A Prefeitura de Fortaleza anunciou o início das obras de reestruturação da ciclovia da avenida Dom Luís, no bairro Aldeota, a partir da próxima segunda-feira, 22. O projeto prevê a construção de um canteiro arborizado e a ampliação das duas faixas da esquerda para 2,7 metros, seguindo o modelo da avenida Santos Dumont. A entrega está prevista para o final de novembro.
O projeto, apresentado a comerciantes e empresários em encontro realizado com a Fecomércio nesta terça-feira, 16, integra o Bloomberg Initiative for Cycling Infrastructure (Bici), financiamento internacional de cerca de R$ 3,5 milhões.
Fortaleza é a única capital da América Latina contemplada pela iniciativa, que busca transformar ciclofaixas em ciclovias arborizadas, ampliando a segurança, o conforto e a adesão à bicicleta como meio de transporte e lazer.
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Segundo Thaís Costa, arquiteta e representante da Bici, a bicicleta é uma pauta transversal: “Ela contribui para a qualidade de vida, o meio ambiente, a geração de renda, a segurança pública e a saúde. Além disso, pedalar está associado ao prazer de estar ao ar livre, algo valorizado pelos moradores de Fortaleza”.
Atualmente, Fortaleza registra 235 mil viagens diárias de bicicleta, sendo 43% para o trabalho. Mais de 60% das emissões de CO₂ na Cidade vêm do transporte, e a infraestrutura cicloviária é vista como estratégia central para reduzir esse impacto.
Hoje, 64% da população vive a até 300 metros de alguma ciclovia, ciclofaixa ou ciclorrota, o maior índice do País, conforme a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC).
O secretário da Regional 2, Márcio Martins (União Brasil), destacou que Fortaleza tem 500 quilômetros de área ciclável.
“A meta do prefeito, até o final do seu mandato, é implementar pelo menos 10% desse modelo de ciclofaixa arborizada, mais segura e mais protegida. E temos outros lugares da cidade que a gente pretende ampliar. Mas, lembrando, cada um com a sua particularidade”, afirmou.
Uma pesquisa da Bici com mais de 1.200 moradores, em 2024, apontou que 47% dos entrevistados têm interesse em pedalar, mas ainda sentem insegurança com a infraestrutura atual — perfil que o redesenho da Dom Luís busca contemplar.
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A obra na avenida Dom Luís, com 1,9 km de extensão, será executada em duas etapas para reduzir os impactos no comércio, sobretudo durante o período de compras de Natal. A primeira fase começa na rua Castro Monte, com prioridade para liberar rapidamente as frentes de loja.
A intervenção será feita em blocos de três quadras, utilizando uma faixa de tráfego para o manuseio dos materiais. Considerada de pequeno porte, a obra deve durar entre 10 e 15 dias por bloco. Para cumprir o prazo e minimizar os transtornos, especialmente no fim do ano, a empresa poderá atuar em mais de um turno (manhã e noite) e com frentes de trabalho simultâneas.
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A empresária do setor de beleza Leda Mesquita demonstrou preocupação com os impactos financeiros da obra. Ela destaca que o período de fim de ano é crucial para o comércio.
“O impacto será muito grande, justamente na época em que esperamos recuperar o que deixamos de ganhar nos outros meses e gerar lucro para pagar as despesas”, destacou.
No encontro com os lojistas, a Prefeitura, em parceria com a Fecomércio, uma reunião para detalhar o projeto. A gestão também se colocou à disposição para novas conversas e para tratar de outras demandas dos comerciantes, como iluminação, lixeiras e estacionamento na Dom Luís.
“O objetivo é trabalhar em conjunto para minimizar os impactos e buscar soluções para as demandas da comunidade. O que vimos na prática é que muitos pensavam se tratar de algo muito maior, quando, na verdade, é apenas uma intervenção de canteiro, considerada uma obra de pequeno porte”, explicou o secretário.
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Por outro lado, representantes de lojistas enxergam a revitalização como oportunidade. Cid Alves, presidente do Sindilojas, acredita que a obra pode atrair mais clientes: “As avenidas Beira Mar e Desembargador Moreira ficaram muito mais agradáveis após as intervenções. A expectativa é que a Dom Luís siga o mesmo caminho”.