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Professor cearense recebe diploma de membro da Academia Mundial de Ciências
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Professor cearense recebe diploma de membro da Academia Mundial de Ciências

O docente do Departamento de Física da UFC tem concentrado suas pesquisas recentes no desenvolvimento de tecnologias para a recuperação de solos áridos
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A linha de pesquisa mais recente adotada pelo professor Antônio Gomes estuda a aplicação de nanomateriais de carbono para a recuperação de solos áridos
 (Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal A linha de pesquisa mais recente adotada pelo professor Antônio Gomes estuda a aplicação de nanomateriais de carbono para a recuperação de solos áridos

O professor Antônio Gomes, docente do Departamento de Física da Universidade do Ceará (UFC), em Fortaleza, recebeu o diploma de membro da Academia Mundial de Ciências (The World Academy of Sciences - TWAS).

A solenidade foi realizada durante a 17ª Conferência Geral da Academia Mundial de Ciências, promovida entre os dias 29 de setembro e 2 de outubro, no Rio de Janeiro.

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Em entrevista ao O POVO, Gomes destacou que a conquista resulta de um trabalho coletivo.

“Recebo com muita responsabilidade, em um entendimento e em uma perspectiva de que, apesar de ser um um diploma pessoal, não é uma conquista pessoal, é um uma conquista que de muitas colaborações com colegas aqui do Departamento de Física da UFC, de outras universidades do Brasil e também de vários colegas do mundo que a gente interage e colabora cientificamente”, celebra.

Nascido no sítio Mutuca, zona rural da cidade de Jucás, o pesquisador ressalta a importância da certificação como um reconhecimento da competência da educação pública e das políticas de ciências desenvolvidas no País.

“A minha trajetória foi toda feita na escola pública, desde alfabetização até a universidade. E eu faço ciência de uma universidade pública, que é a UFC. Então, para mim é também uma celebração de que as políticas públicas de educação e de ciência são fundamentais para promoção social das pessoas e do país também”, destaca.

Atualmente o professor atua como diretor de avaliação e presidente substituto da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), tendo sido eleito membro da TWAS no ano passado. Além dele, outros 47 novos cientistas passaram a integrar a academia.

 

Segundo o pesquisador, nos últimos 50 anos, o Brasil conseguiu construir um sistema de formação de mestres e doutores muito robusto, com quase 5.000 programas distribuídos em cerca de 350 cidades.

De acordo com ele, a capilarização desse sistema foi possível graças a políticas públicas específicas, entre elas a destinação de 30% dos recursos de editais e de novos investimentos científicos para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Essa medida, alinhada com a expansão das universidades federais, que antes ficavam concentradas nas capitais, permitiu nuclear grupos de pesquisa e levou à propositura de novos programas.

“Hoje a gente tem esse sistema capaz de formar 25 mil doutores por ano e 66 mil mestres e que tem contribuído pro para mudar o panorama da educação brasileira, principalmente na questão da formação de mestres e doutores e que tem sido decisivo também para que a gente tenha um sistema de ciência e tecnologia bastante robusto e bem amadurecido”, avalia.

Conforme o pesquisador, o próximo desafio seria “transformar e fazer com que todo esse conhecimento, essa capacidade de formação, interaja cada vez mais com a sociedade e a gente possa transformar, apesar de que já fazemos, mas transformar de forma mais potente as diversas atividades e os diversos setores da nossa sociedade”.

Utilização de tecnologias para a recuperação de solos áridos

Durante sua carreira científica, que se estende a aproximadamente 25 anos desde o seu doutorado, o pesquisador concentrou seu trabalho em pesquisas sobre as propriedades eletrônicas e vibracionais de diferentes materiais usando espalhamento de luz em materiais nanoestruturados.
“Nós estudamos vários materiais de carbono que têm propriedades bastante diferenciadas e que permitem que chips de computadores, permitem que sensores positivos sejam cada vez menores, cada vez mais miniaturizados. Então, o nosso trabalho se concentra, obviamente, em ciência básica, mas com repercussão de entendimento de como os elétrons e a luz se comportam nos materiais. Portanto, isso ajuda a melhorar vários dispositivos eletrônicos”, resume.

Mais recentemente, o professor tem explorado uma nova linha de pesquisa, utilizando seu conhecimento sobre nanomateriais de carbono para a aplicação na área ambiental.

Nesse trabalho, de acordo com ele, os materiais de carbono são preparados a partir de biomassa, sendo sua aplicação não em dispositivos eletrônicos, mas em solos áridos.

“A partir do que nós aprendemos das propriedades desses nanomateriais de carbono, estamos agora utilizando para que ele possa ajudar a recuperar solos e, portanto, contribuir também nessa pegada da sustentabilidade, nessa pegada de diminuir a desertificação, ou seja, tornar os solos áridos mais férteis e, portanto, mais produtivos. Então, um projeto que se volta bastante para as tecnologias de agricultura no semiárido”, explica.

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