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De 68 detidos por foguetórios de facções, 62 continuam presos
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De 68 detidos por foguetórios de facções, 62 continuam presos

Levantamento do O POVO mostra que a maioria dos adultos autuados pelas queimas de fogos convocadas por organizações criminosas permanecerão encarcerados
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GOVERNO do Ceará mobiliza mais de 700 policiais em nova operação (Foto: Divulgação/SSPDS)
Foto: Divulgação/SSPDS GOVERNO do Ceará mobiliza mais de 700 policiais em nova operação

De 68 adultos presos por suspeita de participação nos foguetórios convocados por facções criminosas na segunda-feira, 15, e na terça-feira, 16, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), 62 permanecerão presos após terem a prisão preventiva decretada em audiências de custódia.

No restante dos casos, três suspeitos tiveram a prisão preventiva convertida em prisão domiciliar e outros três tiveram a liberdade restituída mediante cumprimento de medidas cautelares, aponta levantamento exclusivo feito por O POVO.

Ao todo, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), 95 pessoas, entre adultos e adolescentes, foram presos ou apreendidos suspeitos de envolvimento nos atos criminosos.

O POVO contatou o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) com o intuito de obter um levantamento oficial das decisões tomadas nas audiências de custódia, mas o Poder Judiciário afirmou não ser possível realizar esse balanço sem os nomes de cada um dos suspeitos presos ou, então, os números das ações penais instauradas.

Em consulta própria ao Sistema de Automação da Justiça (e-SAJ), O POVO localizou processos referentes a 68 suspeitos. São casos como os de Jhemerson Paiva Rosendo, Luis Vicente da Silva Filho, Rafael Assunção da Silva e Ryan da Silva Juvenal, presos na terça no bairro São Luiz, em Pacatuba, município da RMF.

O Auto de Prisão em Flagrante (APF) mostra que eles foram presos após policiais militares serem acionados, por volta das 19 horas, por moradores, que denunciaram que um grupo composto por cerca de 10 pessoas estava soltando fogos de artifício e atirando para cima na rua A.

Ao chegarem ao local, os PMs foram alvo de fogos lançados pelos criminosos. Os agentes de segurança também disseram que, provavelmente, ainda foram efetuados disparos com armas de fogo — a baixa iluminação do local não permitiu ter a certeza.

Os policiais reagiram e Ryan Juvenal foi atingido. O suspeito foi socorrido a uma unidade hospitalar, onde está internado. Tanto ele, quanto os outros três presos tiveram a prisão preventiva decretada. O quarteto foi autuado pelo crime de promover organização criminosa, já que seriam integrantes da facção Terceiro Comando Puro (TCP).

Também houve confronto no bairro Passaré, em Fortaleza. Por volta das 19 horas de terça, PMs receberam a informação de que homens estavam soltando fogos de artifício e fazendo pichações em alusão ao TCP na rua Dom Antônio Lustosa.

Os policiais chegaram a visualizar um homem pichando um muro diante de um carro que estava parado, onde estavam três homens. O grupo tentou fugir ao avistar os PMs e ainda atirou contra os agentes, consta em APF.

Os policiais também atiraram, até que três dos homens que estavam no veículo se renderam. No automóvel onde estavam Breno Kevin Guimarães Oliveira, Carlos Alexandre Ribeiro e José Italo de Sousa Batista, foram encontrados 18 rojões intactos, uma lata de tinta spray preta e um isqueiro. O trio teve a prisão preventiva decretada.

Confira na tabela abaixo os nomes de 68 pessoas presas suspeitas de envolvimento na queima generalizada de fogos na segunda e na terça, assim como o resultado das audiências de custódia às quais foram submetidas.

Entenda o que motivou os foguetórios na Grande Fortaleza

Enquanto os foguetórios registrados na Grande Fortaleza na segunda foram convocados pelo Comando Vermelho (CV), os de terça ocorreram por ordem do TCP. No primeiro caso, o CV celebrava a adesão de criminosos até então rivais à facção em comunidades como Lagamar, Pio XII, Castelo Encantado e outros territórios do Vicente Pinzón.

Consta no relatório nº 076/2025, da Célula de Inteligência (Ceint), da Coordenadoria de Inteligência (Coin), da SSPDS, que essas regiões registravam a atuação da facção Guardiões do Estado (GDE).

O predomínio do CV foi o desfecho de uma verdadeira guerra travada entre CV e GDE desde o final de junho, sobretudo, no Vicente Pinzón, onde mais de 15 assassinatos foram registrados daquela data em diante.

O confronto entre as organizações criminosas também se irradiou pelas comunidades do bairro Papicu — principalmente, as comunidades dos Índios e da Verdes Mares — e na comunidade dos Barreiros, localizada entre a Cidade 2000 e o Manoel Dias Branco. Também nesses territórios o CV conseguiu expulsar ou converter os rivais, conforme a Inteligência da SSPDS.

Enfraquecida após esses sucessivos reveses, a cúpula da GDE resolveu aliar-se ao TCP, facção, que assim como o CV, é originária do Rio de Janeiro. “Salve” colacionado ao Relatório Técnico nº 077/2025/Ceint/Coin/SSPDS, chega a indicar que a GDE se extinguiu, tendo todos os seus membros incorporados ao TCP.

Outro salve indicava que criminosos da Massa Carcerária/Neutros também aderiram ao TCP. A atuação do TCP está se dando em regiões como a comunidade da Colônia, na Barra do Ceará; Mondubim, Aracapé, Parque Presidente Vargas, Mondubim, Conjunto Esperança, Planalto Ayrton Senna, assim como em municípios como Maracanaú, Pacatuba, Maranguape e Horizonte.

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