Como O POVO já havia noticiado, a derrubada de 32 hectares da Floresta do Aeroporto ocorreu antes mesmo do término da avaliação de documentos solicitados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A construção seria voltada para o centro logístico do aeroporto. A doutora em Biologia Vegetal, Francisca Soares de Araújo, explica que esse deslocamento forçado aumenta os riscos tanto para a fauna quanto para a população. De um lado, os animais ficam mais vulneráveis a atropelamentos, choques elétricos e até à extinção; de outro, a convivência próxima aos humanos eleva a possibilidade de transmissão de doenças.
"Não podemos esquecer que o vírus da Covid-19 foi transmitido por um morcego. Quanto mais esses animais saem das áreas de floresta e vão para áreas urbanas, do ponto de vista animal é a extinção e, do ponto de vista humano, aumenta o risco de transmissão de doenças", explica a doutora.
Desde o flagrante do desmatamento da floresta do aeroporto, imagens de animais invadindo muros, calçadas e fiações elétricas próximas ao aeroporto tem circulado nas redes sociais.
Para a bióloga, o problema não se limita apenas ao desaparecimento da vegetação, mas também às consequências indiretas, como o aumento da temperatura nas áreas vizinhas e a alteração no equilíbrio ecológico. Um dos vídeos inclusive mostra um sagui (popularmente conhecido como soim) morto nos fios de alta tensão de um poste.
Outro impacto destacado é a perda da função reguladora da floresta. A vegetação natural ajudava a absorver água das chuvas e a manter o clima mais ameno. Sem essa barreira, cresce a possibilidade de inundações e a intensificação do efeito de ilha de calor, fenômeno que já vem sendo percebido por moradores da região.
"Os remanescentes de cobertura vegetal das áreas urbanas ajudam na retenção de água e diminuem o escoamento superficial", pontua.