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Ataque a alunos de Sobral foi mandado por PCC; rivalidade de facções permeava cotidiano escolar
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Ataque a alunos de Sobral foi mandado por PCC; rivalidade de facções permeava cotidiano escolar

Depoimentos ouvidos pela Polícia reforçam hipótese de que o crime foi motivado por brigas entre as facções criminosas
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ESCOLA de Sobral onde foram disparados tiros (Foto: O POVO)
Foto: O POVO ESCOLA de Sobral onde foram disparados tiros

O ataque à escola de ensino médio Professor Luis Felipe, em Sobral, teria sido feito a mando da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O suspeito preso pelo crime, Bruno Amorim Rodrigues, 29, seria membro do grupo criminoso, tendo trocado de facção recentemente. Um dos alunos mortos vendia drogas na escola e era morador de bairro de facção rival.

As informações constam no inquérito policial que apura as circunstâncias do caso, ao qual O POVO teve acesso. Bruno “Banga”, como é conhecido, teria fugido rumo ao bairro Sumaré logo após a ação criminosa, área dominada pelo PCC.

A investigação aponta ainda que teria ocorrido uma “reunião de conselho” da facção para avaliar a gravidade do crime, já que a ação atingiu adolescentes da própria área. Para a Polícia Civil, os fatos reforçam o papel de “executor” de Bruno.

Em depoimento, a irmã do suspeito afirmou que a família precisou mudar para o bairro há quatro meses, quando Bruno “rasgou a camisa” do Comando Vermelho e passou a se vincular ao PCC. A morte dele teria sido decretada pelo CV, segundo ela.

Aluno morto vendia drogas na escola e estava se aproximando do CV, dizem testemunhas

Testemunhas ouvidas no inquérito reforçam a hipótese de que o crime foi motivado por brigas entre as facções criminosas. Um dos fatores apontados nos depoimentos seria a proximidade de Victor Guilherme Sousa Aguiar, 16, uma das vítimas mortas, com membros do CV.

Pessoas ouvidas pela Polícia afirmam que VG, como era chamado, vendia maconha na escola e estava “se envolvendo” com pessoas do bairro onde morava que faziam parte do Comando Vermelho. No entanto, não há confirmação se ele era “batizado” pela facção.

Na mochila do aluno, a Polícia diz que foram encontradas uma balança de precisão e embalagens.

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Ameaças a alunos e pichações de facções fazem parte do cotidiano escolar

Os depoimentos ouvidos pela Polícia demonstram como símbolos das facções estão presentes no cotidiano dos alunos até mesmo dentro da escola. Pichações nos muros e nas carteiras fazem menções ao Comando Vermelho, de acordo com as testemunhas.

Havia ainda, segundo os relatos, um histórico de ameaças de moradores do bairro Terrenos Novos a moradores do Nova Caiçara, que são dominados por facções rivais.

Ações psicossociais são realizadas até o retorno das aulas na segunda-feira, 6

Após o crime, que ocorreu na quinta-feira, 25, as aulas foram suspensas e só devem ser retomadas no dia 6 de outubro. Nesta semana, a Secretaria da Educação do Estado (Seduc) promoverá atividades psicossociais com a comunidade escolar, envolvendo alunos, professores, servidores e pais.

A pasta informou que tem atuado em conjunto com órgãos e entidades parceiras na elaboração de um plano emergencial de gestão de crises no ambiente escolar.

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