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Fome diminui 27% no Ceará e 150 mil pessoas saem da insegurança alimentar
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Fome diminui 27% no Ceará e 150 mil pessoas saem da insegurança alimentar

Apesar da redução, 391 mil pessoas estavam em insegurança alimentar grave em 2024
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INSEGURANÇA alimentar caiu, mas continua afetando mais nordestinos e nortistas (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal INSEGURANÇA alimentar caiu, mas continua afetando mais nordestinos e nortistas

O número de cearenses que enfrentam a fome diminuiu, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua anual (Pnad Contínua) de 2024. O Estado tinha 540 mil pessoas em insegurança alimentar grave em 2023. A edição da pesquisa divulgada nesta sexta-feira, 10, mostra uma redução para 391 mil moradores nessa situação.

Ao todo, cerca de 3 milhões de pessoas vivem em algum grau de insegurança alimentar no Ceará. Em 2023, eram 3,4 milhões de cearenses. A taxa foi de 37% para 32,5% da população do Estado.

O acesso aos alimentos em quantidade e qualidade adequada é categorizado conforme a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) em três níveis: leve, moderado e grave.

No nível leve, há preocupação e incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro. Isso faz com que famílias adotem estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentos disponível, levando a uma diminuição da qualidade.

Essa é a realidade de cerca de 2 milhões de cearenses, o que equivale a 22,1% dos moradores. Na pesquisa do ano anterior, o número era de 2,144 milhões.

Aqueles com insegurança alimentar moderada - ou seja, que tinham redução quantitativa de alimentos ou ruptura de padrões de alimentação devido à falta de insumos entre adultos - também diminuíram. Eram 716 mil em 2023 e, em 2024, passaram a 576 mil.

Já 391 mil pessoas estavam em insegurança alimentar grave. Nesse caso, os alimentos faltam para todas as pessoas da família, incluindo crianças. Houve uma redução de 27,59%.

O governador Elmano de Freitas (PT) comemorou a redução das pessoas em situação de fome. "Esse resultado mostra que as políticas públicas estão funcionando. E a gente vai seguir firme, garantindo comida no prato dos cearenses com o Programa Ceará sem Fome que distribui 130 mil refeições todos os dias e beneficia 48 mil famílias com o cartão alimentação", afirmou pelas redes sociais.

Brasil tem mínima histórica

As duas piores formas de insegurança alimentar no Brasil atingiram o menor índice em 2024: 7,7%.

Em 2004, a taxa de domicílios com insegurança alimentar moderada ou grave era de 16,8%. O número caiu até 2013, quando chegou a 7,8%. Depois, voltou a aumentar.

As pesquisas de 2023 e 2024 fazem parte de um convênio com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Todos os levantamentos são Pnads, à exceção de 2017/2018, feito pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).

Rosana Salles, pesquisadora da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), explica que 2024 foi um ano de estabilidade econômica para o Brasil, com redução do desemprego e da pobreza extrema.

“Sabendo que a insegurança alimentar captada pela escala brasileira está muito relacionada à questão da renda, os dados são muito coerentes quando a gente observa essa redução das desigualdades sociais da população brasileira”, afirma.

Segundo ela, a estabilidade econômica aliada a um pacote de políticas sociais conseguiu reverter o crescimento da fome registrado nos últimos anos - cenário que foi agravado por uma descontinuidade de políticas e pela pandemia.

“Celebramos, sim, mas é necessário ir além agora para que a gente possa continuar reduzindo e finalmente tentar chegar em valores inferiores a 2,5% de insegurança alimentar grave na população brasileira. O país é muito grande, é um país continental, então é difícil você imaginar que você vai reduzir totalmente mais um ano. A meta é reduzir o que for possível por mais um ano de governo”, diz.

Norte e Nordeste seguem tendo maiores taxas de insegurança alimentar

Assim como na edição anterior da pesquisa, as regiões Norte e Nordeste apresentaram as menores proporções de domicílios em segurança alimentar.

Apesar de mais da metade dos moradores terem acesso pleno aos alimentos, os números são bem menores do que os registrados no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. As áreas têm as taxas mais elevadas de domicílios onde a fome esteve presente, com 6,3% e 4,8% respectivamente.

Mulheres, pretos ou pardos e crianças são mais afetados

Em 2024, 1,4 milhão de lares chefiados por pardos e 424 mil chefiados por pretos representaram 73,8% do total de endereços (2,5 milhões) em condição de insegurança alimentar grave no país.

Isso significa que a cada quatro residências que viveram situação de fome, praticamente três eram chefiadas por pessoas pretas ou pardas.

O levantamento mostra ainda que houve desigualdade de gênero na presença da fome. As mulheres são chefes de família de 51,8% dos lares brasileiros. No entanto, de todos os domicílios em condição de insegurança alimentar grave, 57,6% têm uma mulher como responsável.

Das 12,8 milhões de crianças de até quatro anos, 4,1 milhões estão em situação de insegurança alimentar, sendo 418 mil no nível mais grave.

Norte e Nordeste seguem tendo maiores taxas

Assim como na edição anterior da pesquisa, o Norte e o Nordeste apresentaram as menores proporções de domicílios em segurança alimentar.

Apesar de mais da metade dos moradores terem acesso pleno aos alimentos, os números são bem menores que os registrados no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. As áreas têm as taxas mais elevadas de domicílios onde a fome esteve presente, com 6,3% e
4,8%, respectivamente.

Em 2024, 1,4 milhão de lares chefiados por pardos e 424 mil por pretos representaram 73,8% do total de endereços (2,5 milhões) em condição de insegurança alimentar grave no País. Isso significa que a cada quatro residências que viveram situação de fome, praticamente três eram chefiadas por pretos ou pardos.

Também houve desigualdade de gênero na presença da fome. As mulheres são chefes de família de 51,8% dos lares brasileiros. No entanto, de todos os domicílios em condição de insegurança alimentar grave, 57,6% têm uma mulher como responsável.

Das 12,8 milhões de crianças de até quatro anos, 4,1 milhões estão em situação de insegurança alimentar, sendo 418 mil no nível mais grave.

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Ao todo, cerca de 3 milhões de pessoas vivem em algum grau de insegurança alimentar
no Ceará

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