O bairro Bom Jardim, em Fortaleza, foi palco, nesta quarta-feira, 10, de uma roda de conversa sobre alimentação escolar e a importância de uma nutrição adequada. Chamado de "Merendaço", momento contou com a distribuição de comidas saudáveis e tradicionais a estudantes e moradores da comunidade.
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Ação ocorreu dentro do Projeto ABC (Aprender, Brincar e Crescer), unidade de atendimento social do Estado, e foi mobilizado pelo Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Coletivos, cozinhas comunitárias e organizações regionais estiveram no apoio.
O evento contou com apresentações artísticas, seguidas por uma roda de conversa com estudantes, merendeiras, mães, agricultores familiares, gestores e representantes de conselhos estaduais, entre outros. No palco, se falou sobre a importância de comer bem, de forma nutritiva e saudável.
Giorgia Russo, especialista de saúde do Idec, destacou a necessidade de oferecer um cardápio mais nutritivo nas escolas, como alternativa aos ultraprocessados, que são prejudiciais à saúde.
"A gente vai pra conversar com a comunidade sobre alimentação, uma comunidade que já tem a alimentação como uma grande forma de mobilização, e a gente (vai) trazer comida de verdade pra mostrar que pode ser uma opção aos ultraprocessados, que boicotam essa cultura alimentar", cita.
Representante do Idec também cita que ação serviu como apoio ao Projeto de Lei nº 131/2023, de autoria do deputado Renato Roseno (Psol), que propõe a proibição de ultraprocessados em escolas públicas e particulares do Ceará. Parlamentar esteve no evento e citou que espera que norma seja aprovada até a próxima semana: "Queremos comprovar que é direito da criança na escola ter uma alimentação (saudável)".
Momento buscou ainda trazer a comida ofertada nas escolas como algo "muito além de uma necessidade humana". "A alimentação escolar é uma grande oportunidade de construir laços, memórias e direitos garantidos para crianças e adolescentes", diz Regicely Aline, oficial de saúde e nutrição da Unicef.
Esse sentimento foi despertado também pelo cheiro das refeições que estavam sendo elaboradas durante o evento. Enquanto participantes prestavam atenção no palco, eram envolvidos pelo aroma vindo da cozinha, onde foram preparadas comidas para serem distribuídas a cerca de 400 pessoas.
Cardápio foi composto por receitas que buscaram "unir afeto, identidade regional e alimentação saudável". Nele constava um bolo de macaxeira com coco que derretia de um jeito leve na boca e colocava o paladar em contato com o tradicional. Um cuscuz também foi distribuído, livre de manteiga e incrementado com pedaços macios de frango. Participantes ainda puderem consumir: chocolate com cacau 100%, tapioca com queijo coalho, salada de frutas com mel, vitaminas naturais, entre outros.
Esse cuidado atravessou até quem não sabia do evento e acabou entrando no local por acaso. É o caso de Maria Joselina, 42, moradora da região que estava presente no evento ao lado de netos e filhos, e que ficou para receber a alimentação. Prestando atenção ao debate, ela disse se sentir mais "tranquila" ao saber que as crianças têm uma alimentação adequada nas escolas públicas onde estudam.
Ação também recebeu a presença de alunos, como Adrian Gustavo, 17, da Escola Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral Maria Alves Carioca -CAIC. Jovem sente no dia a dia a importância da alimentação escolar e, antes mesmo de receber as refeições oferecidas, já falava sobre o impacto da alimentação: "Se você tem uma comida boa (na escola) você tem mais vontade de ir pra escola, porque você vai comer lá".