Logo O POVO+
Após suspensão de linhas de ônibus, Fortaleza quer recuperar demanda pré-pandemia
CIDADES

Após suspensão de linhas de ônibus, Fortaleza quer recuperar demanda pré-pandemia

Reunião entre Prefeitura de Fortaleza e empresários do setor deve discutir "equilíbrio econômico tarifário para 2026" hoje
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
PASSAGEIROS no primeiro dia de retorno das linhas suspensas (Foto: DANIEL GALBER/ESPECIAL PARA O POVO)
Foto: DANIEL GALBER/ESPECIAL PARA O POVO PASSAGEIROS no primeiro dia de retorno das linhas suspensas

A Prefeitura de Fortaleza quer recuperar a demanda que o transporte público na Capital tinha antes da pandemia. Município e empresas de ônibus vão se reunir hoje, 2, um dia após retorno de rotas suspensas, para tratar de questões como o equilíbrio econômico tarifário para 2026. 

Informações foram divulgadas por George Dantas, presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), em entrevista à rádio O POVO CBN na manhã de ontem, 1°. Ele repercutiu a suspensão de 25 linhas de ônibus, que surpreendeu passageiros no início dessa semana. 

Durante conversa, o representante municipal garantiu que o fortalezense não deverá ter mais "sustos" como esse, mas ponderou que pode continuar havendo diminuição da oferta de veículos.

"Susto não vai acontecer. Mas a diminuição do serviço, vale pontuar, não é novidade. Já circulou com 1.700 veículos. O equilíbrio do serviço é ajustado à demanda. Hoje, são 1.200 (ônibus). Mas pegar a população desprevenida, como aconteceu segunda-feira, não deverá ocorrer", afirmou. 

George também pontuou que a busca pelos coletivos na Capital era maior antes da pandemia, e que Etufor pretende retomar números de passageiros. "Nossa intenção é recuperar a demanda de transporte coletivo que Fortaleza tinha antes da pandemia. É uma questão nacional", destacou em entrevista. 

O POVO já havia mostrado em matérias anteriores que o período pandêmico fez o número de passageiros do transporte coletivo reduzir mais de 50%. Em 2024, o quantitativo de viagens também diminuiu, sendo que mais da metade das linhas tiveram redução, o que resultou no aumento do tempo de espera.

Contudo, a crise no sistema de transporte público da Capital também passa por um impasse entre Prefeitura e Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Fortaleza (Sindiônibus), que há meses negociam o subsídio mensal (valor pago pelo Município às empresas de ônibus). Impasse até aqui tem sido decidir entre mitigar o déficit das empresas aumentando o valor do subsídio ou das passagens.

Momento de maior tensão desse imbróglio aconteceu na segunda-feira, 29, quando o sindicato decidiu, de forma unilateral, suspender 25 linhas de ônibus e reduzir veículos em 29 trajetos. Linhas voltaram a circular ontem, após pressão municipal, sem que partes informassem como se deu as tratativas. 

Durante entrevista à rádio O POVO CBN, George Dantas chegou a ser questionado sobre um possível aumento do valor das passagens. "É cedo dizer. Precisamos colocar alguns fatores e rever a demanda de passageiros. Fortaleza é uma das capitais com queda na demanda, e isso preocupa. Vai ser momento de rever dados, calibrar o sistema e ver como atende melhor a população", disse.

Também ontem a rádio O POVO CBN recebeu Dimas Barreira, presidente do Sindiônibus, que explicou que o serviço foi normalizado após uma "corrente de apoio interna" das concessionárias, mas frisou que o diálogo com a Prefeitura ainda está em andamento. Entre os pontos discutidos estão a falta de recursos e os déficits anuais que ameaçam a viabilidade operacional do sistema.

“Das mais de 300 linhas, apenas 80 são superavitárias (têm receita maior do que gastos). Todas as outras são deficitárias e dependem desse superávit para se manter. Se fosse apenas uma operação comercial só alguns bairros teriam ônibus, porque só eles se viabilizariam”, afirmou durante entrevista. 

A Prefeitura definiu até 31 de outubro o prazo para revisão contratual, enquanto busca soluções para evitar novos cortes. Segundo Dimas, a situação é crítica: “Já várias empresas ficaram inviáveis operacionalmente, quebraram. As demais enfrentam muita dificuldade", frisou.

Para Barreira, entre possíveis soluções está a participação do Governo Federal. Ele também citou um "risco de um colapso no sistema", mas  reconheceu falhas: “Tem linhas precisando de reforço. Vamos tentar atender, mas tudo depende de como será feito o encaixe com a Prefeitura".

(Colaborou Sara Oliveira, Victor Marvyo e Samuel Pimentel) 

Linhas de ônibus voltam a circular com relatos de atraso

O POVO acompanhou a retomada de algumas rotas na manhã de ontem, 1ª, e presenciou relatos de atrasos nas linhas. No terminal do Antônio Bezerra, o autônomo Antônio Gutemberg, 38, esperava já há 30 minutos pela linha 200 (Antônio Bezerra/BRT/Centro) quando decidiu trocá-la pela 086 (Antônio Bezerra/ Santos Dumont). Queria agilizar o dia, já que trabalha repondo produtos em comércios.

Ele diz que ficou sabendo da notícia da paralisação da linha por amigos. "Teve relato de amigos de que não foi muito boa a situação, nem confortável. Essa é uma das linhas mais movimentadas do terminal do Antônio Bezerra, pode ter certeza. Muita gente usa, os autônomos e as pessoas que trabalham nas lojas do Centro (...) A expectativa com essa retomada é que melhore a acessibilidade para a gente", defende.

Já Maria Clara, 19, vendedora, conta que se surpreendeu com o retorno do funcionamento das linhas, assim como o corte das rotas. Durante suspensão, ela, que também costumava usar a linha 200, precisou ter uma alternativa e trocou pela linha 072, muito mais lotada. "Foi péssimo", define.

Marilene da Silva, 66, aguardava a passagem da linha 217 (Estação/Pio Saraiva II/Antônio Bezerra) há uma hora. Ao chegar, o veículo foi em direção à garagem, frustrando a espera da aposentada.

Com problemas ósseos, ela relata que deve substituir a viagem pela linha 214. "Eu acho que o Governo devia botar as coisas corretas para a gente não sofrer tanto. Faltou um pouco mais de comunicação", reclama.

Procurada pelo O POVO, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) informou, em nota, que as linhas que haviam sido alteradas sem autorização do órgão gestor voltaram à normalidade e podem ser consultadas pelo aplicativo Meu Ônibus.

"Todas as linhas estão em pleno funcionamento, sendo monitoradas pela Etufor, desde as primeiras horas da manhã, com o retorno das linhas suspensas, bem como a frota das linhas reduzidas", diz um trecho.

Gabriela Félix, especial para O POVO

 

Linhas de ônibus voltam a circular com atraso

O POVO acompanhou a retomada de algumas rotas na manhã de ontem, 1º, e presenciou relatos de atrasos. No terminal do Antônio Bezerra, o autônomo Antônio Gutemberg, 38, esperava há 30 minutos pela linha 200 (Antônio Bezerra/BRT/Centro) quando decidiu trocá-la pela 086 (Antônio Bezerra/ Santos Dumont).

Ele diz que ficou sabendo da notícia da paralisação da linha por amigos. "Essa é uma das linhas mais movimentadas do terminal do Antônio Bezerra. Muita gente usa, os autônomos e as pessoas que trabalham nas lojas do Centro (...) A expectativa com essa retomada é que melhore a acessibilidade para a gente", defende.

Já Maria Clara, 19, vendedora, conta que se surpreendeu com o retorno do funcionamento das linhas, assim como o corte das rotas. Durante suspensão, ela, que também costumava usar a linha 200, precisou ter uma alternativa e trocou pela linha 072, muito mais lotada. "Foi péssimo."

Marilene da Silva, 66, aguardava a passagem da linha 217 (Estação/Pio Saraiva II/Antônio Bezerra) há uma hora. Ao chegar, o veículo foi para a garagem, frustrando a aposentada. Com problemas ósseos, ela relata que deve substituir a viagem pela linha 214. "Eu acho que o Governo devia botar as coisas corretas para a gente não sofrer tanto. Faltou um pouco mais de comunicação", reclama.

Procurada pelo O POVO, a Etufor informou, em nota, que as linhas que haviam sido alteradas sem autorização do órgão gestor voltaram à normalidade e podem ser consultadas pelo aplicativo Meu Ônibus. "Todas as linhas estão em pleno funcionamento, sendo monitoradas pela Etufor, desde as primeiras horas da manhã, com o retorno das linhas suspensas, bem como a frota das linhas reduzidas." (Gabriele Félix/Especial para O POVO)

Pandemia

Período pandêmico fez o número de passageiros do transporte coletivo reduzir mais de 50%. Em 2024, o quantitativo de viagens também diminuiu, mais da metade das linhas tiveram redução, o que resultou no aumento
do tempo
de espera

O que você achou desse conteúdo?