O 5º julgamento da Chacina do Curió segue para o terceiro dia, no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza. Na manhã de ontem, 23, foram ouvidas testemunhas de defesa, sendo dois oficiais da Polícia Militar do Ceará, Pedro Augusto Viana Farias e Naerton Gomes de Menezes. Os dois réus são os praças da Polícia Militar, Marcílio Costa de Andrade e Luciano Breno Freitas Martiniano, ambos serão interrogados hoje, 24.
Em depoimento, coronel Naerton, que comandava a Companhia de Policiamento de Choque (CPChoque) na noite do episódio criminoso, relata que chegou a ir ao Curió em uma base do programa Crack, É Possível Vencer e visualizou um aglomerado de pessoas.
Ele diz que questionou o que seria a movimentação e foi relatado que as pessoas estavam apenas conversando. O agente afirma que orientou aos homens que saíssem da região, pois a área passava por momentos de tensão após a morte de um policial militar.
Ainda segundo o coronel Naerton, após orientar as pessoas, ele e outros policiais foram embora em uma viatura. Em depoimento, o oficial confirmou que viu, posteriormente, em uma rua, um veículo que estaria com um saco plástico caindo e cobrindo parte da placa de identificação do carro.
Conforme o Ministério Público do Ceará (MPCE), os réus estavam de folga, à paisana, e foram para os locais do crime após convocação de outros PMs para vingar a morte de um colega de farda durante um latrocínio, horas antes.
A denúncia do MP aponta que, segundo laudos periciais e testemunhas, a arma de Marcílio foi utilizada em uma das mortes da chacina e o veículo particular de Luciano Breno passou pelos locais dos crimes naquela madrugada.
O relato do coronel Naerton sobre a placa do veículo foi dita à delegada que investigava o crime na época apenas após conclusão do depoimento dele sobre o episódio do Curió e registrada em uma certidão feita pela oficial.
O coronel relatou que, no dia do crime, estava atuando em uma ocorrência e que, de lá, foi para o Curió. Disse que chegou a circular pela região e ir em dois locais do crime. O oficial afirmou que não reconheceu nenhum policial à paisana, não visualizou os réus Marcílio Costa de Andrade e Luciano Breno Freitas nos locais e que também não sabia quem eram os policiais que estão sendo acusados.
De acordo com o MP, Marcílio Costa e Luciano Breno estão entre os 18 PMs que, na noite da chacina, estavam de folga e foram aos bairros Curió, Lagoa Redonda e São Miguel para vingar a morte do policial Valtemberg Chaves Serpa.
Ainda conforme os memoriais do MP, no decorrer da noite, os acusados se deslocaram para três pontos de encontro: praça da Igreja Paróquia São José, na avenida do Recreio, ao lado do campo do Uniclinic; base do programa Crack é Possível Vencer, no cruzamento das avenidas Odilon Magalhães com Professor José Arthur de Carvalho; e no Hospital Frotinha de Messejana, para onde o PM Serpa foi socorrido e para onde as vítimas da chacina foram levadas.
O MP afirma que os autores trafegavam em comboios de veículos, com homens encapuzados para dificultar a identificação. O órgão aponta que provas periciais revelaram ainda que os veículos particulares dos policiais à paisana trafegaram nas imediações no momento dos crimes, com placas adulteradas. Segundo testemunhas, as adulterações foram realizadas na base do CEPV.