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CE: Funceme lança monitoramento de qualidade da água nos açudes via satélite
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CE: Funceme lança monitoramento de qualidade da água nos açudes via satélite

Ferramenta deve acelerar processo de monitoramento da água, que atualmente é feito pela Cogerh em ciclos de três a quatro meses; método foi testado em 13 açudes e deve ser expandido para todo o sistema hídrico
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AÇUDE BANABUIÚ é um dos 13 monitorados no estudo (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE AÇUDE BANABUIÚ é um dos 13 monitorados no estudo

A Fundação Cearense de Meteorologia de Recursos Hídricos (Funceme) está preparando uma nova forma de acompanhar a qualidade da água dos açudes cearenses. O monitoramento, que hoje é feito presencialmente por equipes da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), passaria a ocorrer via sinais de satélite.

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A metodologia faz parte do estudo inédito “Modelagem e Monitoramento Espacial da Qualidade de Água dos Açudes no Estado do Ceará”, que vem sendo desenvolvido pela Fundação desde 2023.

A técnica funciona através de um espectro eletromagnético emitido por satélite, que gera reações de componentes como a clorofila, que em grandes quantidades, podem indicar a eutrofização da água. A partir dessas respostas, é possível identificar quais partes do açude possuem níveis mais elevados de substâncias prejudiciais à água e quando a eutrofização se intensificou.

Entre os benefícios da nova metodologia está uma maior frequência do monitoramento. O que hoje é feito de forma pontual pela Cogerh, em incursões que entre coleta e análise laboratorial levam de três a quatro meses, passaria a ser feito semanalmente.

Para a coordenadora do projeto, Clécia Guimarães, a nova forma de sensoriamento deve fornecer ao Poder público informações mais precisas sobre quando e porquê a água de determinado açude está passando por eutrofização.

“A partir do momento que eu consigo estar monitorando frequentemente a eutrofização de um reservatório, eu posso desenvolver estudos para saber porque a eutrofização está acontecendo localmente. E também aprofundar o conhecimento dentro desse reservatório para saber se aquela concentração de clorofila e turbidez não está à formação de compostos tóxicos à população”, afirma a pesquisadora da Funceme.

Até aqui, 13 açudes já foram monitorados com uso do satélite, entre eles Castanhão, Orós e Banabuiú, três maiores do Estado. O gigante de Alto Santo, inclusive, apresentou um dos mais significativos resultados até aqui, já que através do acompanhamento por satélite, foi possível concluir que a eutrofização do açude estava diretamente ligada ao período de seca que atingiu o Ceará de 2012 a 2018.

O cenário mais alarmante é o do açude Curral Velho, no município de Morada Nova, que apresenta altos níveis de eutrofização. De 2018 até 2023, o reservatório teve os maiores índices de clorofila e turbidez da água dentre os 13 equipamentos monitorados.

Neste caso em específico, Guimarães alerta para a possibilidade do desenvolvimento de cianobactérias, seres altamente tóxicos que podem gerar problemas intestinais, na pele e outros órgãos.

“O Curral Velho é uma passagem. Serve como meio de transporte do Castanhão e do Orós para a Região Metropolitana. Aumentar o estudo sobre o Curral Velho é importantíssimo nesse momento. Entender porque a água quando chega no Curral Velho ela está ficando tão eutrofizada vai ser um passo futuro”, explica Guimarães.

Estudo deve ser expandido para todos os açudes do Estado

Os resultados obtidos até aqui no estudo estão sendo apresentados à Cogerh, para que no futuro, a metodologia possa ser aplicada em todos os reservatórios do Estado. A pasta esteve presente inclusive em todas as etapas do levantamento, desde a escolha dos açudes até a coleta dos resultados, e deve ainda receber capacitação profissional para aplicar a metodologia.

Ainda não há uma data fixa para que a expansão aconteça. Entretanto, a Funceme afirma já ter diálogos avançados com a Cogerh para que a ferramenta seja regionalizada e disponibilizada no portal hidrológico da Companhia, que apresenta dados sobre os 157 açudes que ela monitora.

“Como ela [Cogerh] já vem trabalhando com a gente nesse projeto e já entende como funciona essa metodologia, a gente já conversou bastante da apresentação disso dentro do portal hidrológico e como a Cogerh vai poder utilizar essas informações”, explica Guimarães.

O próximo passo para que isso ocorra, porém, não está nas mãos de nenhuma das estatais, mas sim com o Institut de Recherche pour le Développement (IRD), entidade francesa responsável por administrar as imagens geradas pelo satélite.

As áreas onde estão os 13 açudes monitorados passaram por uma melhoria de imagem, concedida à Funceme pelo IRD, para possibilitar a implementação da técnica de sensoriamento remoto. A negociação agora é para que esse ajuste nas imagens seja realizado para todo o Ceará, possibilitando a universalização do serviço em território local.

“A gente está dependendo da liberação dessas imagens para poder aplicar para todo o estado. Aí sim vamos ter condições de disponibilizar no portal hidrológico para todos os reservatórios que hoje estão sendo monitorados pela Cogerh”, pontua a pesquisadora.

A expectativa é de que, diante dos resultados obtidos e comprovada a importância do monitoramento, “não muito longe” todo o estado esteja coberto com a melhoria de imagens, ressalta Guimarães.

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Na avenida Domingos Olímpio, no bairro Farias Brito, semáforos apresentaram instabilidade após as chuvas
Na avenida Domingos Olímpio, no bairro Farias Brito, semáforos apresentaram instabilidade após as chuvas

Jardim, no Cariri, registrou o maior acumulado de chuvas desde 1972

O Ceará registrou chuva em 40 municípios entre às 7 horas de segunda-feira, 20, e às 7 horas desta terça-feira, 21. A cidade de Jardim (220 mm), na região Cariri, localizada a 585, 04 km de Fortaleza, registrou o maior acumulado diário e o maior volume já registrado município desde 1972, conforme levantamento da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). 

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), publicou um aviso de chuvas intensas para cinco municípios do Estado. 

Conforme a previsão do tempo da Funceme, a tarde será de estabilidade em quase todas as macrorregiões, exceto no setor oeste do Sertão Central e Inhamuns, onde há alta possibilidade de chuva isolada. À noite, há alta possibilidade de chuva isolada no sul da macrorregião Jaguaribana.

Nas redes sociais, internautas compartilharam imagens da cidade durante a precipitação.

Confira os maiores acumulados da série histórica do município de Jardim:

No Sertão Central e Inhamuns, a cidade de Potengi registrou um acumulado máximo de 128mm. Na região do Cariri, o município de Caririaçuo acumulado máximo chegou a 89 mm, no posto Vila Feitosa. As cidades de Araripe (76 mm), Jati (72 mm) e Porteiras (51 mm) também tiveram acumulados acima dos 50 mm.

Confira os maiores acumulados de chuva nesta terça-feira, 21:

  • Jardim (Sítio Bonsucesso): 220 mm
  • Jardim (Serra Brejinho): 150 mm
  • Potengi (Vila Alecrim): 128 mm
  • Potengi (Potengi): 115 mm
  • Caririaçu (Vila Feitosa): 89 mm
  • Araripe (Brejinho): 76 mm
  • Jati (Sítio Macapá): 72mm
  • Porteiras (Sítio Saco): 51 mm
  • Ipaumirim (Ipaumirim): 49,4 mm
  • Caririaçu (Caririaçu): 49 mm
  • Nova Olinda (Nova Olinda): 44 mm
  • Tarrafas (Tarrafas): 40 mm

Semáforos de Fortaleza apresentam instabilidade após chuvas

Em Fortaleza, o maior acumulado de chuva registrado até às 8 horas desta terça-feira, 21, foi de 0,6mm, no posto Caça e Pesca.

Apesar do baixo acumulado de chuva, moradores relataram instabilidades em alguns semáforos da cidade após a precipitação.

Na avenida Domingos Olímpio, no bairro Farias Brito, imagens mostram semáforos piscando e outros apagados. Situação semelhante foi registrada nas avenidas Aguanambi, no bairro José Bonifácio, e Antônio Sales, no bairro Joaquim Távora.

A Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania de Fortaleza (AMC) informou, em nota, que técnicos estão trabalhando para restabelecer o funcionamento de semáforos que apresentam instabilidade.

Segundo a pasta, a maior parte do problema foi causada por falhas no equipamento e oscilações no fornecimento de energia elétrica. Para minimizar os impactos no trânsito, agentes e orientadores de tráfego também estão nas ruas auxiliando os condutores em trechos de maior conflito veicular.

A AMC reforça a importância de seguir a regra geral de circulação prevista no artigo 29 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB): em caso de trânsito por fluxos de veículos que se cruzem em local não sinalizado, a preferência de passagem será do veículo que vem pela direita.

A população pode comunicar instabilidade semafórica diretamente à AMC por meio do número 190, da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS).

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