café e a comida do meu esposo", diz.
No quarteirão ao lado, Ana Vitória, 26, recorreu a água mineral para conseguir fazer atividades básicas. Só na tarde de ontem ela já havia comprado quatro garrafões. "Hoje eu comprei pra poder limpar a casa, né? Banhar as meninas, que eu tenho duas moças, e pra mim tomar banho também", conta.
Procurada pelo O POVO, a Cagece informou que a operação da ETA Gavião, que abastece Fortaleza e RMF, foi retomada na zero hora da quinta-feira, 11, e que abastecimento está "em processo de normalização". Assessoria da entidade disse ainda que a previsão de equilíbrio total é de 48 horas a partir do momento de retorno, considerando principalmente áreas mais elevadas e distantes da estação de tratamento, mas frisou que o "sistema pode normalizar por completo antes disso".
Com Bárbara Mirele